Os mais supersticiosos dirão que o beijo deu sorte. A conexão de ídolo para ídolo com o selinho de Tevez em Diego Maradona antes de a bola rolar era um presságio. Pois foi dos pés do atacante e capitão do Boca Juniors que saiu o gol da vitória por 1 a 0 em cima do Gimnasia La Plata. E saiu também o título do Campeonato Argentino.

Em uma última rodada emocionante, a equipe de Carlitos roubou o título do rival River Plate no instante final. O time de Marcelo Gallardo, líder em quase todo o campeonato, empatou por 1 a 1 com o Atlético Tucumán fora de casa. Ficou com 47 pontos e viu os xeneizes chegarem aos 48 e conquistarem o 34º título argentino.

O título é uma redenção para uma torcida que passou por dois grandes traumas recentes diante de seu maior rival: as derrotas na final da Libertadores de 2018 e na semifinal do torneio continental do ano passado.

Mais que isso. O Campeonato Argentino era uma obsessão para Marcelo Gallardo, que ainda não o conquistou desde que assumiu o Millonario, em junho de 2014. O treinador tem 11 títulos à frente do clube. E segue sem vencer a liga nacional.

O River Plate chegou às duas últimas rodadas com três pontos de vantagem para o rival. Mas empatou seus dois últimos jogos. O Boca venceu suas duas últimas partidas e ultrapassou o time de Núñez.

O selinho de Tevez em Maradona antes do jogo — Foto: Juan Ignacio Roncoroni/Reuters

O selinho de Tevez em Maradona antes do jogo — Foto: Juan Ignacio Roncoroni/Reuters

Emoção em 90 minutos

Foram 90 minutos de apreensão no Monumental José Fierro, em San Miguel de Tucumán, e na Bombonera, em Buenos Aires. Os dois únicos candidatos ao título entraram em campo na mesma hora. O empate em ambas as partidas dava o título ao River Plate.

Aos 18 minutos da primeira etapa, Toledo abriu o placar para o Tucumán, de cabeça, ao aproveitar um bom cruzamento da direita. Com o triunfo parcial do Decano diante do River e o empate na Bombonera, a decisão do título iria para um jogo extra, em campo neutro.

Jogadores do Boca Juniors comemoram o título argentino — Foto: Marcos Brindicci/Getty ImagesJogadores do Boca Juniors comemoram o título argentino — Foto: Marcos Brindicci/Getty Images

Jogadores do Boca Juniors comemoram o título argentino — Foto: Marcos Brindicci/Getty Images

No entanto, ainda na primeira etapa, o Millonario empatou. Matías Suárez aproveitou cruzamento de Casco da esquerda e também testou para as redes. O 1 a 1 voltava a dar a taça para o River Plate.

Aos 27 minutos do segundo tempo em Buenos Aires, Tevez recebeu de Villa na entrada da área e, com um forte chute, fez o seu sexto gol nos últimos cinco jogos. O gol do título. O River pressionou, quase fez o segundo com Suárez, mas ouviu o apito final com a frustração de um vice-campeonato improvável.

River ainda é o maior campeão

O Boca Juniors conquistou seu quarto título dos últimos seis anos, o 34º na história. O River Plate ainda é o maior campeão argentino, com 36 conquistas. No entanto, o Millonario não é campeão da liga nacional desde o torneio final de 2014, antes da chegada de Gallardo.

Emocionado, Marcelo Gallardo consola o zagueiro Martínez Quarta após o empate e a perda do título do River Plate — Foto: Marcelo Endelli/Getty ImagesEmocionado, Marcelo Gallardo consola o zagueiro Martínez Quarta após o empate e a perda do título do River Plate — Foto: Marcelo Endelli/Getty Images

Emocionado, Marcelo Gallardo consola o zagueiro Martínez Quarta após o empate e a perda do título do River Plate — Foto: Marcelo Endelli/Getty Images

Campeão da Libertadores em 2007, o técnico Miguel Angel Russo conquista seu segundo título à frente do Boca. Ele, no entanto, comandou apenas em sete das 23 partidas do Campeonato Argentino, com seis vitórias e um empate. Russo substituiu Gustavo Alfaro, que deixou o clube no final de 2019.

Com Russo, Tevez virou titular absoluto. Começou desde o início em todos seus seis jogos e marcou seis gols. Antes, era reserva. Sob o comando de Alfaro, o ídolo do Boca Juniors jogou 10 vezes, quatro como titular.

Así quedó la tabla histórica de títulos locales 🇦🇷🥇

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Y así quedó la de títulos totales 🌎🥇

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Copa da Superliga define vagas na Libertadores e rebaixamento

As regras para a definição dos classificados para a próxima Libertadores mudaram neste ano. Campeão da Superliga, o Boca é o único com vaga garantida em 2021. Os três classificados restantes sairão da tabela final, obtida com os resultados da fase grupos da Copa da Superliga, que terá início no próximo fim de semana.

O campeão da Copa da Superliga e o campeão da Copa Argentina são os demais representantes na próxima Libertadores.

O rebaixamento é definido pela tabela com a média da pontuação dos últimos três anos e também só será definido com os resultados da fase de grupos da Copa da Superliga. No momento, Aldosivi, Patronato e o Gimnasia La Plata, de Diego Maradona, ocupam as três últimas posições.

De última hora, a AFA alterou as regras, e apenas duas equipes serão rebaixadas diretamente. O time com terceira pior média disputará um playoff com outra equipe que vem da Primera B Nacional, a Segunda Divisão no país.

A Copa da Superliga terá um novo formato em 2020. Na sua primeira edição, no ano passado, o torneio foi apenas em mata-mata.

Desta vez, os 24 times se dividem em dois grupos de 12 cada. As equipes se enfrentam dentro da própria chave em turno único. Os dois melhores de cada avançam para a semifinal e final, em jogos únicos. (Globo Esporte)