A logística de transporte é que impede mesmo o crescimento da agroindústria no estado? Talvez seja tempo de mudar esse discurso.
A agroindústria é forte alternativa da economia do estado. Não se pode ser eternamente exportador de produtos in natura. Um resfriado na China daria pneumonia em MT. Um estado que produz quase 70% do algodão do país não tem uma fábrica nem de fio. Com pelo menos uma se poderia pensar em tecidos e também em confecção. MT abate mais de cinco milhões de cabeças de gado por ano, com tanto couro não se tem nada de produção industrial nessa área também.
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A culpa mais constante que se aponta sobre esse não crescimento da agroindústria estaria na logística de transporte. Mas o que se tem hoje não dá para, em algumas regiões, crescer ali uma agroindústria?
No Sul do estado, como primeiro exemplo, se tem a ferrovia que vai para o litoral brasileiro. De lá vem produtos industrializado para o estado. Porque não poderia ir, a partir de Rondonópolis, produtos de uma agroindústria para o sudeste do país e até o exterior?
Outro polo no Oeste do estado a partir da ZEP e usar a Hidrovia Paraguai-Paraná. Tem um porto pequeno em Cáceres, mas existem trabalhos em dois outros na mesma hidrovia. Um em Barranco Vermelho para dois milhões de toneladas para inicio de funcionamento em 2022. Outro em Paratudal com inicio para 600 mil toneladas em 2021. Ir crescendo sua tonelagem cada ano até atingir cinco milhões de toneladas. Presta atenção: estão sendo construídos e entram em ação naquelas datas.
No Nortão do estado, não daria para ser criado um polo agroindustrial também? Aproveitar a rodovia 163, ir para os portos do sul do Pará em Miritituba e daí para o Brasil e exterior?
São três regiões em que a desculpa de falta de transporte não pega mais. É tempo de sair desse tipo de conversa e ir em frente.
Governo, Fiemt, entidades patronais do agro, poderiam criar um lugar de estudos e informações sobre as possibilidades e alternativas da agroindústria no estado. Uma espécie de banco de dados com informações em português, inglês, espanhol ou outras línguas.
Em que qualquer investidor de qualquer lugar do mundo tivesse todas as informações sobre a economia, incentivos fiscais, produção econômica, logística de transporte e os tantos eteceteras que poderiam fazer parte desse banco de dados.
Seria também o momento de ir atrás de investidores no Brasil e no exterior. O Brasil vai fazer parte da União Europeia. Uma das áreas mais apetitosas para entrar naquela integração é a da agroindústria. Por que não buscar investidores de lá?
China e EUA estão num enfretamento forte na América do Sul. Por que MT não tirar proveito disso e busca investimentos deles na agroindústria? Não esquecer ainda a alternativa através das cooperativas. No Paraná funcionou, por que não tentar aqui também?
É tempo de deixar o complexo de inferioridade e mostrar em qualquer lugar a potencialidade do estado para a agroindústria.
*ALFREDO DA MOTA MENEZES é professor universitário aposentado e analista político em Mato Grosso.
E-mail: pox@terra.com.br
Site: www.alfredomenezes.com