Três suspeitos de realizarem uma emboscada ao atacante Diego Tardelli, do Santos, se apresentaram, nesta sexta-feira, no 2º Distrito Policial de Santos. O caso ocorreu na madrugada de quarta-feira, no bairro Gonzaga, em Santos. O veículo do jogador foi cercado por outros quatro. Os ocupantes desceram dos carros, cercaram o automóvel do atacante santista e tentaram depredar o carro, além de realizarem ameaças a Tardelli.
O trio foi identificado por uma torcida organizada do clube, com sede em São Paulo. Eles chegaram à delegacia por volta das 15h45, junto de outros membros da torcida e dos advogados Mario Badures e Mauro Atui Neto.
Os suspeitos são proprietários dos carros que cercaram o jogador . Um quarto suspeito já foi identificado e deve se apresentar na próxima segunda-feira.
O caso é conduzido pelo delegado Rubens Eduardo Barazal Teixeira. Segundo ele, foi um trabalho conjunto de policiais de Santos com agentes do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE). O delegado disse que eles serão expulsos da torcida organizada e relatou o que foi dito pelos torcedores.
– Eles disseram que estavam indo para São Paulo. Eles passaram próximo ao CT e presenciaram alguns carros de luxo passando. Já perceberam que seriam carros de jogadores, e seguiram o Diego Tardelli, que pegou o Canal 2 (Avenida Bernardino de Campos) e eles foram seguindo, eram quatro veículos. Quando chegou na Praça Independência, fecharam o carro dele. Dentro dos carros, haviam outros torcedores, que desceram do veículo e começou todo aquele tumulto que tivemos a oportunidade de ver nas imagens que foram veiculadas. Os elementos foram identificados, estão sendo indiciados em inquérito policial com uma diversidade de crimes praticados.
No depoimento, os suspeitos alegaram que foram movidos pela emoção por conta da derrota do Santos para o Athletico-PR, na eliminação da Copa do Brasil, e a situação acabou saindo do controle.
Segundo Barazal Teixeira, os quatro serão indiciados por danos materiais, ameaça, constrangimento legal, associação criminosa e prática de um tumulto, em um raio de 5 km da arena onde é realizada a partida – este previsto dentro do Estatuto do Torcedor.
– O inquérito posteriormente será relatado, embora não esteja descartado, mas precisamos levar em consideração, a participação espontânea deles aqui, o que desconstrói uma ideia de representação por uma prisão dessas pessoas, pelo menos nesse primeiro instante. Pelo o que pesquisamos, não possuem nenhuma passagem, são trabalhadores, possuem residências fixas. Então, em um primeiro momento nós entendemos que essa possibilidade pode aguardar uma análise ainda mais para frente – explicou o delegado.
Delegado explicou que suspeitos responderão por cinco crimes diferentes — Foto: Bruno Gutierrez
Torcida organizada lamenta episódio e confirma expulsões
Mario Badures, que representa o corpo jurídico da torcida organizada e os integrantes que se apresentaram nesta sexta-feira, disse que os suspeitos lamentaram o ocorrido e ressaltou que a entidade colaborou para a invetigação dos fatos. Ele confirmou o processo de expulsão dos quatro envolvidos no caso.
– Existe um processo administrativo da entidade, recomendando a expulsão dos quatro do quadro associativo – disse o advogado, que foi vice-presidente do Santos na gestão de Orlando Rollo.
De acordo com Badures, as imagens mostram que os suspeitos não participaram dos ataques, uma vez que eles não desceram do carro. Além disso, ele rechaçou a hipótese que tenha sido algo premeditado.
– É um relato deles que eles viram o carro passar e foram atrás. Então, isso prova que não era nada premeditado contra o atleta. A questão dos danos é algo que a gente lamenta, nenhum ato de violência, ainda mais em praça desportiva e eventos como o futebol, pode ser concebido uma postura como essa e eles estão cientes da responsabilidade. Vão colaborar com a investigação e os atos do processo, análise do poder judiciário será com todos eles participando também.
Ainda de acordo com o advogado, o presidente da torcida organizada entrou em contato com Diego Tardelli para lamentar o ocorrido. Ele lembrou que o jogador chegou recentemente ao clube, tendo estreado justamente contra o Athletico-PR, e destacou que o que ocorreu é um exemplo que não pode ser seguido.
– Foi um ato isolado. Nenhum desses integrantes tinham uma ordem para fazer isso, tanto que estão sendo alvos de processos administrativos dentro da própria torcida, e a torcida de uma maneira muito clara, se coloca do lado do atleta Diego Tardelli, verificando até as questões dos danos e do que pode ser feito. O presidente conversou muito com ele, e ele não demonstrou qualquer preocupação com isso. Ele ficou muito assustado. Qualquer um ficaria, porque ninguém está preparado para parar em um semáforo, por mais que o carro fosse blindado, carro de alto luxo, por conta de um resultado desfavorável no campo, acontecer algo nesse sentido – disse Badures.
– A cobrança deve existir porque a torcida, na arquibancada ou fora dela, exerce o seu apoio ao clube, como aconteceu na última partida, quando fizeram no corredor de fogo, recebendo aqueles jogadores. Houve a eliminação, mas jamais qualquer ato de violência pode ser admitido ou aceitado. Não existe uma justificativa para se tolerar atos nesse sentido. A torcida de uma maneira bem firme nos propósitos para o Santos FC e seus atletas, lamenta esse episódio de violência – finalizou o advogado.
Após prestarem depoimento, eles foram liberados. Os três são moradores de São Paulo e não possuem antecedentes criminais.
Advogados Mauro Atui Neto e Mário Badures falam sobre caso de ataque a Diego Tardelli, do Santos — Foto: Bruno Gutierrez
(Globo Esporte)