Lei nº 178 de 30 de outubro de 1948

Criado o município de Várzea Grande, em 23 de Setembro de 1948, os sete povoados que ficavam além do córrego Piçarrão, constituíram o Distrito de Bonsucesso, com sede nesta localidade.
Ocorre, porém que uma dessas povoações era conhecida pelo nome de “Sovaco” e os deputados Licínio Monteiro (PSD) e Dr. Frederico Vaz de Figueiredo, advogado conhecido por Dr. Gigí (UDN), eleitos por Várzea Grande e Cuiabá, respectivamente, resolveram colocar um novo nome na localidade, substituindo esse nada sugestivo. Assim foram procurar o nome de algumas pessoas ilustres, a quem pelo mérito, coubesse a homenagem.

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Após muitas discussões, foi então escolhido o nome do médico Agostinho Souza Lima e, apresentado em forma de Projeto que deu origem na Lei nº 178 de 30 de Outubro de 1948, que renomeou à povoação de “Sovaco” o nome de Souza Lima, portando há 67 anos.

QUEM FOI SOUZA LIMA
O Doutor  Agostinho de Souza Lima foi um médico notável, professor de Medicina Legal e deu início a parte tecnológica do Ensino no Necrotério como dizia os mestres da medicina, iniciando a Clínica de Médico Legal em 1880.
Nasceu em Cuiabá, a 11 de Abril de 1842 e faleceu no Rio de Janeiro, a 28 de Dezembro de 1921. Pela sua importância, inteligência e cultura, prestou-se a homenagem.

A HISTÓRIA
Conforme relato feito pelo Major Gomes, nascido e criado naquele povoado, nos dá conta que em seu tempo de menino possuía apenas cinco casas. Uma delas era de seu pai, e as outras eram das famílias Magalhães, José Dias, Julião e Antônio Pereira.
No começo, o local chamava-se “Água Branca”, e com o crescimento da população recebeu a denominação de Sovaco, até que fosse criado o Município, em 1948.
Há em Souza Lima tradicionais festas, muito prestigiada pelos visitantes e os moradores do próprio lugar, sendo a mais tradicional a de Santa Cruz.
Presume-se que José Dias da Silva e Felipe Santiago, homens que viveram no século XIX, foram os primeiros moradores do antigo Sovaco, cuja população só aumentou após a revolução de 1906.
Na área de educação, foi o professor Virgínio quem marcou época. Ficou no povoado por 18 anos, chegando ao ano de 1925. A educação ficou em evidência durante sua permanência no povoado. Aposentou-se e foi morar no centro de Várzea Grande.
Apesar de sua localização, Souza Lima está há dois quilômetros do Rio Cuiabá, não sendo servido por nenhum ribeirão, e a falta de água no período da seca, quando os poços ficam totalmente secos, gerando muitos transtornos a seus moradores. Era o tormento dos moradores de Souza Lima, mas hoje há água encanada e muitas benfeitorias feitas pelo poder público, como asfalto, estádio de futebol e é o local preferido dos chacareiros da baixada cuiabana.
Seu solo é arenoso, fértil e produz pequenas lavouras.

POLÍTICA
Quem fez história em Souza Lima foi Estevão Ferreira da Cunha, conhecido como Majorzinho do Sovaco, um homem de pequena estatura, mas que era grande em tudo que fazia. Tinha faro político e enxergava mais longe, portanto, foi de grande importância para a comunidade.
Proprietário de armazém de secos e molhados, os que ganhavam pouco e só recebiam no fim do mês, mantinham uma caderneta de anotações e, momento de acertar as contas, Majorzinho era muito honesto com sua clientela e não cobrava nada a mais, como era de costume nos bolichos da época.
Com isso, conquistou a simpatia, a confiança, o carinho e o devotamento de muitos. Nas festas de N. S. da Conceição e o Espírito Santo, na Capela do Piçarrão, única daquele distrito à época, era pródigo nas prendas e auxílio à igreja.
Majorzinho, carinhosamente chamado pelos amigos, seguia o crescimento do antigo Sovaco, amava, lutava, defendia e trabalhava pelo desenvolvimento do lugar que escolheu para morar.
Juntamente com outros correligionários, participou ativamente da política várzea-grandense, como descendente de Candova, fiel aos princípios da moral, dignidade, honestidade e, sobretudo, amava sua gente como poucos filhos da terra de Couto Magalhães.
Majorzinho do Sovaco elegeu-se vereador, e tudo que solicitava no Plenário da Casa de Leis incluía Souza Lima. Quando correu a notícia que sofrera um enfarto, foi uma tristeza geral, uma incredulidade, um vazio que todos sabiam jamais ser preenchido por outra pessoa.
Ninguém queria acreditar que Estevão Ferreira da Cunha – Majorzinho fechara seus olhos à vida palpitante de Souza Lima, pela qual sempre lutara pelo progresso. Majorzinho vive na memória do povo, que dele sente saudades.
Vale ressaltar que apesar do povoado de Souza Lima ficar a 2 km do rio Cuiabá, não impediu que, ao longo da história do antigo Sovaco, muitos dos seus habitantes fossem pescadores. Os mais antigos e remanescentes sobrevivem fabricando redes são ruralistas, criadores de gado e é o reduto do mais famoso conjunto musical de Várzea Grande, “Os 5 Morenos”.

*WILSON PIRES DE ANDRADE   é jornalista, locutor e mestre de cerimônia  em Mato Grosso.

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