Favoritismos apresenta o potencial que cada time carrega para a rodada #10 do Brasileirão comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e também nos últimos seis jogos independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 76.147 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.125 jogos de Brasileirões desde 2013 que servem de parâmetro para a produtividade atual de cada equipe.
O atual líder do campeonato, Bragantino, é considerado amplamente favorito à vitória diante do Cuiabá, no jogo desta quarta-feira no estádio Nabi Abi Chedid, no interior paulista. Confira as projeções:
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Santos
O melhor mandante dos últimos dois meses recebe o segundo melhor visitante. Em campo a melhor defesa caseira (média de 0,13 gol sofrido por jogo) e a melhor defesa visitante (0,50). Na história, 14 jogos desde 2006 pela Série A com este mando com 13 vitórias do Santos e um empate. Para enterrar esse tabu, o Athletico-PR conta com o ataque visitante mais preciso deste Brasileirão, com um gol marcado a cada 4,1 finalizações e uma média de 9,3 finalizações por partida. Para escrever um novo capítulo de domínio santista, a defesa mandante mais resistente do campeonato, que só sofreu um gol em 35 finalizações contrárias. É ainda a segunda defesa mandante que menos permite finalizações de visitantes, apenas 7,0 por jogo. O Athletico-PR vem de duas partidas superando defesas muito organizadas (Fluminense e Fortaleza).
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Fortaleza
Dos últimos quatro jogos do Fortaleza, três foram como visitante e perdeu dois, mas em casa não perde desde 23 de março.Foram nove vitórias do Fortaleza e cinco empates. O América-MG está invicto com o técnico Vagner Mancini e em quatro jogos, venceu dois (Bahia e Santos). Porém a equipe segue levando gol aéreo. Sem contrar pênaltis e faltas diretas, dos últimos 15 gols que o América-MG sofreu, nove (60%) foram com bolas viajando pelo alto, principalmente cruzamentos. Com Mancini caiu para 50%. O Fortaleza tem a quarta maior média mandante de gols a partir de bolas aéreas nos últimos dois meses, mas como tem o segundo ataque mais positivo (2,56 gols por jogo em casa), a influência aérea ofensiva é apenas a oitava (42,9%).
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Bahia
Uma vantagem para o Bahia é o Juventude ser o terceiro visitante com menor média de gols em bolas aéreas, assunto sensível para a defesa baiana desde a goleada sofrida para o Montevideo City Torque (2 a 4) com quatro gols em que a bola viajou pelo alto. Depois disso, o América-MG venceu em Salvador e também fez um assim. Seria bem mais natural ter gol aéreo do Bahia contra o Juventude: sem contar pênaltis e faltas diretas, dos últimos nove gols marcados pelo Bahia, em sete a bola viajou pelo alto, principalmente com cruzamentos de Nino Paraíba. O Juventude vem levando pelo alto metade dos gols que sofre. O ataque do Juventude fora de casa tem sido o quinto mais preciso, com um gol a cada 7,7 finalizações, mas a produtividade está baixíssima, a menor dos visitantes, com média de 5,8 conclusões por jogo.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Bragantino
O Bragantino vem sendo uma equipe bipolar, com sete vitórias e uma derrota nos últimos oito jogos fora de casa (88% de aproveitamento) e três vitórias, quatro empates e uma derrota nos últimos oito jogos em casa (54%). A expectativa é como será contra o Cuiabá, que não vence há oito jogos, com três derrotas. A defesa do Cuiabá está arrumada: meio de tabela quando o assunto é média de finalizações sofridas por partida (13) quando visitante no Brasileirão, é a terceira mais resistente a pressões, com média de um gol sofrido a cada 17, 3 tentativas. A boa notícia é que sem contar pênaltis e faltas diretas, na temporada levou 14 gols e só dois pelo alto; a má é que o Bragantino em casa usa a bola rasteira. Foi assim em seis dos últimos sete gols.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Palmeiras
O Palmeiras é muito dominante na Série A quando mandante nesse confronto de 2006 para cá: venceu sete e perdeu apenas três vezes em 14 jogos, mas o Grêmio ganhou em 2019. A equipe paulista vive melhor momento, tanto que o Grêmio dispensou o técnico Tiago Nunes após a rodada passada. O Palmeiras está com o ataque mandante mais preciso do Brasileirão, com um gol a cada 7,0 finalizações, e o terceiro mais produtivo, com média de 15,8 conclusões por partida. Mudança de técnico mexe com “o grupo”, e terá de ser algo muito grande para reverter o quadro porque o Grêmio está levando no campeoanto um gol fora de casa a cada 5,2 finalizações contra, segunda menor resistência visitante, mas pelo menos vinha sendo o terceiro visitante que menos permitia finalizações adversárias, com média 10,3 por partida.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Atlético-MG
De 2006 para cá foram 14 confrontos com este mando pela Série A, e o Flamengo venceu apenas dois (em 2009 e em 2018). O Atlético-MG venceu sete. O clube coloca muita energia nessa partida, que deve ser um jogaço: se o time mineiro está com média de um gol a cada 7,9 finalizações, a quinta maior precisão mandante, a defesa carioca, é a quarta mais resistente entre os visitantes, com um gol sofrido a cada 17 conclusões. Evidentemente, o Flamengo tem um imenso potencial para surpreender o rival, ainda mais se reforçado pela volta de Arrascaeta. A equipe tem três gols em contra-ataque no Brasileirão (segundo melhor desempenho), mas dois quando mandante, e o Atlético-MG já sofreu três assim (terceiro pior desempenho defensivo), um quando mandante. O Flamengo vem com média de 1,0 gol por jogo quando visitante, e essa é a média de gols sofridos pelo Atlético-MG em casa na competição.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Atlético-GO
O Sport sofre com a baixa produtividade ofensiva, com média por volta de 8,5 finalizações por partida em casa e fora. Entre os mandantes, é a menor produção; entre os visitantes, a sexta menor. Pior, a eficiência é baixa, a sétima menor entre os visitantes (um gol a cada 14,3) e a segunda pior entre os mandantes (um a cada 34 tentativas). Para piorar, enfretnará a segunda defesa mandante mais resistente, que sofreu um gol em quatro jogos e 31 finalizações. Sem contar pênaltis e faltas diretas, o Sport usou bolas aéreas para marcar cinco dos últimos sete gols. Em 15 jogos em casa, quatro pelo Brasileirão, o Atlético-GO só levou dois gols pelo alto, nenhum na Série A. É futebol e tudo pode acontecer, mas o Atlético-GO está mais eficaz.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Fluminense
A vantagem do Fluminense sobre o empate está nas casas decimais (35,9% x 35,6%). Depõe contra o Ceará ter a terceira pior eficiência ofensiva visitante, com um gol a cada 20,5 finalizações, e produtividade de meio de tabela (10,3 finalizações por partida fora de casa). Além de o Fluminense ainda não ter perdido com o mando de 2006 para cá pela Série A em cinco jogos, o time carioca vem cheio de confiança após derrotar o Flamengo, em São Paulo (desta vez a partida será em São Januário). A tendência é o Ceará encontrar dificuldades porque é o terceiro time com maior média de finalizações em contra-ataques (2,0 por jogo) e o que mais carrega com cartões amarelos (16) os adversários que matam contragolpes com faltas. Em quatro jogos em casa, o Fluminense só sofreu duas finalizações em contra-ataques. Em nove jogos no agregado dos mandos, só levou três cartões por matar contragolpes com faltas.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Internacional
O Internacional é o pior mandante dos últimos dois meses (25% de aproveitamento), e o São Paulo é segundo pior visitante (19%). A equipe paulista é visitante difícil para o Inter, com cinco vitórias para cada lado em 14 jogos pela Série A de 2006 para cá, mas nesta temporada, não vence há 11 partidas como visitante. O campeão paulista ainda não fez gol como visitante no Brasileirão após cinco jogos e 40 finalizações. O gol a seu favor foi contra. É a pior eficiência do Brasileirão, e ainda é o segundo visitante de menor produtividade, com média de 8,0 finalizações por partida fora de casa. Quem sabe desta vez, porque a defesa gaúcha tem a terceira menor resistência mandante: sofre um gol a cada 6,5 conclusões. A diferença a favor do Inter é que a equipe gaúcha pelo menos está fazendo gol.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Empate
O Corinthians é um visitante pra lá de indigesto para a Chapecoense, que venceu um jogo e perdeu cinco quando teve o mando dessa partida pela Série A de 2006 para cá. Em qualquer outro esporte não se esperaria nada da equipe de Chapecó, que tem a pior eficiência mandante do Brasileirão com um gol marcado após 35 finalizações em quatro jogos em casa e a segunda menor produtividade mandante, com média de 8,8 finalizações por jogo quando mandante. O Corinthians, por sua vez, fora de casa levou apenas dois gols em quatro partidas suportando em média 23 finalizações para cada gol, maior resistência visitante. Como no futebol tudo é possível, a defesa corintiana precisará de atenção ao jogo aéreo: sem contar pênaltis e faltas diretas, a Chapecoense marcou pelo alto cinco de seus últimos seis gols e dez dos últimos 14. Dos últimos cinco gols que o Corinthians sofreu, quatro nasceram em jogadas aéreas.
Resultado
Favoritismos acertou 37 dos 86 jogos analisados, aproveitamento de 43%.
Metodologia
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 76.147 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.125 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.
Para esta edição do Brasileirão, o desempenho de um jogador passa a ser comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e passamos também a considerar o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. A partir da rodada #11, apresentaremos a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, que é representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo período de tempo (o jogo). Abaixo, apresentamos a chance estatística que cada equipe tem de terminar o Brasileirão em determinada posição. Para chegar a essas previsões, foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
Chances em 5 de julho de cada equipe terminar em cada posição ao final do Brasileirão — Foto: Bruno Imaizumi/Espião Estatístico
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Gustavo Figueiredo, Leandro Silva, Mateus Pinheiro, Roberto Maleson e Valmir Storti. (Favoritismo/Globo Esporte)