As declarações de John Textor, dono da SAF do Botafogo, continuam gerando novos capítulos. Após o norte-americano afirmar que havia um relatório de investigação de um jogo do Palmeiras em 2022, o clube paulista soltou uma nota de repúdio ao executivo nesta segunda-feira e anunciou que tomará medidas legais.

Veja a nota do Palmeiras:

“A Sociedade Esportiva Palmeiras informa que tomará todas as medidas legais cabíveis – nas esferas civil, criminal e esportiva – contra o dono da SAF do Botafogo, John Textor, para que ele responda pelas declarações irresponsáveis e levianas que, recorrentemente, têm envolvido o nome do atual bicampeão brasileiro.”

O norte-americano, porém, não vai responder ao time paulista. Pelo contrário: internamente, a postura será de praticamente ignorá-lo. Caso uma intimação processual chegue, o executivo se posicionará via advogados.

Textor teve conhecimento da nota do Palmeiras. O norte-americano revisou rapidamente alguns pontos e seguiu o dia. A segunda-feira foi focada praticamente em enviar a carta de resposta ao STJD, que abriu investigação contra as declarações que ele deu recentemente sobre supostas manipulações de resultados no futebol brasileiro.

Internamente, já era esperado que as últimas declarações pudessem gerar um descontentamento no Palmeiras. O dono da SAF Botafogo, porém, não procurou a presidente Leila Pereira ou algum outro representante do clube paulista para falar sobre o assunto.

Este posicionamento é baseado, no entender de Textor, em não ter acusado o Palmeiras de ter participado das supostas manipulações. Em contato com o ge, representantes do empresário se pronunciaram sobre a nota do Palmeiras:

– O público deve ser lembrado de revisar o vídeo publicado em seu site pessoal (John Textor), em que clarifica que não houve acusação direta ao Palmeiras. Não há questão para ser discutida na imprensa, já que todas as partes acusadas estão sob sigilo de processo e suas identidades devem permanecer confidenciais, sendo reveladas apenas pela CBF e procuradores federais.

Relembre o caso

Tudo começou na última quarta-feira. Em entrevista após a vitória contra o Bragantino, pela Conmebol Libertadores, Textor afirmou ter “gravações de juízes reclamando de não terem recebido propinas combinadas”. No sábado, o norte-americano divulgou um vídeo em seu próprio site dando um contexto maior.

Entre vários assuntos, Textor afirmou que recebeu a gravação de um “funcionário da CBF” e que o jogo em questão era de “divisão menor”. Ao falar sobre a denúncia, o norte-americano disse que, quando foi fornecer as provas aos órgãos responsáveis, deu de encontro com uma investigação de manipulação do jogo Palmeiras 4 x 0 Fortaleza, pelo Brasileirão de 2022 – o time paulista entrou em campo já campeão brasileiro.

– As pessoas falam de corrupção o tempo todo e colocam jogadores no meio porque é mais fácil. Primeiro, alguém foi pago para levar um cartão amarelo, não é nem ilegal. As pessoas descobrem, eles se desculpam. Na época daquela gravação eu estava nas mãos do governo e tinha um relatório de manipulação, isso também tinha sido produzido. Acredito que tinha sido produzido e já fornecemos evidência disso para o tribunal. O relatório da manipulação de resultados é relacionado a um jogo que terminou em 2022, era um jogo do Palmeiras. Parece que o Palmeiras não estava envolvido. Era Palmeiras contra Fortaleza. Essa prova foi enviada à CBF, eu não sei quem recebeu a prova na CBF, eu não estou alegando que isso foi recebido pela CBF. Eu não estava envolvido. Eu tenho provas de manipulação de resultado e agora nós analisamos anos anteriores do Botafogo estar envolvido. Os piadistas falam da gente estar chorando… Eu pareço estar chorando? Estou dando o meu melhor para ajudar. Essa empresa estava aqui antes da gente, analisando jogos antes da gente. Casas de apostas perdem dinheiro com manipulação de resultados, por que os contratam? Eles não podem consertar isso, então não querem perder dinheiro. Eu suspeito que existem empresas assim porque eles querem mandar nas odds, no valor dos palpites, para ajudar o risco no jogo. Um time com manipulação constante, e não estou falando do Palmeiras, mas falando do conceito… Se tem um time com muita atividade de apostas, muita coisa estranha, esses caras sabem. Eles não vão na imprensa, eles comandam o negócio ou tentam comandar um negócio. É isso que as nossas provas mostram.

John Textor, dono da SAF do Botafogo, no jogo contra o Palmeiras — Foto: André Durão

John Textor, dono da SAF do Botafogo, no jogo contra o Palmeiras — Foto: André Durão

Na ocasião, a equipe alviverde entrou em campo como campeã nacional devido a uma combinação de resultados anterior ao jogo. No Allianz Parque, Rony fez dois gols, enquanto Dudu e Endrick completaram o placar.

– As pessoas que estamos indo atrás não são jogadores do Palmeiras. Não tem um jogador do Palmeiras envolvido na manipulação de resultados nas nossas pesquisas nos jogos do Palmeiras. Não tem nenhum funcionário, que a gente saiba, na liderança da instituição, nem o treinador e nem ninguém do Palmeiras que acreditamos estar envolvido na manipulação dos jogos do Palmeiras. Essa é uma batalha pela alma do nosso esporte e precisamos estar juntos – afirmou. (GE)