A Polícia Civil encaminhou à Justiça, nesta quinta-feira (17), o quarto inquérito sobre a investigação contra a organização criminosa responsável pela esquema de escutas ilegais que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”. Ao todo, foram abertas sete investigações, sendo que três estão em fase de encerramento, de acordo com a delegada responsável, Ana Cristina Feldner.

No inquérito entregue, a polícia identificou suposto crime de obstrução de Justiça, incluindo delitos praticados por militares, o que deve levar este caso para a área especializada, como determina a lei, conforme a delegada.

O inquérito foi instaurado com o objetivo de apurar possíveis interceptações telefônicas ocorridas em Lucas do Rio Verde, a 354 km de Cuiabá, realizadas em 2016.

Entre janeiro de 2014 e junho de 2017, as investigações apontaram que foram feitas cerca de 52 mil interceptações telefônicas, o que resultou em mais de 178 mil páginas de inquérito que foram desdobradas em sete frentes de apuração policial.

Escutas

Cerca de 80 números de telefone foram grampeados pelo núcleo de inteligência da Polícia Militar de Mato Grosso em um esquema ilegal de espionagem. O caso ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”.

As interceptações clandestinas teriam ocorrido entre outubro de 2014 e agosto de 2015 e tiveram entre os alvos o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) José Ferreira Leite, a deputada estadual Janaína Riva (PMDB) e o vereador Vinícius Hugueney (PP).

Autoridades, profissionais liberais, jornalistas e advogados tiveram os telefonemas interceptados em um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, no qual os números foram inseridos indevidamente em processos de investigação de tráfico de drogas para obter autorização judicial para a quebra de sigilo.

Na época, o ex-secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, disse ter entregue ao governador documentos que comprovavam a existência de ‘escritório clandestino de espionagem’, para que o caso fosse investigado. No entanto, o governador negou ter recebido essa documentação.