Cabe a todos nós que nascemos em Cuiabá, assumir o compromisso pela continuidade das raízes fincadas nesta terra quente e caracterizada pela cultura dos nossos antepassados.
A transformação de Cuiabá, é vista diariamente, principalmente pela chegada de milhares de brasileiros que chegam por necessidade ou opção de crescimento junto com a cidade, pois aqui, realmente a cada amanhecer o sol nasce para todos e o calor humano é uma forma especial de oferecer infinitas opções para aqueles que querem realmente prosperar.
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Com a união através dos amores, nascem novas gerações de cuiabanos, com mistura de raças, de emoções e sonhos, nascendo uma nova geração da pele morena, que aceita mais facilmente a força da imposição da vida da luz do sol.
O sotaque forte, hoje está perdendo espaço e com o passar do tempo e ficará apenas nos registros literários, o som vindo pelas vozes do linguajar cuiabanês é a melhor forma de identificar um cuiabano, por isso, temos que preservá-lo e mesmo com todo esse preconceito contra o nosso sotaque, talvez porque seja único e inconfundível, mas e dai?
Devemos lutar para manter esse grande inventário cultural de um povo que ficou segregado por séculos em função da distância dos grandes centros do país; o rio era o único meio de integração com o resto do país, o que proporcionou o que restou apenas a aproximação com os países andinos, por isso, se explica esse som nasal pronunciado fortemente pelo cuiabanos, que não respeitou os Limites Imaginários do Tratado de Tordesilhas, e o som das vozes são caracterizado ao pronunciar “AO” no final da frase troca-se por “ON” igual à pronúncia sul americanizada.
Aqui as pessoas não viram a língua para expressar o “L” no meio das frases, e às vezes é trocado pelo “R” e no final frase o “L” fica ausente, vejam os dizeres que se ouviam pelas ruas e nas casas cuiabanas:
“ Vooootê, feio pra besteira”;
“Agóóó o que, que é iiiisse, amigon”;
“Esse cooon é um anima bonnnnnnn”;
“Levooou quem trouxe, lugar de gente feio é da onde veio “.
Mas, Cuiabá é a cidade onde todos os caminhamos se cruzam no ponto central da América do Sul, onde os sons das vozes, também se misturam e podemos ouvir as exclamações vindas de outras plagas, como:
– o “Orrrrrra Meu” – dos paulistas,
– o “Barbaridade Tchê” – dos gaúchos;
– o arre-égua, Vixe, Ôxe e Êta – dos nordestinos.
Cada cidade tem suas particularidades, quando você não suportar mais o cenário cultural cuiabano e perceber que não suporta mais esse calor maravilhoso, e que não aprecia o gosto pelos sabores da gastronomia cuiabana e sentir que os prazeres festivos desta cidade estão a atrapalhar a sua tristeza, se assim pensa: a melhor solução é buscar novos horizontes, pois você está vivendo em lugar errado.
Para aprender a amar Cuiabá, requer tempo para entendê-la:
1 – porque o seu destino o trouxe para cá;
2 – porque está aqui, pois para ficar aqui tem que desenvolver o desejo de assumir o erro de ter vindo sem ser convidado;
3 – e, acima de tudo meditar sobre a hospitalidade que lhe é oferecida e as múltiplas opções para ser feliz, pois Cuiabá é a cidade que aceita a todos sem preconceito, oferecendo as facilidades para que todas as pessoas possam prosperar e crescer.
Para promover as mudanças que queremos, devemos começar por nós mesmos, é simples, não se muda uma cidade só pela visão do desejo individual de quem acabou de chegar. O importante é integrar-se e abrir a mente para receber as influências da cultura que não é a sua, saiba que são considerados como cidadão do mundo, aqueles que pesquisam e aceitam a cultura por onde andam, por necessidade ou opção.
É fácil ser feliz em Cuiabá, basta desarmar os preconceitos e entender que ao desembarcar por aqui, já foi aceito por antecipação.
Vocês que chegaram agora, e pretendem ficar para sempre, é só começar a esparramar seus pedacinhos por aqui, e logo-logo verão Cuiabá com os olhos da cuiabanidade, e ao constituir família, verá os seus pedacinhos (filhos e netos), que farão de vocês um “quase cuiabano” e a partir da força da mistura, sempre haverá alguma coisa de familiar por perto de você, de repente quando você menos esperar, Cuiabá já faz parte da sua vida e a sua história estará misturada com a história de Cuiabá.
Feliz aniversário Cuiabá.
*WILSON CARLOS FUÁH é economista; especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.
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