O Baile de Favela ecoou na coroação de Rebeca Andrade. Nesta quinta-feira, a ginasta de 23 anos conquistou o ouro inédito para o Brasil no individual geral do Mundial de ginástica artística. A vice-campeã olímpica da prova confirmou o favoritismo e brilhou para se tornar a primeira brasileira campeã mundial da prova mais tradicional da modalidade. Rebeca é a nova a número 1 do mundo e celebrou com a bandeira do Brasil no solo da arena de Liverpool.

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Rebeca Andrade recebe a medalha de ouro em Liverpool — Foto: CBG

Rebeca Andrade recebe a medalha de ouro em Liverpool — Foto: CBG

Somando 56,899 pontos, Rebeca foi absoluta na final desta quinta. Ao fim de nenhuma rotação saiu da primeira posição, nem mesmo quando teve uma pequena falha nas barras assimétricas. O talento da brasileira é tão grande que ela conseguiu reverter qualquer mínimo deslize para somar 56,899 pontos nos quatro aparelhos. Teve exatamente um ponto e meio de vantagem para a americana Shilese Jones, que ficou com a prata – a diferença maior do que uma queda. A britânica Jéssica Gadirova ficou com o bronze (55,199).

A noto do solo do Baile de Favela nem tinha saído ainda e os poucos brasileiros presentes em Liverpool gritavam: “É campeã!”. Uma vitória histórica. A prova do individual geral é tradicionalmente dominada pelas três potências da modalidade: Estados Unidos, Rússia e Romênia. Rebeca quebrou a hegemonia e fez o Brasil ser apenas o oitavo país com um título de ginasta mais completa de um Mundial. Jade Barbosa já havia sido bronze, mas o topo do pódio é uma novidade para o Brasil.

Dona de duas medalhas nas Olimpíadas de Tóquio, Rebeca aumentou para três a coleção de medalhas em Mundiais – foi campeã do salto e prata das barras assimétricas no ano passado. E ela ainda vai voltar à arena de Liverpool para buscar mais três pódios no fim de semana, nas barras, na trave e no solo.

Prova a prova

Salto

Rebeca começou a final justamente no aparelho em que é a atual campeã olímpica e mundial e voou. Impressionou a altura do Cheng da brasileira, salto de maior dificuldade apresentado em Liverpool. Ela praticamente cravou e tirou 15,166 pontos, maior nota feminina do Mundial até aqui. Só a americana Jade Carey também apresentou um Cheng e conseguiu 14,733 para se colocar na segunda posição logo atrás de Rebeca.

Barras

Atual vice-campeã mundial das barras assimétricas, Rebeca teve uma falha em uma parada de mãos, mas se recuperou bem na série e conseguiu 13,800 pontos no seu aparelho favorito. Foi seis décimos abaixo do que fez na classificatória, mas manteve a vantagem de cerca de quatro décimos para a segunda colocada, que passou a ser a americana Shilese Jones.

Rebeca Andrade nas barras assimétricas — Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Rebeca Andrade nas barras assimétricas — Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Trave

Rebeca foi a primeira a se apresentar na trave na terceira rotação. No aparelho que é seu menos forte – fraco não é – Rebeca foi mais precisa nas acrobacias do que na classificatória e passou bem, conseguindo 13,533 pontos, um décimo melhor do que fez no primeiro dia do Mundial. A nota fez Rebeca abrir oito décimos de vantagem para a segunda colocada, a americana Shilese Jones.

Rebeca Andrade — Foto: Reuters

Rebeca Andrade — Foto: Reuters

Solo

Coube ao Baile de Favela fechar a final. E Rebeca brilhou mais uma vez. Foi precisa nas acrobacias e conseguiu pontos 14,400 pontos, um notaço. Antes mesmo de a nota sair, a pequena torcida brasileira já cantava na arena de Liverpool: “É campeã”. O título inédito não foi ameaçado. Rebeca é campeã mundial do individual geral.

Rebeca Andrade alcança a maior nota no solo e garante o ouro — Foto: Reuters

Rebeca Andrade alcança a maior nota no solo e garante o ouro — Foto: Reuters

(GE)