Um grupo com mais de 40 mulheres compareceu para engrossar o protesto encabeçado pelo Conselho de Direitos da Mulher de Mato Grosso, contra a contratação do goleiro Bruno pelo Operário-VG, na noite desta terça-feira (21), em frente ao portão de entrada do estádio Dito Souza em Várzea Grande, onde o Tricolor estreou no Campeonato Estadual contra o Poconé diante de um grande número de torcedores.
O manifesto, com faixas, cartazes e até um trio elétrico, foi acompanhado por viaturas da Polícia Militar, Guarda Municipal e até uma equipe da cavalaria da PM. Gritando a palavra de ordem ‘Bruno não!’ e estendendo uma enorme faixa com os dizeres ‘Chega da violência contra a mulher. Bruno (s) não!’. Outros cartazes estampavam ‘Respeitem as mulheres! #GoleiroBrunonao!’ e ‘Fora Bruno Feminicida! Fora diretoria’.
De forma pacífica, mas fazendo o barulho que podiam as convocadas pelo Clube das Mulheres e Conselho de Defesa da Mulher de Mato Grosso chegaram por volta das 19 horas e ficaram até acabar o jogo no estádio Dito Souza. A presença maciça da Polícia Militar garantiu a manifestação pacífica e bem organizada sem que houvesse aproximação entre a torcida organizada e o grupo de mulheres.
Movimento radical
À frente do Conselho dos Direitos da Mulher, Gláucia Amaral afirmou que o claro propósito do movimento é barrar a vinda do goleiro Bruno para o Estado, já que pode fomentar a violência. “Somos contra porque o futebol tem uma função social, muito além da questão esportiva. Chega até as famílias e as crianças. Não somos contra a ressocialização, mas o esporte cria ídolos e as crianças aprendem valores com essa super exposição que o esporte proporciona. Nossa luta é contra o crime que ele cometeu. Não vamos parar por aqui. Continuaremos defendendo os interesses da mulher do nosso Estado”, enfatizou.
Torcedores divididos
Torcedores se mostravam divididos quanto à contratação do goleiro Bruno que só depende da liberação da Justiça de Mato Grosso para chegar e se apresentar ao clube. A maior rejeição vem da ala feminina que não parece ter gostado da ideia. “Fui contra e não acredito que vai ser legal para o Operário. Vai ter muita rejeição e protesto”, afirmou Lúcia de Souza. “Bruno não! Não gosto dele. Não será meu ídolo”, protestou Jaqueline Moura.
Por outro lado, entre os torcedores da ala masculina, havia mais defensores do atleta do que contrários. “Quem julga é Deus. Se ele jogar bem, terá nosso apoio, caso contrário, pode voltar”, bradou Daniel Barbosa. Outro que apoiou foi Rogério Andrade, que veio de Cuiabá para assistir o jogo do Operário: “Ele já cumpriu a metade de sua pena e está querendo trabalhar. Na minha opinião, o Operário fez uma boa aquisição considerando seu desempenho, pois o Bruno, como goleiro é incontestável. Merece uma segunda chance. E o Operário merece ter um bom time para representar sua torcida. Mas, que ele tenha um comportamento exemplar”.
Sobre Bruno
O goleiro Bruno foi condenado a mais de 20 anos de prisão pelo sequestro, assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio. Em julho ele recebeu autorização da Justiça e passou para o regime semiaberto. Em agosto de 2019, assinou o contrato com o Poços de Caldas (MG), mas o acordo durou dois meses e dois jogos amistosos.
Ele estava cumprindo pena no regime semiaberto em Varginha (MG). Lá, chegou a defender o Boa Esporte por cinco partidas, em 2017. Antes do crime, se destacou pelo Atlético Mineiro e teve uma rápida passagem pelo Corinthians, até que chegou ao Flamengo, pelo qual conquistou o tricampeonato carioca, entre 2007 e 2009 e o Brasileirão de 2009. Este ano ele recebeu convite para jogar no Campeonato Mato-grossense pelo Operário e aceitou por um salário modesto.