A acusação de Gerson, de que o meia do Bahia, Juan Pablo Ramírez, o tratou com racismo será investigada na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, do Rio de Janeiro. A delegada titular Marcia Noeli convocou Gerson, Ramírez, Mano Menezes e o árbitro Flavio Rodrigues de Souza. Ela quer ter a certeza se o jogador colombiano do Bahia falou a Gerson, “Cala a boca, negro”.
A delegada Marcia Noeli, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, informou que Ramírez, jogador do Bahia, o técnico Mano Menezes e o árbitro Flavio Rodrigues de Souza, responsável por conduzir o Flamengo 4 x 3 Bahia, serão intimados a dar depoimento presencial sobre o caso de injúria racial ao volante Gerson, do Flamengo.
Não custa detalhar o que diz a lei no Brasil:
Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Injúria
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º – O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Gerson já vai depor amanhã.
Enquanto isso, a Procuradoria do STJD busca provas ‘consistentes’ para acusar Ramírez e Mano Menezes. Por enquanto, só analisará a súmula do juiz, onde ele cita, mas destaca que não foi testemunha do ‘cala a boca, negro’.
Mas como o STJD entra em recesso amanhã, o caso só será aprofundado em 2021. O que é vergonhoso para a justiça desportiva deste país.
Delegada do caso Gerson, Flamengo — Foto: Davi Barros
Gerson acusou Ramírez de dizer “Cala a boca, negro”, durante a partida do Flamengo contra o Bahia. O volante vai dar depoimento na manhã desta terça, na delegacia especial, no Centro do Rio de Janeiro.
Ainda não há data para o comparecimento das outras pessoas que serão ouvidas. As pessoas que moram fora do Rio de Janeiro serão intimadas por cartas precatórias, e os depoimentos serão feitos em delegacias locais.
– Instaurei inquérito e combinei com o departamento jurídico do Flamengo para que o Gerson viesse aqui para que pudesse relatar tudo o que aconteceu. Pedi para CBF os documentos referentes ao jogo (súmula). Injúria racial é crime e tem que ser punido. Importante as pessoas entenderem que não pode haver mais racismo – disse a delegada Marcia Noeli.
– Essa é uma questão cultural e que temos que falar o tempo inteiro para que as pessoas possam entender e não mais repetir. É importante que se fale, que venha à delegacia e que a gente criminalize isso. As questões se as penas deveriam ser maiores ou menores… o debate e que deve existir para que a gente possa acabar – não é nem diminuir – com o racismo – disse Marcia Noeli. (Globo Esporte)