Um jogaço para fechar o Brasileirão: o melhor mandante contra o melhor visitante. O campeão antecipado Palmeiras, contra o vice-campeão Internacional que decidem entre eles qual foi a melhor equipe do segundo turno. O Palmeiras foi o campeão do primeiro turno.

O ataque do Palmeiras está em seu ritmo mais produtivo da competição e terá um desafio gigante pela frente: o Internacional não sofreu gol em dez dos 18 jogos em casa, segunda melhor marca mandante.Já o Palmeiras não levou gol em oito dos 18 jogos fora de casa, melhor marca defensiva forasteira.

A disputa pela permanência na Série A aponta para o Cuiabá, que nas últimas rodadas passou a se expor mais defensivamente para produzir mais no ataque em busca dos pontos de que precisava. Tem tudo para ser premiado, agora.

 — Foto: Infoesporte

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Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 93.014 finalizações cadastradas pela equipe do Espião Estatístico em 3.789 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Flamengo

 

O jogo tem potencial para gol do Flamengo em troca de passes rasteiros. Dos últimos dez gols: o Flamengo marcou nada menos que oito usando bolas rasteiras, e o Avaí sofreu sete dessa forma. O Flamengo sofreu seis em trocas de passes, e o Avaí marcou metade por baixo e metade usando bolas altas. O Flamengo é o quinto melhor mandante (11 V, 3 E, 4 D, 67%), com o quarto melhor ataque mandante (36 gols, média 2,00) e a quarta melhor defesa (13 gols sofridos, média 0,72). Não sofreu gol em nove dos 18 jogos em casa (50%), quarta melhor marca. O Avaí é o segundo pior visitante (1 V, 4 E, 13 D, 13%), com o pior ataque forasteiro (8 gols, 0,44) e a quarta pior defesa (33 gols sofridos, 1,83). Não levou gol em dois dos 18 jogos fora (11%), quarta pior marca defensiva. Já foram marcados seis pênaltis para o Flamengo, sétima marca, e dez contra o Avaí, segunda pior marca. A favor do Avaí foram 14 penais, maior marca, e contra o Flamengo, cinco, quinta melhor marca.

 

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> América-MG

 

O América-MG vai precisar de cuidados com os contra-ataques. Já sofreu dez gols assim, pior marca, nada menos que sete em casa, pior marca caseira. O Atlético-GO é o segundo time que mais finalizou em contragolpes (79), e já marcou oito gols assim, quarta maior marca, cinco quando visitante, segunda maior marca. O América-MG é o oitavo mandante (9 V, 3 E, 6 D, 56%). Não sofreu gol em sete dos 18 jogos em casa (39%), oitava marca. O Atlético-GO é o quarto pior visitante (2 V, 6 E, 10 D, 22%). Não sofreu gol em dois dos 18 jogos fora (11%), quarta pior marca defensiva. O jogo tem potencial para gol do Atlético-GO a partir de jogada aérea. Dos últimos dez gols, o Atlético-GO marcou sete levantando a bola, e o América-MG sofreu seis dessa forma. O Atlético-GO também sofreu seis após os adversários usarem bolas altas, e o América-MG marcou seis em trocas de passes rasteiros.

 

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Fluminense

 

O Bragantino é o nono mandante (8 V, 5 E, 5 D, 54%), com a terceira pior defesa caseira (22 gols sofridos, 1,22). Não levou gol em quatro dos 18 jogos em casa (22%), quinta pior marca defensiva. Na rodada passada, o time titular do Bragantino tinha média de idade de 22,4 anos, e sofreu a maior goleada da competição (6 a 0), contra o Fortaleza, o que acabou causando a saída do técnico Maurício Barbieri. O time titular do Fluminense na rodada 37 tinha média de 28,6 anos, seis anos a mais de experiência, em média. Grosso modo, o confronto pode reunir um time olímpico contra uma equipe no auge físico. É um risco muito grande, que já deu errado em Fortaleza e, desta vez, pode ser fatal também em casa porque, como mostram os gráficos de xG, o Bragantino vem sofrendo pressão para levar 1,9 gol por partida, e o nível de ameaça do ataque do Fluminense está em 2,2 gols por partida.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Atlético-MG

 

Em 14 jogos com este mando pela Série A de 2006 para cá, o Corinthians venceu sete, e o Atlético-MG, três, com quatro empates. Desta vez, o Corinthians vem atuando com um time titular de média de idade até cinco anos menor (26,7 anos contra 31,6 anos), como na rodada passada. Pressionado em busca de uma vaga na Libertadores do ano que vem, o Atlético-MG aumentou seu nível de ameaça para 2,2 gols em média por partida, como mostra a linha preta do gráfico de xG, curiosamente, a maior pressão que construiu em toda a competição. O Corinthians é o terceiro melhor mandante do Brasileirão (12 V, 4 E, 2 D, 74%), com a melhor defesa caseira (10 gols sofridos, 0,56). Não levou gol em dez dos 18 jogos em casa (56%), segunda melhor marca defensiva. O jogo tem potencial para gol em jogada rasteira. Dos últimos dez gols: o Corinthians marcou sete usando bolas baixas, e o Atlético-MG sofreu seis assim. O Corinthians sofreu seis gols em trocas de passes rasteiros, e o Atlético-MG marcou metade com bolas rasteiras e metade a partir do jogo aéreo.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Santos

Último colocado no primeiro turno, o Fortaleza já assegurou a terceira melhor campanha do retuno. Assim sendo, as comparações fazem mais sentido se considerados apenas os jogos do returno. O Santos é o 13º mandante do segundo turno (3 V, 2 E, 3 D, 46%), Não sofreu gol em dois dos oito jogos em casa (25%), 14ª marca defensiva. O Fortaleza é o terceiro melhor visitante da segunda metade da competição (5 V, 2 E, 2 D, 63%), com a quarta melhor defesa visitante (9 gols sofridos, 1,00). Não sofreu gol em quatro dos nove jogos fora de casa (44%), melhor desempenho defensivo visitante do returno. Como mostram os gráficos de xG, tanto ataque quando defesa do Santos vêm em queda, enquanto no Fortaleza os setores esboçam uma alta. O Fortaleza vem de goleada em casa sobre o Bragantino por 6 a 0. O Santos perdeu fora de casa para o Botafogo por 3 a 0. O Santos vem usando um time titular quatro anos menos experiente do que a formação titular do Fortaleza, uma diferença que em algumas das últimas rodadas superou cinco anos. O jogo tem potencial para gol a partir de jogadas rasteiras. Dos últimos dez gols: o Fortaleza marcou oito trocando passes, e o Santos sofreu oito dessa forma. No ataque, o Santos fez seis usando bolas baixas, e o Fortaleza marcou metade assim e metade pelo alto.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Palmeiras

Jogaço! O melhor mandante contra o melhor visitante para fechar o campeonato. Daqui sai a melhor equipe do segundo turno. Vale nada? Então aprecie o trabalho defensivo: o Internacional não sofreu gol em dez dos 18 jogos em casa (56%), segunda melhor marca. O Palmeiras, não sofreu gol em oito dos 18 jogos fora de casa (44%), melhor marca defensiva. Já foram marcados dez pênaltis para o Internacional (terceira maior marca), e nove a favor do Palmeiras (quarta maior marca), mas os times têm evitado cometê-los: contra o Internacional foram cinco pênaltis (quinta melhor marca), e contra o Palmeiras, três, melhor marca. O Internacional é o melhor mandante do Brasileirão (12 V, 5 E, 1 D, 76%), com o melhor ataque (37 gols, 2,06) e a quinta melhor defesa caseira (14 gols sofridos, 0,78). O Palmeiras é o melhor visitante (10 V, 8 E, 0 D, 70%), com o melhor ataque (27 gols, 1,50) e a melhor defesa (12 gols sofridos, 0,67). Com defesas tão sólidas, se houver gol, é de se esperar por uma probabilidade maior de nascer em jogada rasteira. Dos últimos dez gols: o Internacional fez sete em trocas de passes, e o Palmeiras sofreu seis assim. No ataque, o Palmeiras marcou seis trocando passes, e o Internacional sofreu seis a partir de jogadas aéreas. Em 14 jogos com este mando pela Série A desde 2006, o Internacional venceu sete, e o Palmeiras, dois, com cinco empates. Desta vez o campeão Palmeiras é considerado favorito porque tem produzido um nível de ameaça de 3,3 gols por partida, como mostra a linha preta do gráfico de xG. Só o Flamengo, no início do returno, conseguiu produzir tamanha pressão sobre os adversários, na média de cinco jogos. O ataque do Palmeiras chega à última rodada, já campeão, com seu melhor trabalho ofensivo da competição. Um desafio imenso para o sistema defensivo do Internacional.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Ceará

Já rebaixado para a Série B, o Ceará não vence há 11 jogos (3 E, 8 D, 9%), e o Juventude, não vence há 18 partidas (6 E, 12 D, 11%). Já foram marcados seis pênaltis para o Ceará, sétima marca, e oito contra o Juventude, quarta pior marca. O Ceará tem sete gols em contra-ataques, sétima marca, mas só dois em casa, e o Juventude já sofreu sete assim, 13ª marca, quatro quando visitante, terceira pior marca. O Ceará é o segundo pior mandante do Brasileirão (3 V, 8 E, 7 D, 31%), com o segundo pior ataque caseiro (16 gols, 0,89) e a quinta pior defesa (21 gols sofridos, 1,17). Não levou gol em três dos 18 jogos em casa (17%), terceira pior marca. O Juventude é o segundo pior visitante (1 V, 4 E, 13 D, 13%), com o segundo pior ataque (10 gols, 0,56) e a segunda pior defesa (38 gols sofridos, 2,11). Só não levou gol em um jogo fora de casa (6%), pior marca defensiva.

 

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> São Paulo

 

O São Paulo dá trabalho quando visitante contra o Goiás: em dez jogos com este mando pela Série A de 2006 para cá, o Goiás venceu quatro, e o São Paulo, cinco. Desta vez, a defesa do Goiás segue exposta, com nível de ameaça de 2,2 gols por jogo, como mostra a linha vermelha do gráfico de xG, e o ataque produz pouco, 0,7 (linha preta), mas a produtividade do São Paulo também é baixa, com potencial de 1,0 gol. A partida tem potencial para gol do São Paulo a partir de jogada aérea. Dos últimos dez gols: o São Paulo fez sete usando bolas altas, e o Goiás sofreu seis assim. No ataque, o Goiás fez nada menos que nove levantando a bola, e o São Paulo sofreu quatro dessa forma. O Goiás é o 14º mandante (6 V, 8 E, 4 D, 48%), com o quinto pior ataque caseiro (20 gols, 1,11). Não sofreu gol em cinco dos 18 jogos em casa (28%), 14ª marcada defensiva. O São Paulo é o nono mandante (4 V, 9 E, 5 D, 39%). Não sofreu gol em três dos 18 jogos fora (17%), 12ª marca defensiva. Não será surpresa se houver um pênalti na partida: o São Paulo teve sete a favor no Brasileirão, quinta maior marca, e o Goiás, seis, sétima marca. Foram marcados nove contra o Goiás, terceira pior marca, e oito contra o São Paulo, quarta pior marca.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >>Cuiabá

 

O Cuiabá joga para consolidar sua permanência na Série A em 2023. Como mostram as linhas do gráfico de xG, o Cuiabá ficou mais exposto e teve queda em seu potencial defensivo, mas com isso conseguiu aumentar seu nível de ameaça ofensivo e conseguiu ser eficiente até perder fora de casa na rodada passada para o Atlético-MG (3 a 0). O Coritiba se manteve na Série A fazendo o oposto: fechando sua defesa e construindo pouco no ataque. Estratégias opostas. Neste encerramento de campeonato descobriremos se igualmente eficazes. O jogo tem potencial para gol do Cuiabá em troca de passes rasteiros. Dos últimos dez gols: o Cuiabá marcou sete trocando passes, e o Coritiba sofreu seis assim. No ataque, o Coritiba fez oito a partir de jogadas aéreas, e o Cuiabá levou metade pelo alto e metade por baixo. O Cuiabá é o quinto pior mandante (5 V, 8 E, 5 D, 43%), com o pior ataque caseiro (15 gols, 0,83) e a quinta melhor defesa (14 gols sofridos, 0,78). Não sofreu gol em seis dos 18 jogos em casa (33%), décima marca. O Coritiba é o pior visitante (1 V, 2 E, 15 D, 9%), com o terceiro pior ataque (13 gols, 0,72) e a pior defesa forasteira (42 gols sofridos, 2,33). Só não levou gol em um dos 18 jogos fora (6%), pior marca defensiva.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Athletico-PR

 

Em 13 jogos com este mando pela Série A desde 2006, o Athletico-PR venceu nove, e o Botafogo, dois. Nesta reta final, o Athletico-PR vinha atuando com um time titular com média de idade cerca de três anos menor que a do Botafogo, que, no entanto, rejuvenesceu seu time nas últimas rodadas. Com média de idade de 26 anos, a equipe do Athletico-PR vem sofrendo uma queda na força defensiva, com os adversários finalizando com potencial para marcar 1,8 gol por jogo. O nível de ameaça defensivo do Botafogo vem variando e está em 1,5 gol por partida. O Athletico-PR é o quinto melhor mandante (10 V, 6 E, 2 D, 67%). Não sofreu gol em sete dos 18 jogos (39%), oitava marca. O Botafogo é o segundo melhor visitante (9 V, 4 E, 5 D, 57%), com o segundo melhor ataque (23 gols, 1,28). Não levou gol em cinco dos 18 jogos fora (28%), quinta melhor marca.

 

Metodologia

 

Favoritismos apresenta o potencial que cada time carrega no Brasileirão 2022 comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e nos últimos seis jogos, independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira por serem cobranças feitas diretamente para o gol.

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 92.770 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.779 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

Favoritismos apresenta também gráficos com a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe. A linha amarela mostra a diferença entre as produções dos ataques do time analisado e de seus adversários.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Leonardo Martins, Roberto Maleson e Valmir Storti. (Espião Estatístico/GE)