À medida em que avança a vacinação e reduz o número de internações por Covid-19, os hospitais públicos do estado retomam as cirurgias eletivas, aquelas que são agendadas. Na fila, há casos de pacientes que esperam pela operação desde antes da pandemia e que começam a ser chamados.
Maria de Lurdes Moraes sofre de artrose desde 2013. Antes da pandemia, operou um dos joelho. O outro seria operado no início deste ano, mas a cirurgia foi cancelada por causa da nova onda do coronavírus.
“Fui chamada no hospital, fiz o risco cirúrgico, mas quando fui levar o laudo para o médico, não deu certo, veio a pandemia e cancelaram tudo”, relata.
As cirurgias ortopédicas eletivas, aquelas não consideradas de urgência, como a de Maria de Lurdes, estão suspensas em Cuiabá, já que o Hospital São Benedito, onde essas operações são feitas, ainda tem muitos pacientes com Covid-19.
Em outras especialidades, o município afirma que já vai começar a retomar, aos poucos, o mesmo número de cirurgias que era realizado antes da pandemia.
Neste ano, entre fevereiro e maio, foram feitas 1987 cirurgias eletivas em Cuiabá, 1.050 a menos que no mesmo período de 2019, quando não havia a pandemia. A intenção de normalizar o atendimento é a mesma nas secretarias de saúde de vários municípios.
De acordo com o sistema estadual de regulação, existem cerca de 1.900 pessoas em todo o estado na fila de espera por uma cirurgia eletiva. As secretarias de saúde dos municípios e do governo do estado garantem que já começaram a convocar esses pacientes que precisam ser operados.
Em Cuiabá, a Secretaria de Saúde aderiu a um projeto do governo federal que prevê a remessa de verbas para o município dar conta das cirurgias eletivas. Algumas especialidades foram apontadas como prioritárias, como explica Luzinete Siqueira Rosa, diretora de Regulação, Controle e Avaliação da Secretaria Municipal de Cuiabá.
“Nós vamos tratar cirurgias oftalmológicas, onde pretendemos dar uma corrida em relação a isso, as vasectomias e alguns casos de cardiologia”, diz.
A Secretaria de Saúde de Várzea Grande afirma que um convênio com o governo do estado vai garantir recursos para realizar cirurgias eletivas em todas as especialidades médicas. Por enquanto, a prioridade são as cirurgias ortopédicas, feitas com recursos do próprio município.
“Nós já temos 131 pacientes aguardando nessa fila. A nossa meta é zerar essa fila em 45, 60 dias no máximo, para que possamos ter uma normalidade no Pronto Socorro quanto a questão da ortopedia”, diz Gonçalo de Barros, secretário de Saúde do município.
A dona de casa Jéssica Correa da Silva torce pra que essa meta seja cumprida. O marido dela está internado há vinte e cinco dias à espera de uma cirurgia ortopédica.
“Falam que está tudo bem com ele, só temos que esperar a data da cirurgia, mas eles não garantem a data certa. Está sofrido, porque somos só eu e meus filhos no interior [do estado], esperando ele voltar”, conta.