Cinco membros do Comando Vermelho foram presos na manhã desta terça-feira (24), durante a Operação Kalýpto , que investiga as mortes brutais de 4 maranhenses que vieram trabalhar em Cuiabá no ano de 2021. Delegado Caio Fernando Albuquerque classificou os suspeitos como ‘pessoas de alta periculosidade’.
De acordo com Albuquerque, dos 5 presos, dois já estão encarcerados na Penitenciária Central do Estado (PCE) por outros crimes cometidos e 3 estão na sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Dois deles já usavam tornozeleira eletrônica. Ao menos 3 estão foragidos.
Entre os presos estão: Cleiton Ozorio Carvalho Luz, o ‘Mané’, de 38 anos; Cleison Thiago Xavier dos Santos Luz, de 23 anos; Igor Augusto da Silva Carvalho, o ‘Barbudo’, de 27 anos; Marcelo Wagner Cruz de Oliveira, o ‘Índio’, de 34 anos e Vinícius Barboza da Silva, o ‘Melancia’, de 28.
Dos foragidos, apenas dois foram identificados, sendo eles: Leondas Almeida de Jesus, ‘Léo Maconha’, de 25 anos e Gabriel Ítalo da Silva Costa, o ‘Torto’, de 28 anos.
“São pessoas de alta periculosidade, frias. Verdadeiros serial killers que podem ter matado tantas outras pessoas em Cuiabá e nas adjacências”, disse o delegado responsável pelo inquérito que investiga as mortes de Tiago Araújo, 32 anos, Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos, Geraldo Rodrigues da Silva, 20 anos e Clemilton Barros Paixão, 20, desaparecidos em maio de 2021.
Para o delegado, trata-se de um caso seríssimo e preocupante, já que “mostra o poder das facções e até que ponto os faccionados chegam para mostrar domínio territorial”. Crime foi ordenado após o CV acreditar que as vítimas eram membros da facção rival deles. Das vítimas, apenas uma tinha registro criminal e pontecial para ter sido faccionado no Maranhão.
Investigação apontou que os homens foram levados do conjunto de quitinete em que moravam para um local ermo. Lá, passaram pelo ‘tribunal do crime’, inclusive com a participação de lideranças da facção que estão na cadeia. Depois, com o argumento de que pertenciam à facção rival, foram mortos.
Mas, as mortes aconteceram de forma brutal. Delegado cita que vítimas foram decapitadas, tiveram os dedos cortados, levaram tiros na cabeça e depois os corpos foram ocultados. Apesar de vasta investigação, os policiais ainda não conseguiram encontrar os restos mortais das vítimas.
“Não temos os corpos, mas nem por isso a polícia ficará inerte. Pessoas estão sendo presas e processadas. É uma conversa fiada de que sem corpo não há crime. Há sim e por isso os mandados foram cumpridos”, destacou Caio, que conta com denúncias da população como apoio na investigação.
Famílias ‘expulsas’ de Cuiabá
Delegado lembrou que, durante a investigação, passou ao menos 3 dias no Maranhão ouvindo familiares das vítimas, que são pessoas humildes e vieram para Cuiabá buscando trabalho e melhoria de vida.
Depois do crime, eles sofreram ameaças dos faccionados e se viram obrigados a irem embora da cidade, com medo de novas mortes. “Os depoimentos foram harmônicos, tudo que eles falaram batem. São pessoas lúcidas e verdadeiras”.
Albuquerque destacou ainda que mães e irmãs choram, por não terem condição de emprego e ao lembrar que, além de terem os familiares mortos, sofrem com a vida que levam no Maranhão. “Lembram que poderiam estar com uma vida melhor aqui”.