A espaçonave Juno, da Nasa, fez sobrevoos próximos em Io, uma das 95 luas de Júpiter, revelando uma montanha e um lago de lava quase liso. As novas descobertas foram anunciadas no último dia 16 de abril, pelo principal investigador da missão, Scott Bolton, em coletiva de imprensa na Assembleia Geral da União Geofísica Europeia em Viena, na Áustria.
Entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, a sonda Juno realizou sobrevoos a cerca de 1.500 quilômetros da superfície de Io, obtendo as primeiras imagens aproximadas das latitudes norte da lua.
“Também obtivemos algumas imagens excelentes e outros dados sobre um lago de lava de 200 quilômetros de comprimento chamado Loki Patera. Há um detalhe incrível mostrando essas ilhas loucas embutidas no meio de um lago de magma potencialmente circundado por lava quente”, detahla Bolton, em comunicado. “O reflexo especular que nossos instrumentos registraram do lago sugere que partes da superfície de Io são lisas como vidro, reminiscentes de vidro obsidiano criado por vulcões na Terra.”
Polos diferentes
Mapas feitos com dados do Radiômetro de Micro-ondas (MWR) da sonda Juno mostram que Io tem uma superfície relativamente lisa em comparação com outras luas de Júpiter. Além disso, seus polos são mais frios que as regiões de latitude média.
Mas a equipe da Nasa também tem olhado para Júpiter, em especial o polo norte do planeta. Foi assim que eles observaram um ciclone central no polo norte. “Ele é claramente visível em imagens de infravermelho e luz visível, mas sua assinatura de micro-ondas não é nem de longe tão forte quanto a de outras tempestades próximas. Isso nos diz que sua estrutura subsuperficial deve ser muito diferente desses outros ciclones”, explica Steve Levin, cientista do projeto Juno no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da Nasa.
Descobertas sobre a água de Júpiter
A missão Juno tem como um dos principais objetivos estudar a abundância de água em Júpiter. Para isso, a equipe não busca água líquida, mas sim quantificar a presença de moléculas de oxigênio e hidrogênio na atmosfera do planeta, essenciais para a formação da água.
Nas observações recentes, pesquisadores constataram que a água em Júpiter é de três a quatro vezes mais abundante perto do equador do que se pensava anteriormente. As imagens realizadas pelo instrumento JunoCam estão gerando dados que ajudam os pesquisadores a entenderem a formação jupiteriana.
Saber a quantidade de água em Júpiter é fundamental para compreender a formação do Sistema Solar, porque o planeta foi um dos primeiros a se formar e contém grande parte do gás e poeira que não se uniram na formação do Sol. Além disso, a abundância de água também influencia a meteorologia e a estrutura interna do gigante gasoso.
“Agora, com resultados recentes feitos com dados do MWR, confirmamos que a abundância de água perto do equador de Júpiter é aproximadamente três a quatro vezes a abundância solar quando comparada ao hidrogênio. Isso demonstra definitivamente que o local de entrada amostrado pela sonda Galileo era uma região desértica anormalmente seca”, diz Bolton.
Em 1995, a sonda Galileo, da Nasa, forneceu dados que sugeriram uma atmosfera quente e aparentemente sem água em Júpiter. Esses resultados indicam que o gelo de água pode ter sido crucial para o enriquecimento em elementos pesados durante a formação e evolução do planeta. A abundância desse elemento no núcleo do planeta, porém, ainda é um mistério em aberto para os cientistas.
O último sobrevoo de Juno ocorreu em 9 de abril, chegando a cerca de 16.500 quilômetros da superfície de Io. A próxima coleta de informações, no 61º sobrevoo em Júpiter, acontecerá em 12 de maio.
(Redação Galileu)