Há duas mudanças que se insinuam, ainda que sutilmente, na vida política. Uma restrita ao Brasil, onde o risco de uma Teocracia aparece na explícita união entre o governo Bolsonaro e a cúpula do Neopentecostalismo. Para explicar a outra mudança, esta mundial, tomo emprestado o neologismo  Infantocracia – modelo familiar atualmente muito comum onde os pais giram em torno dos filhos – transportando-o para a política.

Houve um tempo que a Grécia Antiga era governada por uma Gerontocracia, cujo radical ou elemento de composição – geront(o) – significa idoso. Não que os velhos necessariamente ocupassem cargos públicos, mas influenciavam diretamente os políticos. Parece que funcionava bem, pelo menos servia para as demandas do lugar e da época.

A Infantocracia, que é o governo dos meninos e das meninas – oposto a gerontocracia- começou nos lares nesses primeiros anos do século XXI, substituindo a antiga importância dos velhos pelo reinado das crianças.

Esta influência infantil nas casas vai aparecer, ou já está aparecendo na política. Supondo sensatez onde só há a natural garotice, os adultos aplaudem movimentos da garotada, como o que aconteceu recentemente no mundo inteiro. Este protesto mundial nasceu de uma fantasia da menina sueca Greta Thunberg – diagnosticada com Asperger – que teve uma severa depressão, provocada segunda ela, por uma aula de ciências que mostrava a situação do clima mundial.

O “trauma” tirou-lhe o apetite por vários anos e a transformou em militante ecológica porque passou a acreditar que quando chegasse à idade adulta não haveria condições climáticas para manter a vida terrena.

Vejam que um devaneio infantil, do qual já pode estar curada, transformou a menina em uma líder mundial, com assento até na ONU. Claro que agora ela vai continuar gazeando aula e aumentando a dramaticidade dos discursos.

Esse é o resultado da insensatez das famílias modernas que aceitam o jugo das crianças que não podem ser contrariadas. Como a Nação nada mais é que um ajuntamento de famílias, em pouco tempo os mimados que governam suas casas mandarão também no País.

O indesejado contraponto brasileiro para as demandas das crianças é a instalação de uma Teocracia. Analistas políticos opinam que o governo atual, diante da queda de popularidade, está procurando amparar-se em seus seguidores mais fiéis, principalmente os evangélicos.

Os sinais vindos do Presidente parecem claros: submeteu-se à unção no Templo de Salomão do bilionário Bispo Edir Macedo e convidou líderes religiosos pentecostais e neopentecostais para acompanhá-lo na comemoração do sete de setembro. Antes foi batizado no Rio Jordão, em estanho ato para quem se diz católico.

A incorporação da moral cristã como política de governo apoiada na capacidade de conquistar votos dos riquíssimos Bispos-de-Televisão é o fogo de encontro ao verdismo e ao liberalismo dos costumes que os jovens abraçam.

A julgar pela decadência da esquerda, parece que o atual risco brasileiro é a fundação de uma Teocracia amparada nos “telemilagreiros”, ou o seu oposto, a vitória da Infantocracia que está sendo cultivada nos lares e vai extrapolar para a política.

Enfim, parece que no futuro seremos governados por Teocratas puritanos, ou por Infantocratas cevados no paparico.

*RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Mato Grosso

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Presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).