Preocupado com a saúde mental dos policiais penais, o Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen-MT) tem se movimentado para buscar soluções e meios que contribuam para melhorar a qualidade de vida dos servidores. Na última semana, o presidente do Sindspen-MT, Amaury Neves, participou de reunião ordinária da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e apresentou dados alarmantes sobre os afastamentos e o crescimento do número de suicídios entre os profissionais.

Considerada uma das profissões mais perigosas do mundo, a segurança dentro das penitenciárias coloca em prova contínua a saúde física e a psicológica dos servidores, que passam a maior parte dos seus turnos na companhia de mentes criminosas e pessoas de alta periculosidade. De acordo com levantamento realizado pelo Sindspen-MT, a população carcerária de Mato Grosso é de aproximadamente 11,2 mil reeducandos, quando a capacidade de vagas é de cerca 9,5 mil, 17% acima da capacidade ideal.

Para controlar toda a população carcerária, a polícia penal mato-grossense conta hoje com cerca de 2,5 mil profissionais, que prestam serviço em 46 unidades prisionais no estado. E ao contrário do que muitos pensam, o trabalho realizado dentro das unidades vai muito além de fechar celas e entregar refeições aos reeducandos, o policial penal hoje é responsável por praticamente todos os procedimentos dentro da unidade e ainda atribuições do muro para fora, como segurança externa das unidades penais, escoltas intermunicipais e interestaduais, serviços de custódia nos fóruns, monitoramento, inteligência, recaptura, escolta hospitalar e muitas outras.

“O baixo efetivo de servidores, as atribuições absorvidas ao longo do tempo que não são regulamentadas e não são compensadas devidamente, o grande número de atendimentos diários, tensão do ambiente, gerenciamento de conflitos entre presos, entre facções criminosas, além do risco de morte extra muro são implicações diárias enfrentadas pelos policiais penais. Passamos por tudo isso sem nenhum acompanhamento profissional, nada para auxiliar no cuidado com a saúde mental destes profissionais tão importantes para a manutenção da paz e segurança da população”, afirmou a diretora de Atividade Social e de Saúde do Sindspen-MT, Emilene Nunes de Souza Ribeiro.

Todos esses fatores acarretam em um triste e preocupante número, a profissão tem registrado alta nos casos de suicídios. Em 2019 e 2020 foi registrado um caso em cada ano. Em 2021 foram três casos e até abril de 2022 outro caso foi registrado. Além disso, o número de afastamentos cresceu no mesmo período, em 2020 foram 830; em 2021 foram 1.207 e nos primeiros três meses deste ano este número já é de 843.

A maior parte destes afastamentos ocorre com diagnósticos de CID – F, que significa doenças derivadas de transtornos mentais, como ansiedade e depressão conforme apurado pelo Sindspen-MT.

“Esses afastamentos são em virtude do grande desgaste da profissão e que se não forem remediados agora podem resultar em fatalidades na vida do servidor e consequentemente de sua família. O cuidado com a saúde mental do policial penal é fundamental para o exercício de sua profissão e é uma responsabilidade intransferível do Estado, que precisa atuar mais de perto no acompanhamento destes servidores”, destacou Amaury.