O projeto de lei que autoriza a caça de animais em Mato Grosso foi retirado de pauta a pedido de seu autor, o deputado estadual Gilberto Cattani (PL). O texto deveria ser apreciado em primeira votação na sessão desta quarta-feira (17).

O pedido para retirada foi feito na tarde desta terça-feira (16) durante a reunião da Comissão de Meio Ambiente da Casa, em que foi lido o parecer sobre o texto.

Após intensa discussão entre os parlamentares, e vendo que iria ter parecer negativo, Cattani decidiu retirar o PL de pauta.

“Era visto que iríamos perder devido a várias ideias negativas sobre o projeto, que não são verídicas, e nós iríamos perder aqui. Então, pedimos a retirada para discutirmos melhor o projeto e tenhamos uma chance de comprovar que o projeto é ótimo”, afirmou o Cattani.

Com isso, o parlamentar apresentará proposta para que seja realizada uma audiência pública na próxima terça-feira (23) para debater o assunto com a sociedade.

Deste modo, produtores rurais e CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores), bem como entidades da defesa animal irão participar do debate.

O presidente da comissão, deputado Carlos Avallone (PSDB), o vice Professor Allan Kardec (PSB) e membro Wilson Santos (PSD) se posicionaram contrários ao projeto.

“Quero convocar as entidades para que arregimente especialmente a juventude para acompanhar essa proposta que não vai passar. Mato Grosso não vai virar um mar de sangue dos seus animais. Pode ter certeza disso”, disse Wilson Santos.

 

O texto

O projeto de lei, apresentado em janeiro desse ano, permite o “exercício da caça esportiva de animais, compreendido em atos de perseguição, apanha e abate dos animais”.

Os objetivos da caça esportiva, apontados no PL, são o fomento para a prática do esporte; o aumento da interação entre homem e natureza; o controle populacional de espécies consideradas ameaças ao meio ambiente, agricultura e saúde pública; o incentivo à conservação e manutenção dos habitats; bem como a conservação de espécies ameaçadas de extinção.

Assim, Catanni argumenta que Mato Grosso pode ser beneficiado com a aprovação da caça, como ocorreu com os Estados Unidos, Austrália, Alemanha, França e Argentina, onde a prática é regulamentada.

Ele ainda apontou que, atualmente, apenas o javali tem a caça permitida no Brasil. E o classifica como espécie “exótica, invasora, com grande poder reprodutivo” e que “tornou-se um problema no Brasil”.

A possibilidade de apreciação do texto foi alvo de críticas na internet e até da ativista da causa animal Luisa Mell. “Que esporte? Vocês matam porque são cruéis”, disse a ativista ao pedir para que o projeto não seja aprovado.

Fonte: MidiaNews