Os sete longas-metragens que estão na disputa do troféu Coxiponés 2023 prometem trazer emoção, força, sensibilidade e beleza cênica ao 21º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (CINEMATO), que será realizado de 22 a 28 de outubro. Um deles é inédito e terá a sua primeira exibição aberta ao público. Os demais chegam com uma trajetória de participação e premiação em festivais do Brasil e no exterior.
O cineasta e idealizador do Festival de Cinema de Cuiabá, Luiz Borges, destaca o alto nível de todos os selecionados. “Esse conjunto de obras cinematográficas nos dá a dimensão do cinema nacional, do que tem sido feito, de como estamos nos aproximando de nossas histórias e nossa cultura, todos esses diretores e equipes estão devidamente parabenizados pelo brilhante trabalho, já são vencedores”.
Mais Pesado é o Céu (2023/CE), de Petrus Cariry, conquistou em Gramado – um dos festivais mais tradicionais do país – quatro prêmios: melhor direção, melhor fotografia, melhor montagem e prêmio especial do júri. A história é de um casal de andarilhos (Matheus Nachtergaele e a atriz cearense Ana Luiza Rios), que, sob o sol escaldante do sertão cearense, encontra um bebê abandonado. A partir deste lugar, a família constituída nessas condições caminha em busca de dias melhores.
Além de Gramado, Mais Pesado é o Céu já foi exibido na Alemanha (30º Oldenburg International Film Festival e German Independence Award – Spirit of Sinema), nos EUA (16º Los Angeles Brazilian Film Festival), em São Paulo (47º Mostra Internacional de Cinema) e Goiânia (2º Festival Internacional de Cinema).
O diretor considera o CINEMATO um dos principais festivais de cinema do Brasil. “É sempre um prazer participar de um festival que se preocupa com a qualidade dos filmes selecionados. Estou feliz com o convite e espero que o público tenha uma experiência potente”, comenta o diretor.
O filme inédito, entre os sete concorrentes, é Beatriz Vira-Folhas” (2022/2023), de Samantha Col Debella, uma produção mato-grossense. A história é de uma menina de 10 anos, que enfrenta uma mudança de cidade no meio do ano letivo e os desafios na adaptação. Neste contexto e para superar suas dificuldades, a criança cria um mundo mágico. “É uma honra estrear em casa”, celebra a diretora, que quer levar ao Teatro da UFMT elenco, equipe técnica, familiares e amigos.
Outro que também está iniciando sua trajetória é o filme paranaense “Entrelinhas” (2023), de Guto Pasko, que se passa nos anos 70. A protagonista é uma estudante presa e torturada pela ditadura militar. Já estreou no Cine PE, em Recife, com cinco premiações: melhor atriz, melhor direção de arte, melhor montagem, melhor edição de som e melhor direção. No CINEMATO será a sua segunda exibição aberta ao público. O diretor vê como mais uma uma grande oportunidade. “A expectativa de participar do festival de Cuiabá é enorme, pois tem muita relevância, importante para o circuito nacional, estamos felizes com o retorno, pois é um festival que sempre foi muito respeitado”. Pasko ressalta a importância de haver diversos festivais pelo país para fortalecer o cinema nacional.
A diretora do filme “Mesmo que tudo dê errado, já deu tudo certo” (2021/2022), Laís Chaffe, do Rio Grande do Sul, também exalta o papel dos festivais de impulsionar o cinema nacional. “Estou muito feliz com a seleção – afinal o Cinemato tem mais de 20 anos de tradição, foram quase 60 filmes inscritos e o meu ficou entre os sete selecionados”, comemora. Com essa produção, ela enfrentou os desafios de fazer cinema durante a pandemia de Covid-19. A história é da vida de Maria Valéria Rezende, um dos maiores nomes da literatura contemporânea brasileira, rotulada como uma “freira feminista”, “freira comunista”. Já foi exibido no Guarnicê de Cinema (MA) e Santos Film Fest. E agora visa Cuiabá.
Outro filme mato-grossenses selecionado é “Chumbo” (2022), de Severino Neto, que denuncia a exploração da mão de obra de quilombolas por uma usina de álcool como se eles fossem escravos. Já foi levado ao Cine PE e agora fará sua segunda aparição no Cinemato, em sua terra natal. “Sou fruto desse festival e é uma felicidade muito grande passar sua obra no seu próprio Estado, no caso Mato Grosso, falando dos seus costumes, sua cultura, seu quintal. Espero que seja uma grande noite e que a gente se emocione. Há inclusive a possibilidade de pessoas da comunidade Chumbo irem à sessão”, conta.
Assim como Severino Neto, a homenageada do 21º CINEMATO, Dira Paes, também foi projetada pelo Festival de Cuiabá, em seu início de carreira. Ela já confirmou presença na abertura do evento.
A atriz é citada pelo diretor de outro filme que está na disputa, “Tudo o que Você Podia Ser” (2023/MG), de Ricardo Alves Jr. “Estamos felizes de exibir o filme em Cuiabá, num festival que terá uma grande atriz como Dira Paes como homenageada”. O filme de Ricardo Alves Jr. valoriza a amizade. Através de um recorte de um último dia da personagem Aisha em Belo Horizonte, tece um retrato afetuoso sobre a família que a gente escolhe constituir. Já foi exibido no Queer Porto, em Portugal, e no Festival de Cinema do Rio.
Para finalizar, o filme de São Paulo “A invenção do Outro” (2023), de Bruno Jorge, causa grande impacto registrando a expedição na Amazônia feita em 2019 pela Funai, no Vale do Javari, na tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru, para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo de indígenas isolados da etnia dos Korubos em estado de vulnerabilidade e ainda promover um delicado reencontro com parte da família já contactada poucos anos antes.
O 21º CINEMATO é patrocinado pelo Governo de Mato Grosso e o Canal Brasil em parceria com a PROCEV (Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência), IGHD, UFMT, e Primeiro Plano Cinema e Vídeo. Apoio Institucional da Assembleia Legislativa, SEBRAE/MT, Prefeitura de Cuiabá/Secretaria Municipal de Esporte Lazer e Cultura, Cineclube Coxiponés e RECMT. Com apoio Da TV Centro América, Intercity Hotéis e realização do Instituto Inca – Inclusão, Cidadania e Ação.
Confira a programação completa