Esta, definitivamente, não é uma semana comum. A Semana Santa que, por razões históricas, é sagrada para os cristãos, nos sensibiliza pelas fortes mensagens e símbolos do sofrimento, sacrifício, despedida e ressurreição. Para os judeus, a Páscoa, chamada de Pessach, também é sagrada porque representa a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito antigo. Embora tenha sido educado em colégios e universidades católicas por muitos anos da minha vida e tenha muitos amigos judeus, não é sobre religião que quero escrever hoje, mas sim sobre a importância de adotarmos novas estratégias para o maior negócio onde devemos empreender: nossa própria vida.

Recentemente, promovi mudanças na minha vida baseadas na observação do que não ia bem comigo: rotina corrida demais, muito atribulada, na qual eu parecia estar sempre em movimento acelerado, produtivo e, ao mesmo tempo, mentalmente exausto e ausente.

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Minha semana era acelerada e meus dias de descanso serviam de recuperação e preparação para as maratonas de trabalho da próxima semana. Neste ritmo, obviamente, o corpo começou a dar seus sinais: sobrepeso, sono de má qualidade, viroses e pequenas inflamações ou infecções que sempre me rondavam.

A mente também gritava. Memória ruim, paciência zero, baixa capacidade de concentração e uma inexplicável pressa a todo instante. Colocava o celular para carregar quando ele ainda tinha bateria, mas esperava a minha bateria pessoal descarregar completamente para recarregá-la.

Por trás de um aparente bom humor, tinha uma irritabilidade represada que me impedia de, por exemplo, em conversas sobre trabalho dar o tempo que meu interlocutor precisava para me contextualizar e expor seu ponto de vista. Eu era o que se convencionou chamar de “um executivo de alta performance”, ou seja, um ser humano robotizado e focado em concluir tarefas na maior velocidade possível.

Quantas vezes nas últimas semanas você, ao encontrar alguém, perguntou como as coisas andavam e teve a resposta padrão: “Corrido! Não tenho tempo pra nada!”. Você também pode ter dado esta mesma resposta algumas (ou muitas) vezes. Essa aceleração é algo característico do nosso tempo.

É fato que também conseguimos otimizar o tempo com os avanços tecnológicos. Exemplos práticos? Temos vários: trocamos o envio de cartas pelas respostas imediatas no WhatsApp, um cartão postal virou uma foto digital, temos acesso a notícias da China, de parentes distantes, de pessoas famosas, mas nem sempre sabemos o que se passa com quem está perto de nós. Nos conectamos ao mundo mas nos desconectamos do nosso entorno.

Muitas vezes dedicamos boa parte do nosso tempo preenchendo a vida virtual em detrimento da vida real. Que estratégias você utiliza para ter equilíbrio nisso? Eu ainda estou tentando e digo que não é nada fácil, mas pelo menos já comecei. A perseverança, mais do que a iniciativa, é que vai me levar à vitória que desejo.

Na minha atual rotina de trabalho tenho inserido novos estudos, visita a lugares diferentes e conversas com pessoas sobre diversos assuntos. Este exercício me deixa cada vez mais convencido de que quanto mais a inteligência artificial nos cerca e avança, mais necessárias serão as aptidões básicas, criativas e exploratórias da mente humana.

Pois bem, minha sugestão para você na Semana Santa é simples: pare um pouco, desacelere e desconecte-se das telas. A vida real é aqui e agora, e não nas lembranças do passado, na angústia do futuro ou na avalanche de informações que recebemos diariamente pelo celular. É importante saber o que acontece no mundo sim, mas mais importante ainda é estarmos conectados de verdade com os pais, filhos, amigos e vizinhos, ou seja, com as pessoas realmente próximas de nós.

Encerro minha reflexão de hoje lembrando a você para se inspirar neste período de Páscoa que tem tantos significados e, assim como os judeus, acreditar na libertação de uma rotina massacrante e, como os católicos, acreditar que é possível iniciar uma nova vida. Basta querer e agir.

Feliz Páscoa!

 

*GUSTAVO PINTO COELHO DE OLIVEIRA  é empresário em Cuiabá. Nos últimos anos, foi secretário de Estado, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e do Movimento Mato Grosso Competitivo.

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