Pela segunda vez, nos seus 49 anos de história, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) verá sua comunidade acadêmica reunida para debater e tomar posição sobre um tema que afetará diretamente a sua existência. Nessa terça-feira, 05/11, às 9h, estudantes, técnicos administrativos e professores de todos os campi se reunirão no Ginásio de Esportes para dialogar e tomar posição com relação aos cortes de recursos e ao Future-se.
Desde o início do segundo semestre letivo de 2019, no começo de outubro, a comunidade acadêmica está mobilizada para a realização da assembleia. Nos últimos dias, o trabalho de conscientização se intensificou, com a distribuição de materiais informativos, visitas em sala de aula e abordagens por toda a instituição.
“Nós tivemos um ano dificílimo na universidade. Tivemos corte de luz, de bolsas, greve do pessoal da segurança e da limpeza. É urgente discutir esses cortes, entender a universidade e saber o rumo que vamos tomar. Também deveremos nos posicionar contra o Future-se que, entre outras coisas, pretende privatizar a universidade de uma maneira velada, alugando seus prédios e transformando o MEC num fundo de investimentos. É hora da UFMT se juntar a imensa maioria das universidades brasileiras que já disseram não a esse programa”, afirma o diretor geral da Associação dos Docentes (Adufmat-Ssind), Aldi Nestor de Souza.
A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos (Sintuf-MT), Luzia Melo, lembra que as demais universidades brasileiras têm se manifestado contrárias ao projeto. “Mais de 40 universidades, seja por Assembleia Universitária ou por meio dos conselhos deliberativos, já manifestaram posição contrária a esse programa do governo Bolsonaro, que torna as universidades públicas reféns o capital privado. Este é um caminho ruim para educação superior brasileira”, afirmou.
Até o momento, nenhuma das 63 universidades federais do país demonstrou disposição para adotar o Future-se.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) também está mobilizado, convocando sua base. “É extremamente importante que a gente compareça para nos posicionarmos contra os cortes na educação e os projetos futuros que visam a privatização da universidade pública”, destaca a coordenadora do DCE, Sara Marques.
A única assembleia universitária realizada na UFMT para um debate como este foi há 18 anos. “Nesse formato, nós tivemos apenas uma assembleia universitária, em 2001, para discutir as fundações”, diz o professor José Domingues, da Faculdade de Geociências que, à época, dirigia a Associação dos Docentes.
Na quarta-feira (06), os três conselhos superiores devem decidir, formalmente, quais serão os rumos que a universidade tomará frente à ofensiva dos governos, que fragilizaram as instituições de ensino superior reduzindo os recursos destinados a elas desde 2014. A expectativa é que juntos, Conselho Universitário (Consuni), Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) e Conselho Diretor ratifiquem a decisão da assembleia geral universitária desta terça-feira.