O Cruzeiro vive a maior crise de sua história e tem sido pauta até no Atlético-MG. Recentemente, o presidente Sérgio Sette Câmara, do Galo, disse que “previu” que o rival viveria situação muito complicada, justamente considerando os números praticados pelo futebol cruzeirense nas últimas temporadas. Desta vez, em entrevista a blogueiros do Galo, veiculada no canal oficial do clube, foi além: citou números e disse que prevê que o Cruzeiro, mais que receita, perderá torcedores.
– O fluxo de torcida, mais ou menos, o crescimento dela, está diretamente ligado ao sucesso que o clube tem. Se nós formos analisar a situação atual do Atlético e dos nossos adversários… O América tem uma torcida meio estagnada ali, e o Cruzeiro tem uma torcida grande, mas que, diante do que se avizinha aí, eu acredito: eles vão perder muitos seguidores, torcedores, etc.
“Na minha opinião, o que vai acontecer é uma migração de uma geração que seria de torcedor do Cruzeiro para ser torcedor do Atlético. Acredito que, com isso, o Atlético pode vir a ser, durante muito tempo, o grande clube protagonista do futebol de Minas Gerais. (…) Hoje temos uma condição difícil, mas está longe de ser semelhante ao que está acontecendo lá do outro lado” – Sérgio Sette Câmara.
Torcidas de Atlético e Cruzeiro no Mineirão — Foto: Pedro Souza / Atlético-MG
– Nós olhamos para isso como um alerta. Poderia ser com o Atlético, porque já estivemos em situação muito pior financeiramente do que o Cruzeiro. E isso não aconteceu. Isso tem que ser lembrado e analisado, porque eu não sei como eles vão conseguir sair de uma situação dessa.
Sérgio Sette Câmara trata o equilíbrio financeiro do Atlético como prioridade em sua gestão, acima de títulos. Ele voltou a destacar que futebol está diretamente relacionado a dinheiro e que “os maiores clubes de futebol do mundo são os mais ricos”. Disse que o Galo não tem essa condição hoje, mas que pode ter.
– Temos a perspectiva do estádio, estamos enxergando qual é nossa dívida, temos excelentes pessoas no conselho. (…) E depois temos que criar condições para o clube não voltar a se endividar. Para isso, será necessária uma alteração no estatuto do clube, na minha opinião, criando mecanismos de controle, governança. Para que quem venha a exercer o cargo de presidente não tenha uma caneta tão poderosa, como hoje é, pra segurar ou gastar. Tem que ter controle.
“Tive certeza absoluta que o negócio ia ficar feio”
Ainda falando sobre a situação do rival, Sette Câmara, exemplificou um negócio feito pelo Cruzeiro e que, segundo ele, “não cabe”. Em abril do ano passado, a Raposa contratou o atacante Pedro Rocha por empréstimo, junto ao Spartak Moscou, da Rússia, até o fim do ano. O mandatário atleticano revelou que Pedro Rocha estava na mira do Galo, mas que o negócio não foi para frente em função dos “números estratosféricos”.
Pedro Rocha em ação pelo Cruzeiro — Foto: Divulgação/Mineirão
O presidente alvinegro disse que teve acesso aos números gastos pelo Cruzeiro com o jogador, que fez 33 jogos e quatro gols com a camisa celeste: R$ 16 milhões por sete meses (já que houve um mês de paralisação do calendário nacional por causa da Copa América no Brasil).
– Eu tive certeza absoluta que o negócio ia ficar feio (para o Cruzeiro) quando houve aquela contratação do Pedro Rocha. Era um jogador que estávamos tentando contratar, mas os números (eram) estratosféricos, então desistimos. Mas acabamos sabendo quais foram os números praticados na negociação da ida desse jogador pro Cruzeiro. (…) Se você somar, (foi contratado) pra sete meses. Os valores envolvidos, todos eles, giraram em torno de, segundo me disseram, R$ 16 milhões. Isso aí não cabe. Aí a gente começava a ver: “Mas quanto ganha o zagueiro? E o meio-campo, o camisa 10? E o que saiu daqui e foi pra lá, foi pra ganhar quanto?”. Aí você começa a fazer conta. (…) Não adianta quererem colocar o Atlético no mesmo balaio do que está vivendo o Cruzeiro hoje.
Sempre que compara as situações dos dois clubes, Sette Câmara ressalta que as receitas de Atlético e Cruzeiro (patrocínios, cotas de TV, etc) são semelhantes e que, por isso, os gastos muito diferentes não tinham sentido. Pedro Rocha, hoje, é jogador do Flamengo. (Globo Esporte)