A liberdade total de escolha provoca um sentimento de angústia ou apreensão, já dizia Kierkegaard.

Diferentemente do idealismo hegeliano, que acreditava que as escolhas era determinada em grande parte por contingências históricas e ambiental de cada época, Kierkegaard afirmava que as escolhas morais são livres e subjetivas.

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Em apertada síntese, eis a sequência do gênio de Copenhague: tomada de decisão com liberdade absoluta de escolha – pode-se fazer nada ou fazer algo (percepção) – um sentimento de angústia ou apreensão toma conta do pensamento (frente à decisão) – criação.

Essa angústia, apesar de desesperadora, aumenta nosso senso de responsabilidade social, concluía.

O fazer pensar, responsabilizar-se moralmente pelo ato subsequente, faz do homem e da mulher SER comprometido; complexo, mas não impune.

Exceto o nascimento, cada ato praticado é uma escolha, absolutamente livre. Escolhe-se ser bom ou mau, invejoso ou admirador, fazer algo ou deixar de fazê-lo, e assim por diante. A angústia frente a essa liberdade faz pensar, refletir, pois, a responsabilidade recairá sobre o protagonista desse processo todo. Não há inocência a absolver a liberdade.

Poderia ter sido diferente? Poderia ter agido em sentido contrário? Por que não tomei tal e tais caminhos? Isso não está mais à disposição do agente; há somente resultados, irrenunciáveis e implacáveis.

Estamos a assistir diariamente opções, escolhas, de governantes a pessoas comuns. Muitas são aberrações da natureza, daqueles que agem sem qualquer reflexão, brutos a não prescindir de uma boa lapidação. Máquinas, sem sentimentos, acostumados a uma visão estreita e preconceituosa de tudo.

Esses aberrantes por natureza continuam a querer fazer lógica em reflexão dominada pela contradição. Vira um monstrengo sem qualquer identidade a ser avaliada, considerada. São o avesso de qualquer pensamento consequencialisticamente válido e moralmente aceitável.

A moda agora é pensar questões complexas como se simples fossem, como, por exemplo, a segurança pública e as estruturas jurídicas. Todos e todas se dão ao palpite sobre criminalidade (causas e efeitos) e decisões judiciais de densidade ‘principiológica’ e de afetação na separação dos poderes. Somos todos jurisconsultos e de considerável envergadura intelectual.

Não se dá mais ao trabalho da organicidade do saber. Comenta-se os mais variados assuntos sem sequer pensar em consultar e ouvir o conhecimento mais abalizado. Por viver, credita-se possuir aptidão para emitir opiniões em todas as direções e sem qualquer preocupação com a própria existência e limitação. É uma ‘doidera’ total.

O acerto no alvo nunca foi resultado da quantidade, mas da qualidade. O ‘neuroxímetro’ (a medir neurônios) é urgente como objeto precedente de autorização para tais opiniões, ou não?

É por aí…

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (SAÍTO)  é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de Cuiabá.

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