A transparência na gestão de recursos das entidades esportivas no Brasil foi tema, nesta segunda-feira, do SIGA Integrity Week, evento mundial online que debate a integridade no esporte. Mediado pelo apresentador do SporTV Marcelo Barreto, o webinar abordou o uso da ferramenta “Rating Integra”, cujo objetivo é fazer um ranking de confiabilidade das confederações sob os pilares de integridade, transparência e boa governança.
Com a participação de integrantes dos Comitês Olímpico e Paralímpico do Brasil, do Pacto pelo Esporte e do Instituto Ethos, o objetivo foi mostrar como o “Rating Integra” pode ajudar na relação entre patrocinadores e entidades esportivas. A inciativa surgiu com o Pacto pelo Esporte, um acordo voluntário entre empresas patrocinadoras do esporte nacional, que define regras e mecanismos nas relações entre investidores, confederações, federações e clubes.
– É uma iniciativa que tem como propósito mudar práticas no mercado esportivo. Foi positivo o diálogo entre as entidades esportivas e patrocinadores. Quanto mais construirmos boas referências, mais clareza vamos ter aos novos padrões e mais adesão também – disse Ana Lucia de Melo, diretora do Instituto Ethos. A organização independente criou a metodologia que avalia as entidades.
Webinar sobre transparência no esporte brasileiro durante semana do evento SIGA Integrity Week — Foto: Reprodução
O ranking funciona como um termômetro para que práticas sejam aprimoradas nas entidades em busca de melhor gestão e transparência com os recursos.
Coordenador de projetos especiais do CPB e participante do webinar, Daniel Romanello falou da importância do planejamento em conjunto com as confederações associadas ao comitê em busca de melhoria.
– Se a gente não tiver planejamento em conjunto com as confederações, o comitê não tem resultado. É um caminho sem volta. A partir do momento em que você começa a se auto-avaliar, você está buscando melhoria, pensando em como subir a sua nota. Ainda que seja empresa de pequeno porte, o processo do rating veio pra ficar e abre diálogo – comentou o representante do comitê paralímpico.
Natação paralímpica – Comitê Paralímpico Brasileiro é uma das entidades envolvidas — Foto: Comitê Paralímpico Brasileiro
Em 2017, o COB criou o Programa Gestão, Ética e Transparência (GET), uma iniciativa para aprimorar a gestão das 34 confederações que são associadas ao comitê. A boa avaliação neste ranking permite mais repasse de recursos provenientes do COB. Em 2020, o custeio de avaliação para o “Rating Integra” será coberto pelo COB.
– Nosso desafio é recuperar o patrocínio de empresas privadas e poder ter mais recursos para conseguir pensar em inovação e outros assuntos além de gestão – citou Paula Neri, coordenadora do programa GET.
Outras iniciativas para capacitar os profissionais que trabalham nas entidades esportivas, além das que se referem à gestão financeira e de recursos, também fazem parte do GET. Em 2021, por exemplo, será lançado um curso sobre enfrentamento ao racismo.
Com corte nos recursos públicos e falta de planejamento a longo prazo por parte do Governo Federal, a diretora-executiva Daniela Castro chamou a atenção para a importância da boa governança nas entidades.
– A lei do esporte criada em 2013 foi importante para o início ao movimento de integridade, mas não vivemos o melhor momento. O que seria papel do Governo Federal de um planejamento a longo prazo não existe atualmente e fica evidente como o setor precisa atuar ainda mais. Pelo lado do Pacto, estamos falando com empresas que nunca patrocinaram o esporte para que patrocinem, falar como o esporte é importante. É uma coalizão – concluiu. (Globo Esporte)