Sheilla Castro é uma grande referência na posição de oposta. Com a camisa da seleção brasileira, venceu e foi decisiva em duas Olimpíadas (Pequim-2008 e Londres-2012). Na última participação no Rio, em 2016, o Brasil foi eliminado pela China (atual campeã) nas quartas de final. Em 2018, a bicampeã olímpica deu uma pausa em sua carreira para se dedicar a maternidade, mas, em 2019, voltou às quadras e mantém o sonho de disputar mais uma Olimpíada, como revelou em uma live com a comentarista Fabi, nas redes sociais do SporTV.
Por conta da pandemia do coronavírus, a atleta chegaria para o evento em Tóquio com 38 anos e, nesse período de isolamento, vem se preparando para voltar bem fisicamente. Na live, Sheilla ainda comentou sobre qual técnico seria um bom nome para assumir a seleção depois dos Jogos de Tóquio – José Roberto Guimarães já anunciou que deixa a equipe depois das Olimpíadas. Ela citou Bernardinho.
– É difícil falar como que eu vou estar em julho do ano que vem. Se for pensar em tempo, eu ganho um ano para me preparar. Acho que todo mundo vai perder, mas quero perder o mínimo possível para voltar bem fisicamente. O Zé tem que colocar quem estiver bem no ano que vem. Ano passado me preparei para estar nas Olimpíadas este ano. Mas vou tentar agora perder o mínimo possível.
Durante a live, Sheilla mostrou sua preocupação com o futuro do voleibol brasileiro. Na sua visão, os técnicos pararam no tempo e precisam passar por um período de renovação. Após os Jogos de Tóquio, José Roberto Guimarães já sinalizou que vai se aposentar do comando da seleção. Ele terá completado 18 anos no cargo. Zé tem três medalhas de ouro (duas com o feminino, em 2008 e 2012, e uma com o masculino, em 1992).
Jogo lento no Brasil
Já pensando em uma substituição do treinador, Sheilla diz ser contra técnicos estrangeiros e confessou que Bernardinho poderia voltar a assumir o comando da equipe feminina. Antes de ser técnico da seleção masculina, Bernardinho conquistou o bronze nos Jogos Olímpicos de 1996 e 2000, além de ser campeão do Grand Prix Mundial em 1994, 96 e 98 com a seleção feminina.
– Eu acho que a maioria dos técnicos, não vou falar todos os técnicos do Brasil, mas a maioria deu uma parada no tempo, na minha opinião. Posso ser criticada por isso. Hoje, a gente vê o Brasil jogando mais lento do que jogava há alguns anos. Você vê jogadoras como a Egonu (da seleção italiana), com 1,90m de altura, que salta mais 1,90m e ainda joga rápido. O Brasil parece que parou no tempo. Mas, eu nunca colocaria técnico de fora do Brasil para ser técnico da seleção brasileira. O Bernardinho voltar para a seleção feminina, se é verdade ou não, eu não sei, mas que seria uma boa, seria. O Zé já sugeriu o Paulo Coco, que anda fazendo um trabalho bom, mas não sei. Só trabalhei com o Bernardinho em clubes, mas ele foi quem começou a crescer com a seleção feminina.
Brasil sul-americano vôlei Sheilla — Foto: Beto Doloriert/CSV
Sheilla atuou pelo Minas nesta temporada até a competição ser interrompida em março de 2020, no início dos playoffs. Sobre seus planos para um futuro próximo, a mamãe da Ninna e da Liz confessou que ainda não decidiu seu rumo na próxima temporada:
– Ainda não sei onde vou jogar, não renovei com o Minas ainda, não sei se fico no Brasil ou se não fico. É uma incógnita ainda.
Rivalidade com Gamova?
Nos anos 90, nenhuma rivalidade era tão forte no vôlei feminino quanto Brasil x Cuba. Os anos foram passando e as meninas da seleção brasileira encontraram um novo carrasco: a Rússia. Brasileiras e russas construíram sua rivalidade em momentos históricos. Ao mesmo tempo que o Brasil ocupava os primeiros lugares no pódio nas Olimpíadas, as russas faziam o mesmo nos Campeonatos Mundiais – ganharam das brasileiras nas finais de 2006 e 2010. Em meio a provocações dentro e fora de quadra, a estrela da equipe russa, Ekaterina Gamova, ajudava a movimentar essa rivalidade nas competições. No final da live, Fabi fez a vontade dos espectadores que tanto queriam saber se essa “batalha de opostas” também era uma realidade fora das quadras uma vez que, as duas protagonizaram embates que vão entrar para a história do vôlei:
– Todo mundo coloca a gente em uma rivalidade. Eu nunca troquei um ‘oi’ com ela, as poucas vezes que nos cruzamos, passava batido. Se ela me achava marrenta ou eu achava ela marrenta, não sei. A rivalidade que existia era realmente dentro de quadra. Rivalidade de Brasil e Rússia mesmo. Era muito difícil parar ela no bloqueio. Sei nem falar se eu gosto ou se eu não gosto como pessoa. (Globo Esporte)