Por Bruna Ghetti
Nesta semana, li uma pesquisa que revelou que 47% das mulheres brasileiras relatam algum tipo de efeito negativo no ambiente de trabalho durante a menopausa. Entre os relatos mais comuns estão a redução da produtividade (26%), a discriminação explícita (9%) e o medo de falar sobre o assunto com colegas ou gestores (17%). Esses números refletem não apenas os desconfortos físicos, mas também o peso do estigma social.
O estudo foi encomendado pela farmacêutica Astellas e divulgado pela Folha de São Paulo. A menopausa é uma fase inevitável na vida de todas as mulheres, marcada pela interrupção da menstruação e por mudanças hormonais que afetam tanto o corpo quanto a mente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de brasileiras estão vivendo essa fase, representando quase 7,9% da população feminina.
Embora seja um processo natural, muitas vezes ele chega acompanhado de sintomas incômodos, como ondas de calor, insônia, alterações emocionais e dificuldade de concentração. No ambiente de trabalho, esses sintomas podem se transformar em verdadeiros obstáculos, impactando diretamente o desempenho e a autoconfiança das mulheres, já que o estigma em torno da menopausa vai além dos sintomas físicos.
Muitas delas relatam que colegas e superiores as enxergam como menos produtivas ou até mesmo incapazes de continuar contribuindo de forma eficiente. Além disso, a mesma pesquisa mostrou que apenas 29% das brasileiras se sentem confortáveis para conversar sobre o tema com seus gestores imediatos. Isso demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer para criar ambientes corporativos mais acolhedores e inclusivos.
Para mudar essa realidade, é fundamental que as empresas reconheçam a importância de apoiar suas funcionárias nessa fase. Capacitar gestores para entender os impactos da menopausa no cotidiano pode fazer toda a diferença. Além disso, garantir acesso a informações sobre saúde e promover diálogos abertos sobre o tema são medidas simples que podem transformar a experiência profissional dessas mulheres.
É crucial lembrar que a menopausa não deve ser vista como um ponto final, mas sim como uma nova fase repleta de possibilidades. Com informação adequada, empatia e políticas de apoio, é possível criar um ambiente onde as mulheres se sintam valorizadas e respeitadas em todas as etapas da vida. O mercado ainda precisa desses profissionais e, quando há investimentos no bem-estar delas, todos saem ganhando.
Drª Bruna Ghetti é médica ginecologista, referência em saúde íntima e longevidade da mulher
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