As estradas brasileiras poderão voltar aos tempos do “tapa-buracos”, se o Governo Federal não priorizar recursos para manutenção rodoviária no Orçamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O alerta feito nesta terça-feira, 15, pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT), presidente da Frente Parlamentar de Logística e Infraestrutura do Congresso Nacional.
Durante reunião da Comissão Mista de Orçamento, em audiência pública para tratar de recursos para investimentos no setor de turismo, o senador mato-grossense explicou que o DNIT já está sem recursos para fazer a manutenção das estradas, e sinalizou a existência de grande preocupação com o possível retrocesso nas rodovias.
“Nossas estradas troncais funcionam mais ou menos como se jogar uma gota de água em sonrisal. Se derretem a partir do momento em que começam as chuvas, se não tiver manutenção mínima necessária” – lamentou.
Fagundes informou já ter feito o alerta diretamente ao presidente Jair Bolsonaro, e conversou com os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura. Ele sugeriu que o assunto seja tratado pela CMO em audiência com os dois gestores: “Essa é uma questão emergencial” – ele apontou.
Wellington destaca a necessidade de priorizar investimentos no setor de infraestrutura a partir da entrada de recursos com o mega-leilão do excedente de petróleo na camada do pré-sal, previsto para o próximo dia 6. A previsão é de que a União arrecade R$ 106 bilhões com o bônus de assinatura – pagamento que a empresa ganhadora da licitação realiza no início do contrato de exploração. Desse total, cerca de R$ 50 bilhões ficará com a União.
Na 22ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias foram identificados que 57% das estradas apresentam algum tipo de problema no estado geral, cuja avaliação considera as condições do pavimento, da sinalização e da geometria da via. Em 2017, esse percentual era de 61,8%
No apelo, o senador do PL foi taxativo: “Infraestrutura é fundamental para tudo. Para as pessoas irem para o hospital, para tirar a produção da zona rural, e até mesmo para o turismo” – disse, ao lembrar que estradas ruins, além de afetar diretamente a competitividade econômica do país, faz ampliar o número de acidentes e mortes.
A cada dia, segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o Brasil registra 14 mortes e 190 acidentes nas rodovias federais. Somente em 2018, foram 69.206 acidentes, sendo 53.963 com vítimas. Esses acidentes resultaram em 5.269 mortes no ano. Nos 12 anos analisados pela CNT, o Brasil teve 1,7 milhão de acidentes nas rodovias federais, sendo 751,7 mil com vítimas e 88,7 mil mortes. Com a deterioração das rodovias, esse quadro pode recrudescer ainda mais. “Sabemos que os acidentes matam mais que muitas guerras. Por isso, priorizar essa situação é, também, cuidar da vida das pessoas” – ilustrou o senador.