A violência, a exposição do cidadão a cenas com altos requintes de crueldade, e de um certo conformismo com tudo o que está acontecendo, fazem com que a vida humana tenha cada vez mais menos valor. Vamos lembrar do nosso tempo de criança, e não faz tanto tempo assim, onde só se via um defunto quando morria alguém da família – pai, mãe, avô, avó, tios, tias, etc., etc. e tal – ou quando alguém morria esfaqueado numa briga de bar ou desavença entre vizinhos. E que nós, crianças, por mais que fôssemos alertados pelos adultos, sempre dávamos uma passada por perto do corpo, ali estendido no chão. Curiosidade esta que nos custava dias e dias de muito medo.
Hoje tudo é diferente. A criança tem em sua casa, ou na escola, todos os possíveis e imagináveis temores da nossa vida cotidiana. São assaltos, assassinatos, acidentes de veículos, tudo minuciosamente relatado. E a criança cresce dando pouco ou nenhum valor a um dos princípios básicos da família, que é amar uns aos outros. E começa ali, no seio da família, com raras exceções, a competição, a ganância e a inveja. É irmão prejudicando irmão, é filho passando a perna nos pais e vice-versa.
É fácil encontrarmos um culpado. Podemos muito bem começar pelo governo, devido a sua péssima política no tocante à saúde e à educação. Na falta de segurança, e assim por diante. Mas seria ele o único responsável? Creio que não. Onde estão os valores pessoais e morais dos homens? Onde está a palavra? Onde está o amor entre filhos e pais? Seria esta também uma obrigação do governo? Bem, como já disse, é muito fácil achar um culpado, principalmente quando uma coisa depende da outra para sobreviver. E ao invés de se preocupar apenas com as obrigações e deveres do governo – que, diga-se de passagem, vem deixando muito a desejar, pois não consegue dar educação e muito menos saúde à população –, que tal buscarmos alternativas? A saúde despencou de vez. As provas da incompetência estão estampadas pela imprensa no dia-a-dia, com a morte de pessoas por falta de atendimento.
Com isso, o cidadão, no seio da família, também tem que fazer a sua parte, criando bem os filhos e mostrando a eles o que é certo e o que é errado. A religião também tem um papel muito importante na vida. Com todo o sistema contra, nada é fácil. É preciso ter muita fé. E por tudo isso, é melhor morrer lutando que ter de entregar um ente querido de mão beijada à marginalidade ou abandoná-lo à própria sorte. Faça a sua parte, pois assim terá condições de melhorar a vida de todos e ter perfeitas condições de cobrar do governo a sua ação. Tem até uma frase atribuída a Deus que retrata muito bem o que estamos falando, e diz o seguinte: “faça a sua parte que Eu o ajudarei”.
*ROSIVALDO SENNA é jornalista em Cuiabá.
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