Neste dia 20 de setembro, comemora-se o Dia do Gaúcho. Um povo que ama suas origens, que valoriza as suas raízes e não cansa de mostrar que a sua tradição e orgulho de ser o que se é importam e muito.  Na atualidade, muitos mato-grossenses são filhos, netos ou parentes de gaúchos.

O que você sabe sobre os gaúchos? Sobre a Revolução Farroupilha? Vivemos em um Brasil que deveria valorizar mais a própria cultura, por esse motivo reunimos informações essenciais sobre essa gente guerreira e amável.

Vale destacar que, em Mato Grosso, estimativas dão conta de que quase um terço dos habitantes possui origem sulista ou descendência, principalmente no Rio Grande do Sul. A atual grandeza do Estado recordista em produção de alimentos, em especial grãos e carnes, tem origem no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul. E, por isso, lógico, o Brasil tem que respeitar Mato Grosso e o Rio Grande do Sul, estados-irmãos.

REVOLUÇÃO FARROUPILHA

A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, fato histórico marcante na cultura sulista, que ocorreu em 20 de setembro de 1835 e terminou em 1º de maio de 1845, foi a inspiração para a escolha da data do Dia do Gaúcho, celebrado em 20/9.

Com duração de aproximadamente 10 anos, a Revolução Farroupilha consistiu em uma disputa de civis do estado do Rio Grande do Sul contra o Governo Imperial do Brasil. Por conta das roupas surradas dos guerrilheiros, a disputa ficou conhecida como Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos.

Por conta da origem indígena e europeia, tradicionalmente, os gaúchos utilizam vestimentas, como poncho, pala, lenço colorado, chiripa, chapéu, bota, camisa e bota. Atualmente, nas grandes cidades, é raro encontrar pessoas vestidas assim, mas, na zona rural, o hábito é mais preservado.

ORIGEM DA PALAVRA GAÚCHO
Você pode estar se questionando: “qual a origem da palavra gaúcho?”. Segundo especialistas, existe uma teoria que a palavra vem do idioma ameríndio andino, quíchua. Outros acreditam que vem do idioma árabe, da palavra caucho, o que significa chicote para domar as manadas. Então, logo foi “abrasileirado” e se tornou simplesemente gaúcho.
ORIGEM DO CHIMARRÃO
O chimarrão, também conhecido como mate, é servido dentro de uma cuia, com temperatura de 70 Grau Celsius. A bebida era consumida pelos índios guaranis e caingangues, que viviam onde agora encontram-se os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, entre outros. A bebida é um símbolo para os Gaúcho.
Por conta dos imigrantes europeus, principalmente os alemães, as danças de salão tiveram uma forte influência no folclore rio-grandense. Com isso, os ritmos da valsa, do xote, da polca e da mazurca serviram de inspiração para os tradicionais vaneira, vaneirão, chamamé, milonga, rancheira, xote, polonaise e chimarrita, entre outras. Se você pensa que para comemorar o Dia do Gaúcho (20/9) é preciso ir até o Rio Grande do Sul, está enganado.
Nos mais de 3 000 CTG’s (Centros de Tradição Gaúcha) espalhados por todo o Brasil, você encontra itens típicos da cultura gaúcha, como danças, vestimentas, culinária e apresentações musicais. Gaúchos são grande parte da história do nosso país e não devem ser lembrados apenas pelo chimarrão, churrasco e pela forma de se comunicar. Nós das Transmaas cultivamos a nossa tradição e parabenizamos a todos os gaúchos pelo seu dia!

Os gaúchos…

O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil.
Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.
Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia.
Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos.
Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado a unha dos espanhóis.Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.
É uma teoria – mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: “Mas que frescura é essa de neurose, tchê?”
Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê-la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta. Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo).
E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da moda americana, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.
Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais.
Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos.
Um dos poemas prediletos é “Chimarrão”, do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: “E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão.” (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).
Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País. Não é verdade – mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.
O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde.
E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models. (eu já sabia!!!)
Além do gaúcho, chamado de machista”, qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?
Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: “legal às pampas”, uma expressão que, por sinal, veio de lá. Aos meus amigos gaúchos, um forte abraço!
“O Gaúcho”, texto supostamente de autoria do genial Arnaldo Jabor:  cineasta, roteirista, diretor de cinema e TV, produtor cinematográfico, dramaturgo, crítico, jornalista e escritor brasileiro.