Adeus, adeus, adeus  / Adeus / Adeus, adeus, adeus / Cinco letras que choram /

Sem o drama da melodia de Silvino Neto imortalizada na voz de Francisco Alves. Nada disso. Apenas um breve texto em respeito ao leitor. Assim, comunico que na terça-feira, 24 de janeiro de 2023, deixo a atividade jornalística após algumas décadas atuando em redações e estrada afora em busca da notícia.

Na data não postarei artigo nem farei matéria sobre a decisão. Tão natural quanto o começo tem que ser o fim. Deixo o jornalismo e o atrevimento em escrever livros. Sem mágoa e lamentação desligo o computador e guardo a caneta. Agradeço todas as mãos que se estenderam por mim ao longo dessa caminhada e parto para um caminho que não sei para onde leva, mas como nos ensinou o poeta, com outras palavras: O caminho não existe; o caminho se faz ao caminhar.

Leia Também:

– Pauta pra quem fica no jornalismo!

–  Bolsonaro e a partidarização do Grande Templo

– De cultura da bajulação ao poder

– O hoje, o amanhã e o ontem

– De povo silencioso

– A bancada dos Campos na terra da familiocracia

– Todos pelos 34 municípios ameaçados

– O silêncio de Rosa Neide

– De cassação administrativa

– Quase 40 mil cargos comissionados foram entregues para partidos

 

Até lá, permanecerei com o mesmo entusiasmo do primeiro dia, do texto inaugural. A decisão foi amadurecida antes de ser tomada. É preciso reconhecer derrota com a serenidade da conquista. O jornalismo é uma atividade com fim lucrativo como as demais, e em Mato Grosso seu exercício é inviável para os que optam pela verdade, pois o poder e os poderosos não aceitam questionamentos nem críticas.

A mídia institucional sente urticária com os que se distanciam dos que guardam a chave de seu cofre, e essa condição provoca efeito cascata no mercado publicitário. Nenhuma reclamação quanto a isso. Regras do jogo disputado longe do olhar do leitor, que às vezes sequer nota a existência da barreira que separa os contemplados dos marginalizados que ousam semear a verdade pura e cristalina.

Enquanto o tempo passa aguardo pela chancela de minha aposentadoria requerida em setembro do ano passado junto ao INSS. Em tese, por razão etária,  o processo sobre o tema já teria que estar sacramentado, mas independentemente disso, o adeus está definido. Essa aposentadoria será importante para a complementação de uma renda mínima que assegure minha subsistência.

Sugiro que leiam o e-book  O lugar chamado Rondonópolis, na capa do blog, pois o mesmo será retirado da internet logo após minha despedida, já que aquela página somente será mantida enquanto vigorar sua hospedagem – por curto período após 24 de janeiro.

Minha trajetória no jornalismo é longa. Durante esse tempo, por falha, incompetência ou fraqueza humana cometi deslizes pelos quais peço desculpas. Ainda assim, com tropeços e quedas creio que foi um ciclo produtivo dentro de minhas limitações. Sou grato a Deus e aos colegas que estiveram comigo.

Definitivamente fora do jornalismo, mas sem isolamento. Tenho duas páginas no Facebook, mas manterei somente uma; o Instagram e o grupo de WhatsApp Boamidia que edito em Cuiabá. Porém, nessas redes sociais não postarei enquanto jornalista. Elas serão elos virtuais entre nós.

Desejo que o jornalismo mato-grossense cumpra seu papel. Tentei cumprir o meu.

Fica minha gratidão. Deus por nós.

Cuiabá. 7 de novembro de 2022

 

*EDUARDO GOMES DE ANDRADE  é jornalista e escritor em Mato Grosso. É autor de vários livros, entre os quais “Nortão – BR 163: 46 anos depois” e “O lugar chamado Rondonópolis”; e editor do Blog do Eduardo Gomes.  

CONTATO:                                                                    www.facebook.com/eduardogomes.andrade

E-MAIL:                                                                      eduardogomes.ega@gmail.com

Sigam Eduardo Gomes Andrade no Instagram:       @andradeeduardogomes