O índice de adoecido e mortos é muito alto. Os Correios passam a ser vetor de proliferação da doença. Um só carteiro visita diariamente centenas de residências O problema deixou de ser um problema dos Correios para torna-se uma questão de saúde pública

O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso (Sintect-MT) pediu, em Carta ofício, ao governo do Estado que tenha sensibilidade para a situação dos trabalhadores dos Correios. Considerado serviço essencial desde março de 2020, os trabalhadores não foram incluídos nos grupos prioritários de vacinação do Programa Nacional de Imunização (PNI). No dia 4 de junho, Campo Grande abriu cadastro para vacinar os trabalhadores dos Correios.

A falta de vacinação dos ecetistas resultou num saldo alto de mortos, doentes e outras dezenas de sequelados.

Por terem sido considerados trabalhadores essenciais, eles não pararam e viram o numero de colegas e de familiares dos colegas sucumbirem vitimas da doença.

O problema tornou-se uma questão de saúde pública, afirma o Sintect-MT, uma vez que os Correios passam a ser vetor de proliferação da doença, pois um só carteiro visita diariamente centenas de residências – e somos mais de 600 carteiros no estado.

A mesma situação ocorre nas mais de 150 agências dos Correios em MT, que recebem a visita de milhares de clientes por dia.

Não são números, são pessoas

Dados do Sindicato apontam que pelo menos 290 trabalhadores dos Correios, entre carteiros, atendentes de balcão e outros, foram infectados em ambiente de trabalho pela síndrome respiratória aguda severa 2 (Sars), o Sars-CoV-2, desde o início da Pandemia em março de 2020 a maio deste ano em Mato Grosso. Muitos morreram, três só este ano. A última morte registrada foi no dia 2 deste mês, um atendente na Agência Central dos Correios de Cuiabá, situada na Praça da República – vítima da COVID-19.

Foi na agência central que aconteceram três casos recentes de Covid-19 e o trabalho segue normal, mesmo com todas as notificações e pedidos de providências feitos pelo sindicato atendente de balcão do primeiro quadrimestre. Hoje existem três pessoas, dois trabalhadores ecetista e a esposa de um carteiro, intubadas em UTIs em hospitais de Mato Grosso, vitimas da doença. A mulher foi infectada pelo marido que não parou de trabalhar desde o início da pandemia.

“Temos notícia de pelo menos mais dois trabalhadores ecetistas que estão na UTI, intubados, lutando pela vida. Além disso, a esposa de um companheiro, carteiro do interior do estado, perdeu a vida após o mesmo contrair a Covid-19 e levá-la dentro de casa. A esposa de um outro companheiro, carteiro em uma cidade da baixada cuiabana, também está na UTI neste momento”, diz um trecho da Carta-Ofício.

Há casos de trabalhadores que até conseguiram vencer a doença, mas estão em tratamento das sequelas em casa. Esta semana uma esposa de um carteiro perdeu a vida. Ela contraiu a doença do marido que fora infectado pelo coronavírus no serviço diário numa unidade da ECT.

Não é raro os trabalhadores levarem, óbvio sem perceber, a doença para dentro de casa atingindo mulher, filhos e até sogra. Foi o caso do motorista de carga de Juína a Juruena, Fábio, que tinha tido contato com o gerente da unidade de Juruena, Paulo Cesar, que morrera no dia e 27 de fevereiro. Paulo foi infectado dois três dias depois da colega Carlene, que trabalhava no balcão,ter sido afastada por causa da Covid-19. O motorista Fábio foi parar na UTI mas deixou infectadas a esposa, a filha e a sogra. Ele se recuperou e está sob tratamento.

Hoje a categoria não vacinada no estado de Mato Grosso, por não serem do grupo de risco, é em torno de 700 a 800 trabalhadores.

Subnotificação da doença
Para o presidente do Sintec-MT, Edmar Leite, os dados são bem maiores ”porque a ECT, desde o início da pandemia, esconde os números oficiais de infectados e mortos em decorrência dessa doença”. No país inteiro esse número passa de 450 pais e mães de família que morreram vítimas da doença, disse ele.