A arqueologia subaquática continua a impressionar os pesquisadores e os seus entusiastas. A mais nova descoberta é uma tigela encontrada nas profundezas do Lago Biwa, no Japão, nas ruínas subaquáticas de Tsuzuraozaki, a 64 metros abaixo na superfície. Divulgado pelo site Ancient Origins nesta terça-feira (9), o achado notavelmente intacto e bem conservado data mais de 10 mil anos.
A tigela de 25 centímetros de altura é o artefato mais antigo já encontrado no sítio arqueológico subaquático de Tsuzuraozak. Pesquisadores o identificaram como uma cerâmica do estilo Jinguji devido a sua base pontiaguda e aos padrões nele gravados.
A descoberta soma-se às 200 peças de cerâmica recuperadas no sítio ao longo do último século, abrangendo períodos que vão do Jomon ao Heian, em profundidades que variam entre 10 e 70 metros.
Pré-história no Japão
O artefato pertencia ao período Jomon (14.500 a.C. – 1.000 a.C.), uma das culturas pré-históricas mais notáveis do mundo. Predominantemente formada por caçadores-coletores, a sociedade dessa época desenvolveu uma sofisticada tecnologia cerâmica.
Arqueólogos observaram que a cerâmica no estilo Jinguji – como a encontrada no Lago Biwa – é caracterizada por bases pontiagudas, contornos suaves e padrões gravados sutis. Estas características são reflexo de alguns dos primeiros experimentos com tecnologia de argila queimada no Japão pré-histórico.
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Mas, para além da euforia da descoberta, os cientistas se espantaram com o notável estado de conservação da tigela. Enquanto os artefatos encontrados em terra geralmente sofrem fragmentação e erosão, as descobertas subaquáticas tendem a permanecer protegidas por milênios.
A Era da arqueologia subaquática
A descoberta do artefato também traz marcas positivas para os avanços tecnológicos na área da arqueologia, sobretudo a subaquática. Antes considerados inacessíveis, os sítios abaixo d’água têm sido cada vez mais explorados e, como consequência, novos registros – muitos deles datados antes até da criação e do uso de registros escritos – têm sido encontrados.
A tigela de cerâmica foi localizada com veículos subaquáticos autônomos desenvolvidos pela organização de proteção ambiental Biwako Trust. Os equipamentos têm um sofisticado sistema de escaneamento 3D, composto por quatro câmeras sincronizadas.
Segundo os especialistas, a tecnologia produziu dados com qualidade próxima a normalmente obtida por mergulhadores. Confira o vídeo registrado pelas câmeras:
Quando inseridos no contexto das escavações subaquáticas, esses avanços tecnológicos permitem que os pesquisadores cheguem a profundidades consideradas perigosas ou impossíveis de serem exploradas com segurança por seres humanos.
Os scanners subaquáticos mapearam uma seção de 200 por 40 metros do leito do lago. O levantamento – solicitado pelo Instituto Nacional de Pesquisa de Bens Culturais de Nara e pelo governo da província de Shiga – resultou na descoberta de uma antiga embarcação e de seis vasos de cerâmica datados com mais de 1.500 anos.
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Apesar das descobertas esporádicas já acontecerem há um século, desde 1924, continua a ser um mistério para os pesquisadores como essas antigas embarcações, em específico, foram parar no leito do lago.
Entre as possíveis explicações, especialistas sugerem que elas eram depósitos rituais oferecidos a divindades da água. Outras explicações incluem assentamentos à beira do lago perdidos devido à subsidência geológica, movimentos de terra relacionados a terremotos ou comunidades pesqueiras gradualmente submersas pela elevação do nível da água durante a transição da última Era Glacial.
(Por Júlia Sardinha)


