O Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central, considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), registrou expansão de 3,8% em 2024 na comparação com o ano anterior, informou a instituição nesta segunda-feira (17).
Com o crescimento registrado no último ano, o indicador do BC mostra aceleração da economia em relação a 2023, quando houve uma expansão menor: de 2,7%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. O IBC-Br, indicador do BC, tem um cálculo diferente (veja mais abaixo nessa reportagem).
O resultado oficial do PIB de 2024 será divulgado somente em 7 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2023, o PIB registrou um crescimento de 3,2%.
O Ministério da Fazenda estimou, na semana passada, uma expansão de 3,5% para o PIB de 2024, que é a mesma projeção do BC para o crescimento da economia no último ano.
Apesar da forte expansão em 2024, o indicador de atividade do Banco Central registrou queda de 0,73% em dezembro do ano passado. Foi o maior recuo mensal desde maio de 2023.
Atividade tem surpreendido, mas analistas veem desaceleração em 2025
O ritmo de crescimento da economia brasileira tem mantido o dinamismo e surpreendido os economistas nos últimos trimestres.
- No início de 2024, a projeção do mercado financeiro era de uma expansão de 1,6% para o PIB no ano passado.
- Na semana passada, a expectativa dos economistas dos bancos já havia subido para uma alta de 3,5% para o PIB de 2024.
O BC informou no fim de janeiro que a atividade econômica, a despeito da política monetária contracionista (alta dos juros), surpreendeu positivamente e manteve dinamismo ao longo dos últimos trimestres,
“Em particular, o ritmo de crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo [taxa de investimentos] evidencia uma demanda interna crescendo em ritmo bastante intenso. Tal como em análises anteriores, o Comitê avalia que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito amplo tem dado suporte ao consumo e à demanda agregada”, informou o BC, na ata da última reunião do Copom, quando os juros subiram.
O mesmo tom foi usado pelo Ministério da Fazenda, que avaliou, na semana passada, que o ritmo de crescimento surpreendeu mais uma vez em 2024. E citou os seguintes indicadores:
- O desemprego atingiu patamar histórico mínimo em cenário de expansão da população ocupada e força de trabalho;
- Houve aceleração no ritmo de expansão das concessões de crédito;
- Pela perspectiva da demanda, o crescimento do consumo e o ritmo de recuperação dos investimentos foram surpresas positivas, contrabalanceando a contribuição negativa vinda do setor externo;
- Do lado da oferta, a expansão da indústria e dos serviços mais que compensou o recuo na atividade agropecuária em 2024;
- Na indústria, o crescimento foi impulsionado pela recuperação da transformação e da construção;
- A aceleração no ritmo de crescimento do setor de serviços refletiu o crescimento das atividades de comércio, informação e comunicação e dos serviços prestados às famílias.
Para este ano, entretanto, o cenário projetado pelos analistas é de desaceleração do ritmo de crescimento da economia, sobretudo por conta do processo de alta dos juros (para conter a inflação) que vem sendo implementado pelo Banco Central nos últimos meses.
Outro fator que atua para conter o crescimento são as incertezas no cenário internacional, por conta de tensões comerciais decorrentes da política adotada pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
PIB x IBC-Br
Os resultados do IBC-Br são considerados uma “prévia do PIB”. Porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do Produto Interno Bruto.
O cálculo dos dois é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.
Com as projeções de inflação acima da meta central neste e nos próximos anos, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou na semana passada que o BC está monitorando os indicadores mais recentes de atividade para ver se os dados confirmam uma desaceleração da economia.
Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano. O BC já subiu os juros em quatro oportunidades seguidas, e indicou uma nova alta para março, quando a taxa básica da economia atingirá, se confirmado, 14,25% ao ano.