Se o Fortaleza vem sendo um laboratório muito especial na carreira promissora do técnico Rogério Ceni, o ídolo do tricolor (paulista e também do cearense) também faz pelo clube o que poucos, ou nenhum, conseguiu. Depois de conseguir o título da Série B, e mais importante, reencontrar o rival Ceará na Série A, a ideia era que o treinador conseguisse manter o time na elite. Não só fez isso como garantiu a primeira participação do Fortaleza numa competição internacional de peso como a Sul-Americana, e chega na penúltima rodada do Brasileiro com chances matemáticas de disputar a pré-Libertadores. Fez e faz história.
E no meio de tudo isso ainda houve a derrapada de Ceni ao decidir aceitar o convite de grego do Cruzeiro para tomar conta de um vespeiro. Nesse ínterim, o tricolor foi dirigido por Zé Ricardo em 8 jogos. Sem entrar no mérito estritamente técnico, de estratégia, os resultados do Fortaleza nesse breve período foi… normal. Duas vitórias (CSA e Goiás), dois empates (Bahia e Santos) e quatro derrotas (Internacional, Fluminense, Palmeiras e Athlético-PR). Não houve nenhuma derrota acachapante, houve até uma reação espetacular contra o Santos (3 a 3, depois de 3 a 0 no primeiro tempo), campanha, repito normal. Que deixou 16 pontos pelo caminho. Pensando que, com 5 pontos a mais o Fortaleza estaria no G-8, à frente do Corinthians, dá para imaginar, embora jamais teremos tal certeza, que se Ceni tivesse ficado todo o tempo no cargo a campanha do time seria ainda mais espetacular.
O Fortaleza tem mais vitórias do que o Corinthians, imagine a felicidade do treinador com esse detalhe. O Fortaleza tem mais gols do que o Corinthians, do que o Internacional, e tem 13 gols a mais do que o São Paulo, eterna segunda casa de Ceni. É muita coisa. E não é aleatório. Sem recursos, com um time modesto, o técnico conseguiu, além de lhe dar personalidade, fazer o time alternar intensidade, ter consistência com a bola, melhorar muito o fundamento do passe. Rogério só não conseguiu acertar à vera o sistema defensivo – e se fizesse isso estaria na Libertadores e com uma estátua no clube. O Fortaleza já sofreu os mesmos 48 gols que marcou (mais vazado do que Cruzeiro, Ceará, Vasco, Botafogo, Fluminense, Atlético-MG e Bahia, que estão atrás dele na tabela).
Assim como no fim do ano passado, a discussão em torno de Rogério Ceni é se ele deve ou não ficar no Fortaleza. Se tivesse “apenas” mantido o time na elite, eu acharia que a missão estava cumprida e ele poderia pensar em subir um pouco. Fazendo o que fez, eu ficaria. Porque mostrou ser possível superar expectativas.
Dá para imaginar o Fortaleza numa final de Sul-Americana? Difícil, mas com Ceni e umas duas contratações, pra imaginar dá. Ou, quem sabe ainda, o Fortaleza chegando na fase de grupos da Libertadores… (SporTV)