De R$ 142,6 milhões ao final de 2018, a dívida do Palmeiras com a Crefisa, patrocinadora do clube, pelo pagamento de jogadores passou a ser de R$ 172,1 milhões no ano passado. O aumento se explica não somente por juros do período, mas também por novos aportes da parceira.
O clube recorreu à empresa para poder adquirir os direitos econômicos do atacante Carlos Eduardo (atualmente emprestado ao Athletico) do Pyramids, do Egito. Do total de R$ 25.186.000 acertados pela contratação a prazo, foram quitados R$ 16.840.00,00 em 2019.
Segundo o Palmeiras, no ano passado também foram emprestados da Crefisa cerca de R$ 4 milhões – o valor não está especificamente discriminado no balanço financeiro divulgado na semana passada, mas sim dentro das despesas operacionais – ainda para custos da contratação do meia Lucas Lima, que já estava livre do Santos quando chegou ao clube, em janeiro de 2018.
Foi prática comum nos últimos tempos, na contratação de reforços que não estavam sob contrato com outros clubes, a diluição de altos valores em luvas ao longo do vínculo.
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Último balanço financeiro do Palmeiras mostra aumento da dívida com a Crefisa — Foto: Reprodução
Como também aponta o balanço, a quantia atualizada da dívida já leva em consideração R$ 1,3 milhão devolvidos “em função do recebimento de parte dos valores vendidos” do zagueiro Juninho (para o Bahia) e do volante Thiago Santos (para o FC Dallas, dos Estados Unidos).
O restante da diferença de um ano para o outro, justifica o clube, é resultado de encargos financeiros. No acordo com a Crefisa, os juros são calculados com base em CDIs (Certificados de Depósito Interbancário), um dos principais indicadores financeiros do mercado.
O clube ainda reconhece R$ 2 milhões de “saldos restantes a liquidar quando do recebimento dos valores a receber pela venda dos referidos atletas além do atleta Carlos Eduardo”.
O que diz a diretoria
Que o montante seria bem menor se o clube não tivesse segurado nomes como o atacante Dudu e o volante Bruno Henrique, peças importantes na conquista do título brasileiro de 2018.
Também contratados com investimento da patrocinadora, ambos tinham propostas do futebol chinês e poderiam render 25 milhões de euros, algo em torno de 70% da dívida na época.
A manutenção dos principais jogadores, somada à chegada de outros reforços, foi uma aposta esportiva alta que não deu certo em 2019. Ano que terminou com duas trocas de treinador e a demissão de Alexandre Mattos, diretor de futebol.
Depois disso, a gestão do presidente Maurício Galiotte reposicionou custos e investimentos para 2020. Optou por contratar menos – apenas o lateral-esquerdo Matías Viña e o atacante Rony – e dar mais espaço a jogadores formados nas categorias de base.
Outro argumento da diretoria contra críticas é de que a dívida com a Crefisa está coberta com a possibilidade de venda futura dos ativos (jogadores contratados com aporte da parceira) e que o modelo levou o clube a três títulos nacionais desde 2015, período em que a empresa ainda injetou outros R$ 340 milhões em patrocínio.
Se os jogadores não forem vendidos e deixarem o Palmeiras com o fim do contrato, o clube precisa devolver à empresa o valor investido na contratação (mais juros) em até dois anos. (Globo Esporte)