A taxa de renovação da Câmara dos Deputados foi de 39,4% nas eleições de 2022, retornando à média histórica inferior a 40% registrada desde 1994 e abaixo dos 47,4% obtidos em 2018 –quando o índice bateu recorde.
Os cálculos são da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara e mostram que, dos 513 deputados, 202 exercerão o mandato pela primeira vez. Os reeleitos somam 294, e 17 ex-deputados voltam à Casa após um período fora da Câmara.
Entre os estados, os dados mostram que a renovação foi maior no Acre, que só teve uma deputada reeleita. No Amapá, dois parlamentares se reelegeram.
Em Minas Gerais, a renovação ficou em 28%. No estado, Nikolas Ferreira (PL) recebeu 1.492.047 votos e foi o deputado federal mais votado do país. A forte eleição do novato deixou nomes conhecidos de fora da nova legislatura, como é o caso de Júlio Delgado (PV), atualmente em seu quinto mandato seguido.
No Amazonas, o deputado mais votado foi Amom Mandel (Cidadania), de 21 anos. Ele recebeu 288.555 votos e defende propostas voltadas à sustentabilidade.
O ex-vice-presidente da Câmara Marcelo Ramos (PSD), destituído por Arthur Lira após pressão do PL de Jair Bolsonaro (PL), ficou de fora da 57ª Legislatura.
Apesar de o PL ter ganhado 23 deputados, alguns aliados de Bolsonaro ficaram de fora da nova Câmara. Coronel Tadeu (PL-SP) e Bibo Nunes (PL-RS) só conseguiram votos para suplência. Eleitos em 2018 na onda do bolsonarismo, Joice Hasselmann (PSDB-SP) e Junior Bozzella (União Brasil-SP) não conseguiram manter apoio suficiente para se reelegerem.
O PSOL de São Paulo teve realidades opostas. Por um lado, viu Guilherme Boulos ser eleito deputado com a maior votação do estado –foram mais de 1 milhão de votos. Por outro, figuras históricas, como Ivan Valente, não obtiveram o mínimo necessário para reeleição.
Também em São Paulo, o ex-ministro do Esporte Orlando Silva (PCdoB) não se reelegeu, assim como Paulinho da Força (Solidariedade), presidente de honra da Força Sindical.
Em Roraima, Joenia Wapichana, única representante indígena da atual legislatura, não se reelegeu. A bancada indígena, no entanto, terá cinco deputados autodeclarados.
Nas eleições de 2018, houve a maior renovação para a Câmara dos Deputados desde a Constituição de 1988.
Na ocasião, 47% dos parlamentares nunca haviam sido deputados federais. A onda bolsonarista de direita levou para os tapetes verdes da Casa uma leva de novatos, muitos deles com atuação concentrada nas redes sociais.
A “bancada das lives” foi registrada em imagem pelo repórter fotográfico Pedro Ladeira, da Folha, em maio de 2019, ocasião em que um grupo de parlamentares do PSL -partido pelo qual Bolsonaro se elegeu e que hoje se chama União Brasil- fazia transmissões ao vivo durante votação da retirada do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) das mãos do ministério da Justiça. À época, o Ministério da Justiça era comandado por Sergio Moro (União Brasil), agora eleito para o Senado pelo Paraná.
Apesar da grande penetração nas redes e do forte discurso de mudança e de combate ao que chamavam de “velha política”, os novatos não promoveram nenhuma mudança significativa.
A ala bolsonarista acabou se aliando posteriormente ao centrão, que representava aquilo que alguns diziam mais execrar na política. Hoje, o grupo está majoritariamente filiado ao PL de Valdemar Costa Neto.
Fonte: FOLHAPRESS