RODOLFO EDSON DE FRANCO PIMENTEL
O alcoolismo é um problema muito sério e com uma dificuldade imensa para se resolver.
A sociedade enxerga o consumo de bebida alcoólica frequentemente como algo “normal”, algo inofensivo. Longe disso.
O fato de o vício ser considerado uma “fraqueza” leva a maioria das pessoas a tratarem a situação de forma jocosa ou irreverente, por não conseguirem combater o problema.
Existem tratamentos variados para este problema e, na área médica, nós dizemos que “quando existem muitos tratamentos diferentes é porque nenhum é muito eficaz”.
Quando falamos em tratar dependentes, vem à mente, na maioria das vezes, a ideia imediatista de recomendar remédios para solução do problema; porém quando falamos de dependência, falamos de dependência física, emocional e psíquica que se confundem entre si.
Ao falarmos de pacientes dependentes químicos, estamos falando da necessidade de terapias já que os medicamentos não recuperam pessoas. Apenas ajudam de forma pontual no tratamento de casos e situações agudos.
A terapia do protocolo utilizado no AA traz uma resolução definitiva para casos de dependência química, mostrando que os remédios não são os instrumentos mais eficazes. O segmento constante dos dependentes ao longo de toda a vida mostra que como em praticamente todas as terapias psiquiátricas, é necessário um acompanhamento permanente, sem tempo definido, sem “alta médica”, sem conclusão do tratamento, já que é uma doença da alma e não de um órgão físico específico, caracterizando uma condição muito complexa de tratamento.
A visão holística da família com busca de esclarecimento em relação a necessidade de apoio aos dependentes traz uma ideia dessa complexidade necessária para tratar os casos. O Al-Anon e o Alateen são estruturas maravilhosamente pensadas, com um benefício imensurável na visão do tratamento de dependentes. Não preciso ser alcóolatra para conhecer sobre a doença; posso fazer isso antes da doença se manifestar (Alateen) e posso ter conhecimento do problema do cônjuge sem ter que experimentar o problema na pele (Al-Anon).
Mesmo sendo médico e tendo em minha vida vários parentes e amigos maravilhosos que são vítimas dessa mazela, entendo que a terapia do AA se apresenta como ponto decisivo e indispensável para o tratamento de dependentes.
(*) RODOLFO EDSON DE FRANCO PIMENTEL é médico, com especialidade em cirurgia geral e cirurgia oncológica.
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