João do Pulo era para ter sido campeão olímpico em 1980? Sylvie Fréchette deveria ter levado o ouro o ouro no nado sincronizado em 1992? Vanderlei Cordeiro de Lima teria terminado a maratona em primeiro se não tivesse sido atrapalhado em 2004? Os românticos costumam dizer que sem polêmica o esporte não teria a mesma graça. Independentemente de qualquer convicção, o que não falta são casos controversos e um tanto violentos na história dos Jogos Olímpicos. Da pancadaria no polo aquático em 1932 às indisciplinas no judô em 2016, o GloboEsporte.com fez uma lista de 10 momentos emblemáticos quando o assunto é polêmica em Olimpíadas. Confira:
Pancadaria no polo aquático
Em 1932, nos Jogos de Los Angeles, a seleção brasileira de polo aquático protagonizou cenas de selvageria após a derrota por 7 a 3 para a Alemanha. Revoltados, os brasileiros esperaram acabar a partida e foram para cima do árbitro húngaro Bela Komjadi, que dera 40 faltas a favor dos alemães e apenas quatro para os brasileiros. Dez policiais tiveram que entrar em cena para salvar o juiz, que ainda sim levou dois socos. O goleiro Luiz Henrique da Silva foi um dos que atingiu Komjadi já na arquibancada. Os jogadores do Brasil só parados na base da força.
Brasileiros vão para cima do árbitro após derrota no polo aquático em 1932 — Foto: International Swimming Hall of fame
Erro brasileiro em Munique 1972
No auge da guerra fria, nos Jogos de Munique 1972, Estados Unidos e União Soviética disputavam o título do basquete masculino, quando entrou em cena a figura do árbitro brasileiro Renato Righetto. Os americanos venciam por 50 a 49, faltando dois segundos. A URSS repôs a bola em jogo, mas a perdeu com um segundo de cronômetro, e os americanos comemoraram. Righetto mandou voltar a jogada. com a nova cronometragem no placar, Edeshko fez um lançamento incrível para Belov, que teve 1s para penetrar na defesa americana e fazer a cesta. Ouro para a União Soviética e muita reclamação dos americanos, que sequer foram à premiação.
Renato Righetto cometeu grave erro em Munique 1972 — Foto: Reprodução
“Garfada” em João do Pulo
João do Pulo foi medalha de bronze no salto triplo em Moscou 1980, mas muitos acreditam que era para o brasileiro ter levado o ouro. Terceiro colocado com a marca de 17,22m, a 2cm da prata, João do Pulo teve dois saltos anulados pelos fiscais soviéticos. Segundo analistas internacionais, os dois teriam sido válidos e um deles, inclusive, teria superado os 18m, o que seria o recorde mundial na época.
João do Paulo teve dois saltos anulados em Moscou 1980 — Foto: ABC Photo Archives/Getty Images
Ouro merecido?
Em 1988, nos Jogos de Seul (Coreia do Sul), o boxe apresentou um dos resultados mais controversos da história. Em decisão dos juízes, o coreano Park Si Hun ficou com o ouro em cima do americano Roy Jones Jr, que dominou a luta. Um levantamento da TV BBC contou 82 golpes dados pelo americano contra apenas 32 pelo coreano. O resultado final dos árbitros foi de 3 a 2 para o dono da casa.
Roy Jones Jr contestou bastante a decisão da arbitragem — Foto: Focus on Sport/Getty Images
Mais um erro de arbitragem brasileiro
Em Barcelona 1992, a canadense Sylvie Fréchette era favorita para conquistar o ouro no nado sincronizado. Ela fez sua apresentação, e suas notas ficaram entre 9,8 e 9,7, exceto pela árbitra brasileira Ana Maria Lobo, que deu a pontuação de 8,7. O problema é que Ana queria dar 9,7, mas acabou digitando errado. Ela assumiu o erro, o Comitê canadense entrou com um protesto, mas de nada adiantou. Kristen Sprague, a vencedora, dos EUA, reconheceu a superioridade da rival e a chamou para subir no pódio ao seu lado. Três anos depois, o COI reconheceu o erro.
Sylvie Fréchette perdeu o ouro olímpico por um erro de digitação de uma nota — Foto: Michael Stuparyk/Toronto Star
Briga em Brasil x Cuba no vôlei
Na Olimpíada de Atlanta 1996, a seleção feminina de vôlei do Brasil perdeu a semifinal para Cuba. A rivalidade, que já era acirrada, teve seu ápice, com os dois times quase se agredindo na quadra após o triunfo cubano por 3 a 2 e a provocação da cubana Mireya Luis. A delegação do Brasil chegou a dar queixa na polícia por agressão.
Em 1996, Brasil perde para Cuba por 3 a 2 nas Olimpíadas de Atlanta
A invasão que custou um ouro
Este talvez seja a polêmica olímpica mais lembrada pelos brasileiros. Em 2004, na Olimpíada de Atenas, Vanderlei Cordeiro de Lima liderava a maratona e, faltando seis quilômetros para o fim, o ex-padre irlandês Neil Horan invadiu a pista, empurrando o atleta. Ajudado pelo torcedor grego Polyvios Kossivas, Vanderlei ainda conseguiu retornar à prova, mas perdeu tempo e ficou apenas com o bronze. Ao entrar no estádio, o brasileiro comemorou efusivamente com um aviãozinho, o que lhe rendeu a medalha Pierre de Coubertin, dada àqueles que demonstram alto grau de esportividade em competições.
Vanderlei Cordeiro de Lima é empurrado por Neil Horan e ajudado por Polyvios Kossivas — Foto: Agência Reuters
Agressão a árbitro em 2008
Em Pequim 2008, o cubano Angel Matos, do taekwondo, agrediu um árbitro com um chute e foi banido para sempre do esporte. A revolta do atleta veio após ele ser desclassificado. Ele vencia o combate por 3 a 2 e não aceitou a decisão. Após ser xingado, o árbitro central Chakil Chelbat, da Suécia, levou um chute na cabeça. Não satisfeito, Angel Matos ainda deu um soco no peito de um dos juízes laterais.
Angel Matos e a agressão ao árbitro Chakil Chelbat — Foto: EFE
Abandono de medalha
Na mesma Olimpíada, o armênio naturalizado sueco Ara Abrahamian perdeu a semifinal da luta greco-romana em uma decisão polêmica do árbitro. Após vencer a disputa do bronze, foi para o pódio com cara fechada. Ao receber o bronze, abandonou o pódio e deixou sua medalha no chão. Para o COI, as atitudes foram inadmissíveis e violaram a Carta Olímpica. Por isso, a medalha de Abrahamian foi cassada.
Ara Abrahamian e a sua medalha abandonada em Pequim 2008 — Foto: Ezra Shaw / Getty Images
Polêmicas no judô na Rio 2016
Já estamos na Olimpíada do Rio, quando o judô registrou duas polêmicas marcantes. Primeiro foi o egípcio El Shehaby, que foi mandado de volta para casa pelo Comitê Olímpico do Egito, ao recusar-se a cumprimentar o israelense Or Sasson, que o derrotara nas oitavas de final da categoria acima de 100 kg. Já na categoria 81kg, o brasileiro naturalizado libanês Nacif Elias deixou o tatame revoltado com a arbitragem após ser desclassificado por ter dado um golpe irregular na sua luta da primeira rodada. De cabeça fria, Nacif voltou ao tatame para pedir desculpas aos juízes e cumprimentar o adversário, o argentino Emanuel Lucentti.
Nacif Elias, atleta do judô, reclama da arbitragem — Foto: Danilo Verpa/ Folha S.Paulo/ NOPP
(Globo Esporte)