O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) deve decretar uma suspensão – que pode durar no máximo 30 dias – para os jogadores de futebol denunciados pelo Ministério Público de Goiás na Operação Penalidade Máxima, que investiga manipulação em jogos da Série A e da Série B de 2022, além de campeonatos estaduais de 2023.

– A Procuradoria estudará os casos neste final de semana. Na semana que vem as denúncias e pedidos de suspensão preventiva já estarão distribuídos para análise do Presidente do STJD – informou o procurador-geral do tribunal, Ronaldo Piacente.

O MP-GO apresentou duas denúncias, contra 15 jogadores, enquadrados nos artigos 41-C (solicitar ou aceitar vantagem para falsear resultados de competições esportivas) e 41-D (dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva ou evento a ela associado).

Vários outros jogadores tiveram seus nomes citados na investigação e acabaram sendo afastados por seus clubes. O procurador-geral do STJD disse que ainda vai analisar os documentos fornecidos pelos investigadores de Goiás antes de propor a suspensão preventiva.

– Para todos envolvidos desde que haja provas – afirmou Piacente.

Como ainda não foram julgados – nem pela Justiça Comum e nem pela Justiça Desportiva –, os envolvidos no caso não estão impedidos de participarem de jogos. Esse status deve mudar com a suspensão preventiva a ser aplicada pela STJD na próxima semana.

Ronaldo Piacente, procurador do STJD — Foto: José Edgar de Matos

Ronaldo Piacente, procurador do STJD — Foto: José Edgar de Matos

Obrigação de comunicar

Num contexto menos grave, o STJD também não descarta denunciar os jogadores que foram apenas abordados por apostadores, mas não toparam os subornos para participar da manipulação.

Isso porque o Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF tem um artigo que obriga atletas, integrantes de comissões técnicas e dirigentes a “informar de imediato ao seu clube, Federação Estadual ou à competente autoridade desportiva, policial ou judiciária, qualquer ameaça ou suspeita de comportamento corrupto, como por exemplo no caso de alguém se aproximar para perguntar sobre manipulação de qualquer aspecto de uma partida ou mediante promessa de recompensa financeira ou favores em troca de informação sensível”.

Este é o caso dos meias Nathan, do Grêmio, e Maurício, do Internacional, e do lateral-direito Zeca, do Vitória. Os três tiveram seus nomes citados na investigação do MP de Goiás e apresentaram versões semelhantes: foram procurados por apostadores no ano passado, mas não toparam as ofertas.

Eles podem ser punidos pelo STJD por não terem informado imediatamente sobre as abordagens.

Jogadores que foram denunciados pelo MP:

  • Eduardo Bauermann (zagueiro, Santos)
  • Gabriel Tota (meia, ex-Juventude, hoje no Ypiranga-RS)
  • Paulo Miranda (zagueiro, sem clube)
  • Igor Cariús (lateral-esquerdo, Sport)
  • Victor Ramos (zagueiro, ex-Portuguesa, hoje na Chapecoense)
  • Fernando Neto (volante, ex-Operário-PR, hoje no São Bernardo)
  • Matheus Gomes (goleiro, ex-Sergipe, sem clube)
  • Romário (volante ex-Vila Nova, sem clube)
  • Joseph (zagueiro, Tombense)
  • Mateusinho (lateral-direito, ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá)
  • Gabriel Domingos (volante, ex-Vila Nova, sem clube)
  • Allan Godói (Sampaio Corrêa)
  • André Luiz (ex-Sampaio Corrêa, sem clube)
  • Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã)
  • Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR)

Há outros quatro jogadores que confessaram estes crimes ao Ministério Público, mas fizeram acordos para se tornarem testemunhas no caso. São eles:

  • Kevin Lomonaco (zagueiro, Bragantino)
  • Moraes (lateral-esquerdo, ex-Juventude, hoje no Atlético-GO)
  • Nikolas Farias (volante, sem clube)
  • Jarro Pedroso (atacante, ex-São Luiz-RS, hoje no Inter-SM)

(GE)