Há cerca de 30 dias a Amazônia entrou na mídia, na política, na economia e nos interesses internacionais pelo pior caminho: o de escândalos sobre desmatamentos indiscriminados e o de incêndios extraordinários. Nada disso é verdade no tom que alcançou. O pano de fundo está diretamente ligado a interesses de muitas naturezas. Tanto externos quanto internos.
Mas essa não é a abordagem pretendida neste artigo. Gostaria de falar no silêncio dos produtores e das entidades representativas do agronegócio em Mato Grosso.
Em Goiás o agronegócio não é tão relevante. Nem em Mato Grosso do Sul, Tocantins ou Rondônia. Mato Grosso lidera com grande vantagem a produção e os estágios tecnológicos.
As acusações contra a agricultura e a pecuária em Mato Grosso subiram muito de tom. Transformou a atividade numa área de irresponsabilidade ambiental. Pior. É justamente o contrário. Agricultura 4.0. Altíssimo uso de tecnologias na produção e rigorosas certificações internacionais, sob pena de não conseguir exportar.
Pelo menos 70 por cento do que se produz em grãos, carnes e fibras no estado são exportados dentro de rigorosos protocolos. Logo, super-vigiados nos mercados internacionais.
Há muito tempo já não se abrem áreas para a pecuária como se abriu nas décadas de 1970 e 1980. As terras ficaram muito caras pra o uso da pecuária extensiva, aquela do boi solto no pasto.
Na área do algodão, do milho e da soja, as tecnologias utilizadas são de arrepiar. Vou contar um exemplo. Um executivo de uma das maiores produtoras do estado disse-me que em 2015 tinham 4 mil máquinas de plantio, colheita e tratamento de defensivos, fora implementos.
Hoje a mesma empresa tem 700 máquinas. Muito mais caras, com até o triplo da capacidade de produção de máquinas de cinco anos atrás. E muito mais tecnológicas e sustentáveis.
Aos poucos, dentro dessa crise da Amazônia, os setores do agronegócio e da pecuária estão sendo demonizados sem defesa. Era de se esperar a voz grossa desses setores mostrando à sociedade que são ambientalmente sustentáveis e desinteressados do uso do fogo e do desmatamento. Mas estão em silêncio inexplicável. Deixam a imagem duramente construída ser consumida pelo fogo das ideologias acadêmicas e pelas sociedades urbanas desinformadas e preconceituosas.
Realmente, está passando da hora dos setores agropecuários se defenderem. Falta estratégia. Absolutamente criminoso criminalizar a pecuária e o agronegócio.
*ONOFRE RIBEIROé jornalista e escritor em Mato Grosso
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