A volta de Lucas Paquetá à seleção brasileira na próxima data Fifa, em novembro, é tema de discussão na CBF. Fernando Diniz gostaria de contar com o meia do West Ham, que ficou fora das duas primeiras convocações dele.
Lucas Paquetá foi vetado na Seleção desde que passou a ser investigado pela federação inglesa de futebol (FA) por possíveis violações de apostas esportivas, em agosto.
Porém, o jogador segue em atividade pelo West Ham – foi titular nas oito rodadas do Campeonato Inglês, tendo dois gols e uma assistência neste início de temporada.
Por ser um tema delicado, a decisão sobre convocar ou não Paquetá para enfrentar Colômbia e Argentina, pelas Eliminatórias, passa não apenas pela comissão técnica da Seleção, como também pelo comando da CBF. Fernando Diniz e o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, voltarão a tratar sobre o assunto até o fim da semana que vem, quando será fechada a próxima lista de convocados.
Ednaldo não tem ingerência nas convocações de Diniz, mas este é um caso excepcional, tal qual o de Antony, que foi cortado no mês passado por estar sendo acusado de agredir a ex-namorada. Em meio a investigação policial (que segue em curso), o atacante ficou afastado do Manchester United por três semanas e voltou na última partida, tendo disputado 27 minutos.
A lesão de Neymar, que só voltará a jogar em 2024, torna Paquetá ainda mais importante para a Seleção. Porém, esse assunto já era debatido antes mesmo do problema com o camisa 10.
Após a última convocação, Diniz fez elogios ao meia:
– É um jogador que eu adoro. Os outros também o adoram como pessoa, isso ele me transmite também, quando assisto aos jogos dele, desde o Flamengo, que é uma pessoa muito fácil de se tratar – disse o técnico.
– A gente espera que tudo corra bem com o Paquetá, a gente acredita também que é o momento para ele resolver, espera esteja perto do fim desse problema e possa em breve convocá-lo para ele poder ajudar a seleção brasileira – completou.
Entenda como estão as investigações
Ainda não há previsão de um desfecho da investigação sobre Lucas Paquetá. Na última terça-feira, o ge mostrou que a Federação Inglesa solicitou novos documentos para anexar ao processo.
As regras da entidade determinam que a cada prova incluída a data limite das apurações se renove, adiando assim a definição se o caso será arquivado ou avança para um inquérito.
Há três semanas, a FA pediu que o jogador entregasse seu telefone celular para averiguação. O brasileiro acatou de pronto em trâmite acompanhado por seus advogados mediante assinatura de documentos por ambas as partes que esclarecem que não há provas anexadas que não sejam de conhecimento de todos.
A medida, por sua vez, retarda a conclusão da investigação que estava prevista para o dia 11 de outubro, uma vez que o depoimento de Lucas Paquetá na sede da Federação ocorreu no dia 11 de setembro. Advogados ingleses contratados pela empresa que gere a carreira do atleta acompanham de perto o desenrolar do episódio.
Entenda o caso
A investigação é baseada em um relatório apresentado à federação inglesa pelo Sports Radar, órgão fiscalizador de ações suspeitas.
Foi identificado um incomum volume de apostas casadas em dois jogos realizados no mesmo dia, um no Campeonato Inglês, outro no Campeonato Espanhol.
A aposta casada previa que Lucas Paquetá tomaria um cartão amarelo no jogo entre o West Ham e o Aston Villa, pela Premier League. E também que Luiz Henrique seria advertido com amarelo na partida entre Real Betis (seu time) e Villareal. Os dois jogadores tomaram os cartões amarelos.
As apostas foram feitas em Duque de Caxias (Baixada Fluminense) no site da Betway, casa que patrocina o West Ham e não é uma das populares no Brasil, em contas vinculadas a pessoas próximas a Paquetá e Luiz Henrique. Elas chamaram atenção por ser um modelo incomum.
Análise inicial mostrou que nesse dia várias contas novas foram criadas na Betway, com os usuários depositando o valor máximo permitido. Essas contas fizeram uma aposta casada para aumentar os ganhos: os autores só receberiam o dinheiro se Paquetá levasse amarelo contra o Aston Villa e se o atacante Luiz Henrique, do Betis, recebesse o cartão contra o Villarreal, no mesmo dia 12 de março.
O jogo na Inglaterra terminou empatada em 1 a 1 e Paquetá levou um amarelo no segundo tempo. A partida do Campeonato Espanhol também acabou empatada por 1 a 1. Luiz Henrique entrou aos 12 minutos do segundo tempo e levou o cartão aos 43.
É de praxe que as entidades monitorem as denúncias recebidas e tomem medidas de investigação ao término das temporadas. Não há, porém, sinalização da FA até o momento com provas que sejam diretamente ligadas a Paquetá, como interceptações telefônicas, documentos ou mesmo especificação dos aportes financeiros — conduta que norteou, por exemplo, a Operação Penalidade Máxima, deflagrada em 2023 no futebol brasileiro.
A expectativa é de que o posicionamento da Federação Inglesa seja definitivo, uma vez que a CPI das Manipulação do Futebol já foi dada como encerrada. Inicialmente, o jogador do West Ham prestaria esclarecimentos através de videoconferência, mas a resolução final da CPI invalidou o convite. (GE)