Começou oficialmente a quarta passagem de Renato Portaluppi pelo Grêmio. Algumas horas depois de desembarcar em Porto Alegre e ser recepcionado com festa pela torcida, o técnico foi apresentado oficialmente no CT Luiz Carvalho e falou sobre o desafio inédito que terá pela frente: confirmar o retorno à elite do Campeonato Brasileiro.
O técnico de 59 anos recebeu a camisa de número 7 das mãos do presidente Romildo Bolzan Júnior, o mesmo número que vestiu como jogador na conquista do Mundial de Clubes de 1983. Durante a entrevista, ressaltou sua forte ligação com o clube, pediu o apoio da torcida e manifestou confiança total no acesso.
– Agora faltam 10 jogos e o objetivo é voltar para a elite, voltar para a Série A. Por isso estou aqui. Conheço 90% do grupo do Grêmio. Conheço o clube como a palma da minha mão. Tenho certeza que vamos trabalhar bastante para que a gente possa dar alegria ao torcedor, ninguém mais que ele merece voltar à Série A. Esse é o objetivo – destacou o técnico.
– Esse objetivo de voltarmos me trouxe de volta para o clube que praticamente comecei a profissão. Aceitei com o maior prazer, nos últimos meses o nosso torcedor sofreu bastante com a queda, mas o que a gente pode fazer é voltarmos para a Série A como presente de Natal. Estou pedindo a força do torcedor. E o Grêmio vai subir – destacou mais adiante.
O técnico também usou do prestígio que tem junto aos gremistas para pedir apoio da torcida na reta final da Série B e também aos jogadores que vêm sendo criticados desde o rebaixamento. O treinador é reconhecido como um grande gestor de vestiário e tem fama de recuperar alguns nomes em baixa, algo que ele disse que espera repetir agora.
– Desde já convoco nosso torcedor para que possa lotar a Arena. O recado que mando acima de tudo é que abracem o grupo do Grêmio. Seja qualquer jogador que esteja em campo. É o nosso objetivo também. Independentemente de um ou outro que tenha desconfiança. É com esse grupo que iremos voltar para a Série A – completou.
Essa será a quarta passagem de Renato como técnico do Grêmio. A última durou quatro anos e sete meses, de setembro de 2016 a abril de 2021, e foi marcada pelas conquistas da Copa do Brasil de 2016 e da Libertadores de 2017, além de três campeonatos gaúchos. O treinador também comandou o clube de 2010 a 2011 e em 2013.
Renato chega para substituir Roger Machado, demitido na última semana, dias após a derrota para o Criciúma. O contrato com o Tricolor é de apenas dois meses, até o final da Série B. Ele terá 10 jogos no comando para confirmar o acesso – no momento, o Tricolor é terceiro colocado, com 47 pontos. A estreia será no próximo domingo, contra o Vasco, na Arena.
Outros trechos da entrevista:
Jogar melhor na Série B
“Eu concordo com quem pensa que o Grêmio devia estar em uma situação melhor. Agora, não vamos querer cobrar no momento deste grupo o futebol que o Grêmio jogava há dois ou três anos. É um grupo totalmente diferente, jogadores com características diferentes. O objetivo é subir. Se tiver que dar chutão, vamos dar. Se tiver que jogar bonito, vamos jogar. O objetivo é subir. O que peço é que abracem o grupo, independentemente de quem for jogar. O que o torcedor quer, e eu quero também, é a entrega dentro do campo. Isso não vou abrir mão. No futebol bonito eu não acredito neste pouco tempo. Mas a entrega vai ser muito grande. Tenho acompanhado toda a segunda divisão e sei o que nos espera. Esse grupo com o torcedor é uma força muito grande.”
Convite para voltar ao Grêmio
“Chegaram de outros clubes, mas tinha combinado que não iria trabalhar esse ano. Ganhar dinheiro é bom, mas viver também. Eu falo que caixão não tem gaveta, que o dinheiro fica aqui. Tem que se divertir. Foi uma batalha muito árdua, tinha tirado o ano para descansar. Recusei vários convites, agora um convite do presidente que me dei superbem, linha direta, não poderia recusar. Conhecendo o clube e o nosso torcedor. Aceitei, foi um papo rápido, por tudo que falei, a pessoa que ele é. Estou com a missão de voltarmos para a Série A.”
Críticas sobre ter participação no rebaixamento
“As críticas, nem sei porque não acompanho, não vou entrar em detalhes. O currículo fala por mim. Seria a mesma coisa que eu falasse: “Todos os títulos fui eu que ganhei”. O sofrimento foi muito grande, na época que estava brigando contra o rebaixamento, estava trabalhando no Flamengo e acompanhando. Não adianta ficar mexendo no passado. Importante é daqui para frente. É totalmente diferente, energia positiva, ambiente diferente. Para a gente voltar para a Série A.”
Demissão de Roger Machado
“Me dou superbem com o Roger, estava fazendo um bom trabalho. Os resultados não estavam aparecendo, mas faz parte da vida do Roger ou da minha, sempre é o treinador que paga o pato. Eu estava acompanhando, conheço tudo, agora é diferente, não (vou ligar). Vou pegar as coisas boas que o Roger deixou. Quando falo da entrega, é da maneira que gosto de trabalhar. Vou cobrar sempre do grupo em qualquer clube. Jogador ganha bem para trabalhar. O cara que é bom tecnicamente, se não estiver bem, não pode deixar de correr. Ele é pago para isso. Eu cobro bastante do grupo. A entrega podem começar a cobrar. Sempre vou estar no campo, treiná-los para desempenhar o papel.”
Jogadores que precisam ser recuperados
“Esse é meu trabalho, mas pode ter certeza que um ou outro que não está rendendo vai render mais. E o que está rendendo vai render mais ainda. Sei trabalhar a mente deles, do que o jogador gosta e não gosta. Conheço bem o grupo e o clube. Pode ter certeza que todo o grupo, não só um ou outro, todo grupo vai subir de produção. A entrega vai ser muito grande. Futebol de segunda divisão, você vê o Cruzeiro disparado na frente e não joga um futebol bonito, com todo respeito. Não fiquem exigindo futebol bonito, o objetivo é subir jogando feio ou bonito. O Grêmio precisa subir.” (GE)