O procurador de Justiça, Domingos Sávio Barros de Arruda, do Ministério Público Estadual (MP-MT)
endossou a denúncia do prefeito eleito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), de que há envolvimento da facção
criminosa Comando Vermelho (CV) com vereadores eleitos para a próxima legislativa. Ele reforçou, por meio de vídeo em seu Instagram, nesta terça-feira (12), que o crime organizado se mobiliza em todo o Brasil para se “embrenhar” nas estruturas da administração pública.
“Eu já disse aqui, há tempos atrás, que o crime organizado vinha se mobilizando em todo o Brasil para se embrenhar nas estruturas da administração pública em geral. Os líderes das organizações criminosas, a exemplo do que ocorre em outros países, se convenceram de que é importante para os seus negócios
estender tentáculos nas entranhas dos poderes e instituições do Estado e ter ali pessoas que os representam e atendam aos seus interesses, como por exemplo a elaboração de leis que o favorecem, imunidades tributárias e isenções fiscais para os seus empreendimentos”, exemplificou o procurador.
Na última semana, Abilio acusou a facção criminosa de querer eleger o próximo presidente do parlamento e por isso indicou a vereadora eleita Paula Calil (PL), irmã de seu coordenador de campanha e deputado estadual, Faissal Calil (Cidadania) ao cargo. Domingos Sávio disse que não ficou surpreso com a denúncia feita pelo político.
“A denúncia feita pelo Abilio não surpreende na medida em que é notória a movimentação das organizações criminosas visando ocupar espaços da administração pública. Isso, aliás, pode ser apontado como uma característica do crime organizado. No entanto, a denúncia é preocupante quando aponta incisivamente, de maneira tão taxativa, que existem vereadores eleitos em Cuiabá, graças ao apoio dessas organizações, e que elas buscam agora influenciar na definição da Mesa Diretora da Câmara Municipal”, destacou.
Ainda segundo o membro do MP, o deputado federal não acusou de forma ‘leviana’ e também não é um mero ‘discurso político’, uma vez que isso seria crime. Além disso, se reuniu com o secretário estadual de Segurança Pública, César Augusto Roveri, e apresentou as informações que dão suporte às suas denúncias e que cabe agora à Polícia Judiciária Civil (PJC) investigar o caso. “Certamente a denúncia do prefeito eleito não é leviana e nem pode ser rotulada como mero discurso político até porque seria lamentável que o discurso, o debate e o confronto político atingisse esse nível de baixeza e se não tivesse embasamento a conduta do deputado Abilio constituiria até crime. Por conta disso tudo, devemos ter como idônea e verossímil a acusação feita por ele”, alertou.
(Folha Max)