O presidente da Comissão Temporária Externa do Senado criada para acompanhar os incêndios do Pantanal criticou a decisão do Governo de retirar os brigadistas que estavam atuando no combate aos incêndios florestais no bioma em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O senador mato-grossense Wellington Fagundes (PL) chamou o movimento de ‘decisão equivocada’.
“O Governo demorou muito a chegar e ficou mais difícil para conter o fogo” – disse Fagundes, em entrevista à TV Senado. Foi feito um verdadeiro mutirão do meio ambiente – inclusive com o apoio importante de voluntários, que saíram de suas casas para combater os incêndios”.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) ordenou que todos os agentes de combate a incêndio parassem suas atividades e voltassem para a base de origem, alegando indisponibilidade financeira para fechar o mês de outubro. As equipes, porém, retornaram a campo dois dias depois, com contingente reduzido.
Para o senador, a decisão do Governo de retirar os brigadistas foi “precipitada” e “pegou todos de surpresa”. Ele lamentou a falta de planejamento e de diálogo do Governo. Enfatizou que há mais de 60 dias a CTE Pantanal tem se reunido com ministros e diretores de órgãos e não se mencionava a retirada das equipes.
“Temos conversado para fazer um planejamento do pós incêndio e antes de acabar com os incêndios, já se resolve tirar os brigadistas. Foi uma ideia não correta” – acrescentou.
Fagundes voltou a defender a criação da brigada permanente do Pantanal para combater os incêndios nos dois estados. Todos os estudos indicam, segundo ele, que a estiagem continuará severa no ano que vem. Pesquisadores informam que as chuvas começaram a cair na região devastada, porém, com índices abaixo da média histórica.
Apoio aos pantaneiros
Na entrevista, o senador Wellington anunciou que a CTE voltará a se reunir nesta sexta-feira, 30, para continuar debatendo as ações emergenciais e também para construir um planejamento eficiente para 2021. A ideia é garantir condições, inclusive orçamentarias, para evitar que os incêndios se alastrem novamente.
Os senadores, segundo ele, também trabalham pela criação de um programa de apoio às populações que habitam o Pantanal, cujas propriedades foram castigadas pelos incêndios. “Muitos perderam tudo que tinham e estão abandonados. E até agora nada foi feito para essas pessoas” – frisou.
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, já foi convidado a participar de uma audiência publica para tratar do assunto. A data ainda será definida, mas deve ocorrer na semana que vem. Uma das questões a ser debatida na CTE será o papel da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).
Estatuto do Pantanal
Na tentativa de dar uma resposta à tragédia ambiental que acomete o Pantanal, Wellington Fagundes ainda disse que o Senado pretende aprovar, ainda neste ano, o “Estatuto do Pantanal”, nova lei que deverá trazer diretrizes e normas sobre a medidas de segurança ambiental para a região, preservação de rios e nascentes, medidas preventivas contra incêndios, entre outros temas.