O UFC 245, que acontece neste sábado em Las Vegas (EUA) tem tudo para ser um evento histórico e inesquecível. Com três disputas de cinturões – Kamaru Usman x Colby Covington no peso-meio-médio, Max Holloway x Alexander Volkanovski no peso-pena e Amanda Nunes x Germaine de Randamie no peso-galo feminino – o evento ainda terá a estreia de José Aldo no peso-galo enfrentando o também brasileiro Marlon Moraes após toda uma carreira no peso-pena.
O Combate e o Combate Play transmitem o UFC 245 ao vivo, na íntegra e com exclusividade neste sábado. O SporTV e o Combate.com transmitem as duas primeiras lutas do card preliminar, e o site acompanha todo o torneio em Tempo Real.
Em apenas uma ocasião o UFC realizou um evento no qual foram postos em disputa três títulos mundiais: na edição de número 217, realizada em 4 de novembro de 2017 no Madison Square Garden, em Nova York. Na ocasião, Joanna Jedrzejczyk, Cody Garbrandt e Michael Bisping colocaram em disputa, respectivamente, os cinturões do peso-palha, peso-galo e peso-médio contra Rose Namajunas, TJ Dillashaw e Georges St-Pierre. E, de forma espetacular, os três desafiantes deixaram o octógono consagrados como novos campeões.
Rivalidade sem limites
Na luta principal deste sábado, uma rivalidade que beira o ódio apimentará a disputa do cinturão dos pesos-meio-médios. De um lado o nigeriano Kamaru Usman, que foi campeão do TUF 21 e venceu todas as suas dez lutas no UFC – seu cartel é de 15 vitórias e apenas uma derrota na carreira. Do outro, o falastrão e polêmico americano Colby Covington, que é ex-campeão interino da categoria e possui um cartel idêntico ao do seu adversário – a diferença é que Covington perdeu sua única luta já no UFC, para o brasileiro Warlley Alves, e vem de sete vitórias seguidas.
A guerra de nervos entre os dois atletas vem do TUF 21, vencido por Usman de forma dominante. Aquela edição do reality show teve uma disputa de academias: American Top Team, da qual Covington fazia parte, e Blackzilians, de Usman. O americano acusa o nigeriano de ter sido pouco humilde durante a disputa, e depois passado a evitar enfrentá-lo. Já Usman diz que pretende vingar todos que foram ofendidos por Covington em sua caminhada rumo à disputa do cinturão (entre eles, os brasileiros, chamados pelo americano de “animais imundos”, entre outras grosserias).
Após diversos episódios de trocas de farpas e até tentativas de agressão física por parte de Usman, que cruzou com Covington em um restaurante em um hotel em Las Vegas e teve de ser contido pela segurança, os dois lutadores passaram a não esconder a raiva que um tem pelo outro.
Já Usman, mesmo afirmando não ter ódio pelo rival, deixou claro que sua intenção não é apenas vencer a luta, mas principalmente ferir e humilhar o americano.
– Ódio é uma palavra forte. Nunca fui ensinado a odiar e nem a ter ódio no meu coração. Mas o detesto, muito. Eu vejo a falta de respeito que ele tem pelas pessoas, as coisas que ele diz, e não tenho isso na minha vida. Eu detesto esse cara de verdade. Estou falando muito sério, não é brincadeira. Eu adoraria castigá-lo por quatro rounds e meio, e depois nocauteá-lo de forma brutal.
Respeito e autoconfiança nos penas
Max Holloway defende o cinturão peso-pena contra Alexander Volkanovski no UFC 245 — Foto: Getty Images
– O bonito do MMA é você ter sempre que responder as questões que cada adversário traz para dentro do octógono. Alex é um grande lutador, com um cartel respeitável, mas vai ter que provar que consegue tirar o meu cinturão. Estou confiante e contando com o apoio dos torcedores havaianos, canadenses e até brasileiros, que eu sei que torcerão por mim.
– Eu sou um lutador completo. Tenho força, poder de nocaute, jogo de chão e muito foco. Nada tira a minha concentração. Não estou sendo convencido, apenas tenho uma grande autoconfiança nas minhas habilidades e na minha mente. Tenho muitas formas de evitar ser encurralado por Holloway. Espero que não seja uma luta chata, e não tiro da minha cabeça que vencerei no terceiro round. Mas, se ele for duro como pareceu ser nas suas lutas, é possível que a decisão vá para os juízes, e eu vencerei do mesmo jeito.
Cordialidade na revanche feminina
O clima não poderia ser mais ameno na disputa do cinturão peso-galo feminino entre Amanda Nunes e Germaine de Randamie. A brasileira, campeã peso-galo e peso-pena da organização, mostrou muita tranquilidade e confiança durante toda a semana em Las Vegas. Mesmo reconhecendo o valor da holandesa, a “Leoa” relembrou que já a derrotou em 2013.
Amanda Nunes e Germaine de Randamie se enfrentam pelo cinturão peso-galo no UFC 245 — Foto: Getty Images
De Randamie, por sua vez, acredita ser a lutadora mais perigosa para a campeã no momento.
– Não tenho medo de receber golpes ou de ser nocauteada. Sempre treinei com homens, e já lutei contra um lutador 40kg mais pesado que eu. Sei que tenho poder de nocaute, e não vou cometer os erros que cometi em 2013. Antes eu era uma lutadora de kickboxing atuando no UFC. Hoje eu luto MMA. Amanda é a melhor lutadora do mundo hoje. E é exatamente por isso que, com muito respeito a ela, eu vou enfrentá-la e vou buscar a vitória.
A reinvenção da lenda
Quando disse que desceria do peso-pena para o peso-galo para enfrentar Marlon Moraes, o número um do ranking mundial, José Aldo teve contra si toda a desconfiança de fãs e até de lutadores. A dificuldade que tinha para bater o peso na categoria que dominou por anos era o principal indicativo do que o esperava no peso de baixo. Mas Aldo se reinventou. Passou a seguir à risca as orientações de médicos e nutricionistas – pela primeira vez na vida fez dieta – e surpreendeu a todos ao cravar 61,7kg, limite do peso-galo, aparentando estar mais saudável do que em muitas pesagens no peso-pena.
Marlon Moraes e José Aldo fazem uma encarada dura na pesagem cerimonial do UFC 245 — Foto: Getty Images
– Eu nunca deixei de bater o peso. Sou profissional, e disse a vocês que estava me sentindo bem. Agora terei pela frente um lutador muito bom, perigoso e que estará defendendo o seu lado. Marlon é um garoto muito bacana, que eu conheço há muito tempo. Tem velocidade, chutes perigosos e força. Mas eu estou me sentindo melhor do que no peso-pena, mais forte e mais saudável. Se eu vencer essa luta, serei o campeão mundial. Podem escrever – disse Aldo.
Marlon Moraes sempre pregou o respeito a José Aldo, pela sua carreira e pelo que representa para o esporte. Mesmo considerando o rival uma lenda, o lutador garante que não entrará no octógono pressionado por ter diante de si um ídolo.
Mais brasileiras em ação
Além de Amanda Nunes, outras duas brasileiras se apresentarão no UFC 245. A peso-galo Ketlen Vieira, invicta em dez lutas na carreira, terá pela frente a mexicana Irene Aldana. Já a peso-mosca Vivi Araújo fará sua terceira luta em 2019 contra a americana Jessica Eye, ex-desafiante ao cinturão da categoria e que foi a única lutadora a não bater o peso para o evento – ficou 2,2kg acima do limite da divisão e acabou multada em 30% da sua bolsa, com o valor sendo revertido para a brasileira.
UFC 245
14 de dezembro, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL (1h, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Kamaru Usman x Colby Covington
Peso-pena: Max Holloway x Alexander Volkanovski
Peso-galo: Amanda Nunes x Germaine de Randamie
Peso-galo: Marlon Moraes x José Aldo
Peso-galo: Petr Yan x Urijah Faber
CARD PRELIMINAR (20h15, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Geoff Neal x Mike Perry
Peso-galo: Ketlen Vieira x Irene Aldana
Peso-médio: Ian Heinisch x Omari Akhmedov
Peso-meio-médio: Matt Brown x Ben Saunders
Peso-pena: Chase Hooper x Daniel Teymur
Peso-mosca: Brandon Moreno x Kai-Kara France
Peso-mosca: Jessica Eye x Vivi Araújo
Peso-médio: Punahele Soriano x Oskar Piechota
(Globo Esporte)