Depois de aceitar a proposta de 7 milhões de dólares (quase R$ 40 milhões) do Al Hilal, da Arábia Saudita, por Soteldo, o presidente do Santos, Orlando Rollo justificou em um áudio enviado a torcedores a necessidade de vender o atacante. O jogador ainda não aceitou.

O dirigente disse que precisa vender Soteldo para conseguir pagar salários dos demais jogadores do Santos. Vale lembrar, também, que o Peixe precisa pagar o Huachipato, do Chile, pela contratação do próprio atacante, e o Atlético Nacional, da Colômbia (pela compra de Felipe Aguilar, hoje no Athletico), para poder voltar a contratar.

– Não temos nenhum recebível substancial até o fim do ano. Não temos dinheiro no caixa para pagar salário de novembro e dezembro. Ou negociamos Soteldo por US$ 7 milhões ou daqui a dois meses, no máximo, sem pagar salários e imagens, ele sai de graça. Ele e outros jogadores. Vamos perder todo mundo de graça. Não acho que é um valor justo, não, mas é a proposta que tem – disse Orlando Rollo.

Apesar de Soteldo ainda não ter aceitado a proposta salarial do Al Hilal, o presidente disse já ter conversado com o técnico Cuca sobre a negociação.

– Conversei com o professor Cuca, que fazia questão do Soteldo, mas ele entendeu. Mostrei as contas, e ele concordou na hora. Ou vende ou não pagamos salários. A gente espera com esse valor pagar Huachipato e Atlético Nacional. Temos que pagar dívidas – completou.

Em outro trecho, Rollo diz que ainda está tentando encontrar opções para segurar Soteldo até fevereiro de 2021, mas que, neste momento, “a situação de hoje é a venda”.

Vale lembrar que, se Soteldo aceitar os valores oferecidos pelo Al Hilal, a negociação ainda será votada pelo Conselho Deliberativo do Santos nesta quarta-feira.

Orlando Rollo, presidente em exercício do Santos — Foto: Eduardo Valim

Leia, abaixo, a íntegra do áudio de Orlando Rollo:

“Aos amigos da Associação Terceira Via Santista de Guarulhos, amigos associados, torcedores do Peixe. Vou tentar ser breve sobre essa situação do Soteldo, que é muito incômoda. A maioria me conhece há muitos anos. O Orlando Rollo torcedor quer que o Soteldo fique, é peça fundamental no nosso time e sou fã como jogador, joga muito. Mas o Rollo gestor tem que pagar as contas, gerir o clube com seriedade e trazer credibilidade no mercado. Temos que pagar as contas.

O ex-presidente afastado, que me recuso a citar o nome, antecipou todas as receitas do ano. Não temos nenhum recebível substancial até o fim do ano. Não temos dinheiro no caixa para pagar salário de novembro e dezembro. Ou negociamos Soteldo por 7 milhões de dólares ou daqui a dois meses, no máximo, sem pagar salários e imagens, ele sai de graça. Ele e outros jogadores.

Vamos perder todo mundo de graça. Não acho que é um valor justo, não, mas é a proposta que tem. Essa é a pior janela. Só está aberta para o mundo árabe. É a proposta que temos. E não é muito diferente do Atlético-MG, quando ofereceram 12 milhões de dólares. A taxa cambial naquela época valia 50 milhões de reais. Hoje 40 milhões de reais. Houve desvalorização em período de um ano também. Não tem grande diferença. Ou a gente vende agora ou não temos como pagar salários mês que vem.

Conversei com o professor Cuca, que fazia questão do Soteldo, mas ele entendeu. Mostrei as contas e ele concordou na hora. Ou vende ou não pagamos salários. A gente espera com esse valor pagar Huachipato e Atlético Nacional. Temos que pagar dívidas, temos que sair da questão da Fifa. Temos que tirar o Santos da proibição de registrar jogadores.

Eu vou tranquilizar vocês: estou vendo opções para ele ficar até fevereiro. Nada está descartado, estamos correndo para outros caminhos. Mas a situação de hoje é a venda. Ou vendemos ou não pagamos as contas. Não vou mentir para torcedor. Tenho que ser realista. Ou vendemos Soteldo ou perderemos ele e outros atletas. Deixaram Santos em situação de penúria. Temos que pensar com a cabeça e com o cérebro, e não com o coração. Tenho que ser gestor e não torcedor neste momento.”  (Globo Esporte)