Jorge Jesus tem o direito de ficar em silêncio. Com uma proposta na mão, não precisa compartilhar seu sentimento, nem seu pensamento com ninguém. Precisa cumprir o contrato, seja para permanecer no Flamengo por um ano, seja para exercer a cláusula de rescisão. Este artigo é uma opinião do jornalista PVC. Veja mais:

Há dois anos e meio, a situação foi muito parecida com Reinaldo Rueda. Vice-campeão da Copa Sul-Americana, o treinador colombiano recebeu proposta para dirigir a seleção do Chile e o Flamengo passou os primeiros dias de 2018 sem saber se tinha técnico ou não.

No dia 9 de janeiro de 2018, Rueda anunciou a rescisão de contrato com o Flamengo, mediante pagamento de US$ 1 milhão. Nos dias anteriores, foram extremamente cobrados o presidente Eduardo Bandeira de Mello e o diretor-executivo, Rodrigo Caetano. O que se sabe é que cobraram decisão de Rueda, às vezes até em tom ríspido. Não foi por falta de respeito ao rubro-negro ou por falta de decisão da diretoria que Rueda decidiu ir para o Chile. Foi sua escolha profissional.

Quem já recebeu convites para mudar de trabalho conhece os erros e acertos que já cometeu. Ficar em silêncio é, muitas vezes, uma forma de pensar sobre prós e contras, ponderar o que está dando certo e o que pode ser melhor, fazer contas. Como Reinaldo Rueda em 2018, Jorge Jesus tem todo o direito de fazer isto agora. Em silêncio.

Não está claro se vai para o Benfica ou se fica no Flamengo. Pode estar para ele. O dinheiro anual pago pelo Flamengo é maior do que os benfiquistas oferecem, mas lá ele terá estabilidade de quatro anos. Não ter chance de disputar o Mundial pode romper o pacto que fez com os jogadores. O acordo era ficar pelo Mundial.

Independentemente disso, ele pode querer ir, seja pela estabilidade, seja pela proximidade da família. É seu direito, como também é o de ficar quieto, pensativo. Antes, seu compromisso é ajudar o Flamengo a ser campeão carioca.

O fato de haver concorrência e a chance de perder o técnico mediante pagamento de multa significa que o treinador contratado é bom e, por isso, tem mais gente querendo trabalhar com ele. Isto vale para Jorge Jesus, como valeu para Reinaldo Rueda.

Não é desrespeito. É talento mesmo.  (PVC/Globo Esporte)