O desgaste de Renato Portaluppi com a imprensa gaúcha chegou ao ápice após a derrota do Grêmio por 4 a 2 para o Flamengo, na última quinta-feira, na Arena, em jogo atrasado da 23ª rodada do Brasileirão. Irritado com as recentes críticas, o técnico ameaçou que, caso as cobranças sigam no tom que julga injusto, entregará “nomes” de jornalistas à torcida.
A entrevista coletiva após a derrota pouco teve uma avaliação sobre o desempenho do time. Renato preferiu falar sobre a postura dos críticos. Em sua ótica, há uma cobrança demasiada ao Grêmio. O técnico acredita que alguns jornalistas pendem ao Inter em suas análises e acabam “batendo” mais no Tricolor.
Desconfortável, disse “não ter medo de nenhum jornalista”. E foi além. Prometeu entregar nomes de alguns profissionais caso o cenário atual siga inalterado, por ter o respaldo do presidente Romildo Bolzan Júnior. Atitude esta que acredita ter consequências com os tricolores, ao dizer que “depois se acertem com a torcida”.
– E vocês, colorados, que sofrem há muito tempo, torçam para o Inter ser campeão, ou ficarão na fila de novo. Na próxima, vou dar os nomes. Aqui não tem defeito. Vou deixar mais famosos. É só falar mais besteira que tenho autorização do presidente – disse o treinador.
Relação de Renato Gaúcho com a imprensa está atritada — Foto: Eduardo Moura / ge
Não foi a primeira vez em que Renato mostrou incômodo com parte da imprensa. O principal motivo ao longos dos últimos anos foi sobre poupar o time e não encarar o Brasileirão com maior dedicação. Sua defesa para mudar a escalação se baseava nos dados recebidos do departamento de fisiologia.
Durante a atual passagem, ainda houve o episódio do “cornetinha”, em 2019. Na ocasião, ironizou ao dizer que um profissional “podia não estar satisfeito porque o time dele não dá volta olímpica há muito tempo”. Na derrota para o Inter no último domingo por 2 a 1, o ídolo tricolor mostrou acidez. Se recusou a responder uma pergunta da Bandeirantes.
O veículo não é o único que tem o desagradado. Renato se “escalou” para comparecer ao programa “Sala de Redação”, da Rádio Gaúcha. O técnico prometeu confrontar a análise dos comentaristas.
– É fácil bater e não ter que rebater. Vou fazer o Sala de Redação semana que vem, duas horas ao vivo. Conversaremos sobre futebol e veremos o quanto vocês entendem. Vocês seguirão falando as besteiras, mas estaremos ao vivo. Eu vou estar lá. Quero estar lá e veremos o quanto entendem de futebol.
Em entrevista coletiva após a fala de Renato, o vice de futebol Paulo Luz adotou discurso menos incisivo que o do treinador. Mas ele referendou a análise de que há algumas críticas que serve apenas para “detratar” o trabalho feito no clube. E afirmou que por vezes sente a insituição desrespeitada.
– Sou dirigente e as vezes sou desrespeitado. Não só eu, mas a instituição, outros dirigentes, atletas, Renato. A crítica, quando construtiva, com respeito, é bem vinda. Faz bem ao futebol. Quando vem para detratar, como tem ocorrido corriqueiramente, ela machuca. Não entrarei em quem é colorado ou gremista. Tenho confiança que a grande maioria é imparcial e procura agir da melhor maneira. Mas que ficamos ressentidos, ficamos – disse o dirigente.
Com a derrota para o Flamengo, o Grêmio estaciona em 51 pontos, na sexta colocação do Campeonato Brasileiro. O Tricolor volta a campo no próximo domingo, às 16h quando enfrenta o Coritiba no Couto Pereira pela 33ª rodada do Brasileirão.
A ACEG vem a público repudiar veementemente as declarações de Renato Portaluppi na entrevista coletiva após a partida contra o Flamengo.
Na supracitada entrevista, o técnico gremista incitou que, em futuras coletivas, pode citar nomes de cronistas que, segundo Renato, “falam besteira”.
Ao falar que “Quando a gente ouve algumas pessoas da imprensa falando besteira, e é bom que eu não tenho medo de vocês da imprensa e não tenho medo de nenhum de vocês. Vou começar a dar o nome aqui na próxima entrevista, se continuar falando besteira durante a semana, vou deixar um de vocês, ou dois ou três, mais famosos, mas eu vou dar o nome. Depois vocês se acertam com a torcida do Grêmio. (…) É só continuar falando besteira lá que eu tenho autorização do meu presidente e aí vocês vão ver lá nas redes sociais”, Renato coloca os milhões de torcedores do Grêmio contra a imprensa esportiva.
Também desagrada a ACEG o modelo de entrevistas coletivas, com perguntas gravadas e selecionadas, adotado pelo clube. Esta maneira de conduzir as entrevistas não está à altura do Grêmio e nem do seu presidente Romildo Bolzan Jr no trato com a imprensa.
A ACEG se solidariza e presta apoio aos cronistas que exercem seu trabalho e, atualmente – mais do que nunca, são o elo entre os torcedores e os clubes. Vamos lutar para que atos como esse não tornem a ocorrer e os jornalistas possam atuar com liberdade e segurança de que necessitam para bem realizar o seu trabalho.
Alex Bagé – Presidente