Adeus, adeus, adeus / Adeus / Adeus, adeus, adeus / Cinco letras que choram /
Sem o drama da melodia de Silvino Neto imortalizada na voz de Francisco Alves. Nada disso. Apenas um breve texto em respeito ao leitor. Assim, comunico que na terça-feira, 24 de janeiro de 2023, deixo a atividade jornalística após algumas décadas atuando em redações e estrada afora em busca da notícia.
Na data não postarei artigo nem farei matéria sobre a decisão. Tão natural quanto o começo tem que ser o fim. Deixo o jornalismo e o atrevimento em escrever livros. Sem mágoa e lamentação desligo o computador e guardo a caneta. Agradeço todas as mãos que se estenderam por mim ao longo dessa caminhada e parto para um caminho que não sei para onde leva, mas como nos ensinou o poeta, com outras palavras: O caminho não existe; o caminho se faz ao caminhar.
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Até lá, permanecerei com o mesmo entusiasmo do primeiro dia, do texto inaugural. A decisão foi amadurecida antes de ser tomada. É preciso reconhecer derrota com a serenidade da conquista. O jornalismo é uma atividade com fim lucrativo como as demais, e em Mato Grosso seu exercício é inviável para os que optam pela verdade, pois o poder e os poderosos não aceitam questionamentos nem críticas.
A mídia institucional sente urticária com os que se distanciam dos que guardam a chave de seu cofre, e essa condição provoca efeito cascata no mercado publicitário. Nenhuma reclamação quanto a isso. Regras do jogo disputado longe do olhar do leitor, que às vezes sequer nota a existência da barreira que separa os contemplados dos marginalizados que ousam semear a verdade pura e cristalina.
Enquanto o tempo passa aguardo pela chancela de minha aposentadoria requerida em setembro do ano passado junto ao INSS. Em tese, por razão etária, o processo sobre o tema já teria que estar sacramentado, mas independentemente disso, o adeus está definido. Essa aposentadoria será importante para a complementação de uma renda mínima que assegure minha subsistência.
Sugiro que leiam o e-book O lugar chamado Rondonópolis, na capa do blog, pois o mesmo será retirado da internet logo após minha despedida, já que aquela página somente será mantida enquanto vigorar sua hospedagem – por curto período após 24 de janeiro.
Minha trajetória no jornalismo é longa. Durante esse tempo, por falha, incompetência ou fraqueza humana cometi deslizes pelos quais peço desculpas. Ainda assim, com tropeços e quedas creio que foi um ciclo produtivo dentro de minhas limitações. Sou grato a Deus e aos colegas que estiveram comigo.
Definitivamente fora do jornalismo, mas sem isolamento. Tenho duas páginas no Facebook, mas manterei somente uma; o Instagram e o grupo de WhatsApp Boamidia que edito em Cuiabá. Porém, nessas redes sociais não postarei enquanto jornalista. Elas serão elos virtuais entre nós.
Desejo que o jornalismo mato-grossense cumpra seu papel. Tentei cumprir o meu.
Fica minha gratidão. Deus por nós.
Cuiabá. 7 de novembro de 2022
*EDUARDO GOMES DE ANDRADE é jornalista e escritor em Mato Grosso. É autor de vários livros, entre os quais “Nortão – BR 163: 46 anos depois” e “O lugar chamado Rondonópolis”; e editor do Blog do Eduardo Gomes.
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