A escuridão é ausência de luz. Então, ambas coexistem. O ódio é a ausência de amor, portanto, estão por aí. A existência precede a essência (Heidegger).
Poder-se-ia aceitar a ideia de que primeiro a escuridão, depois, a luz? Se fosse o contrário, haveria decréscimo, então? Primeiro, existo; depois, sou em essência.
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O que andas fazendo consigo? Estar-se-á a decrescer ou a ascender? Aspiras algo maior ou menor?
Será a consciência uma inútil adição ao cérebro e aos nervos (Huxley)? Em tempo, deve-se esclarecer que o termo consciência aqui empregado é diferente de seu significado comum, mas o de uma relação interior ou espiritual ao homem ou à mulher, pela qual se pode conhecer-se e fazer julgamentos.
Ao nascer, tens atributos natos que ajudarão na formação e formatação de sua essência, de seu ‘eu’ dos anos, como a alteridade te reconhece (quando o agente se mostra sem máscara, somente o estar no mundo) e como és projetado (Ser).
Tem-se, então, um Ser de início e uma Essência (Ser qualificado e Essência) por final. Aqui não se tem espaço para a expiação, divindade alguma te há de substituir na própria culpa. A consciência não é inútil e não há harmonia preestabelecida entre espírito e corpo (como pareceu querer Leibnitz). És o que se tornou.
Tu és criatura, que também se fez criador de si, pois, o Criador só gerou a Um. Carregue consigo a sua culpa e não chores o ‘eu’ que se tornou e nem derrame sobre ombros alheios a própria desilusão.
Temendo em se afogar, um escorpião pediu carona a um sapo para atravessar determinado rio. Temendo ser aferroado, o sapo inicialmente negou ajudar. Após muitas insistências, e tendo o escorpião jurado não lhe fazer mal algum, aceitou. Já nas costas do sapo e no meio da travessia, o escorpião lembrou da própria natureza (existência) e aferroou o sapo. Ambos morreram.
O escorpião não tem consciência para julgar, ele é somente natureza (existência), e a exerceu, mesmo se destruindo. Tu se tornas em determinada essência. O escorpião é.
Nunca se deixes levar pelo veneno dos venenosos por natureza. Não tiveram consciência sã para bem poder julgar. Perdoa-lhes, pois, da essência que tens como exemplo, nem de longe os alcançará.
Seria uma grande perda de tempo mudar o curso do rio que se sente aprisionado pelas margens do ódio e da estupidez.
É por aí…
*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (SAÍTO) é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de Cuiabá.
E-MAIL: antunesdebarros@hotmail.com
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