JOÃO LOMBARDI

No processo de envelhecimento, fisiologicamente ocorrem alterações no corpo ao passar dos anos e com o avanço da idade cronológica. Quando esse processo fisiológico natural foge do que é esperado, devemos dar maior atenção na assistência à saúde e ao diagnóstico de doenças.

O maior exemplo deste contexto é a Sarcopenia. A Sarcopenia é definida como perda de massa, força ou função muscular, e uma das causas é o envelhecimento. A Sarcopenia já é registrada no CID, a Classificação Internacional de Doenças. Está relacionada a inúmeras doenças como Diabetes, Hipertensão, Osteoporose, Obesidade, entre outros e é um grande preditor de desfechos negativos como quedas, hospitalizações e mortalidade na população de idosos. Estima-se que 17% da população idosa seja sarcopênica no Brasil.

O exercício físico é fundamental em pacientes sarcopênicos, com uma mescla de estímulos desde mobilidade, equilíbrio e flexibilidade até exercícios de força e potência, preferencialmente de forma estruturada e programada com acompanhamento médico e profissional de educação física.

“Também o treinamento físico entra como manutenção da saúde mental pois é uma atividade que proporciona um compromisso do idoso com ele mesmo”

O aumento de força pode chegar a até 40% e tem um impacto positivo em atividades funcionais simples como se limpar no banheiro e subir alguns lances de escada. A recuperação em termos de funcionalidade da musculatura com os treinos dará mais autonomia e diminui a conhecida dependência de terceiros. Também o treinamento físico entra como manutenção da saúde mental pois é uma atividade que proporciona um compromisso do idoso com ele mesmo, neste caso a saúde, separando um momento do seu dia, tirando os pacientes sarcopênicos de um ciclo vicioso de inatividade física perpetuando a sarcopenia e vice-versa.

O treinamento aeróbico também deve ter sua devida atenção e ser adicionado à rotina de exercícios para ganhos em saúde cardiovascular, já que ao passar dos anos o risco cardiovascular de eventos cardiológicos negativos aumenta, além da já citada associação de doenças como hipertensão e obesidade, que sabidamente aumentam risco cardiovascular, com a sarcopenia.

O acompanhamento médico de rotina é essencial junto com os treinamentos, pois alguns ajustes associados potencializam muito o tratamento, como ajuste de vitamina D e aumento de consumo protéico. O efeito no músculo do treinamento físico depende de uma quantidade de proteínas, pois existe nos pacientes idosos a chamada resistência anabólica, que deve ser vencida com o aporte adequado de proteínas para que com o treinamento físico se tenha os benefícios associados. Ajuste de sono, cessar tabagismo e alguns suplementos específicos são algumas das outras intervenções feitas nesse público de pacientes.

Por fim, o melhor tratamento da sarcopenia é a prevenção. Manter um estilo de vida ativo, praticando exercícios e se alimentando bem, promovendo saúde e prevenindo doenças, é a melhor ferramenta para que se chegue em idades mais avançadas de uma forma mais saudável e com risco muito menor de desenvolver sarcopenia e todos os problemas que ela traz.

João Lombardi é médico do exercício e do esporte pela Unifesp, Pós em fisiologia do exercício e metabolismo pela USP de Ribeirão Preto, mestrando pela UFMT, integra a equipe do Instituto Lombardi, médico do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio, médico assistente do Comitê Paralímpico Brasileiro.

(RDNEWS)